No reflexo vejo um rato, vivendo como num carrossel
Sujo, desprezado, correndo e dançando em círculos
O sorriso como um véu de renda, frágil e usado apenas para agradar a quem observa
Baseiam seus medos em anjos e demônios, logo culpam a mim suas maldades
A utilidade do ato de bondade se perde em meio ao caos que me cerca. Caos que a ti cerca. Caos que nos cerca.
Cercas, muralhas, muros, paredes
É o que querem, é o que precisam
Precisam de proteção do que os representa, precisam moldar a sua representação
Compre isso, use aquilo; eles falam, eles ordenam
Eu corro,
Corro de meus erros, de seus olhares, de suas falácias perversas, de minhas percepções errôneas
Fujo de mim mesmo e ainda assim, essa nuvem tempestuosa me persegue como um gato segue o rato
Sou um rato,
Sou errado, mal criado, padronizado
Meu pelo já não agrada a outros, meu zelo já não protege nem a mim
Não, esqueça isso
Estou bem, sempre estive, sempre estarei
Quando me aquieto é para pensar em coisas boas
Sou um bom garoto. Sou um bom pensador. Sou um bom e feliz rato.
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Recanto limitado
PoesiaTransbordar: 1. Sair para fora das bordas ou dos limites 2. Estar muito cheio 3. Não caber em si; não se poder conter