Capítulo 12 - Ventos favoráveis ou quase isso

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A queda era realmente longa, Beckett esperava estar errado, mas tinha a certeza quase absoluta de que estavam naquela viagem interminável a mais de dez horas

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A queda era realmente longa, Beckett esperava estar errado, mas tinha a certeza quase absoluta de que estavam naquela viagem interminável a mais de dez horas.

Ele podia estar errado, era difícil dizer ao certo quando só o que se tinha a sua volta era a mais pura escuridão e silêncio. Kol não estava por perto pelo que parecia e logo a monotonia da situação começou a bagunçar a noção que tinha de tempo e espaço.

— Talvez eu tenha me enganado e acabei nos jogando no limbo existencial. — Disse, sem se importar de estar falando sozinho.

Então um clarão azul explodiu abaixo de seus pés e a escuridão deu lugar a um céu claro e cheio de nuvens. Abaixo de si, águas cristalinas de uma praia.

Beckett mal teve tempo para se preparar para a queda.

Acertou a água com um choque violento que chacoalhou cada um de seus ossos. Sua consciência começou a abandoná-lo e mesmo sabendo que se afogaria se não tentasse nadar para a superfície ele simplesmente não conseguiu se mexer.

Alguma coisa o segurou pelos braços e puxou para cima. Morrer afogado ou devorado por alguma criatura do mar, qual seria uma maneira mais patética de morrer?

O gosto de água salgada presa na garganta fez Beckett despertar em desespero. Cuspiu litros de água para fora e, exausto, se deixou deitar na areia.

De alguma forma ele havia saído do fundo do mar e se arrastado para aquela praia. Pelo canto do olho viu Kol sentado à seu lado, tentando recuperar o fôlego. Isso explica como cheguei aqui.

— Acho que estamos quites, agora. — Kol disse quando percebeu que ele o olhava. — Mas se disser a alguém que fiz boca boca a boca em você, eu nego.

Beckett sentou e riu daquilo.

— Já fiquei com caras em situações mais esquisitas. Você nem entra na minha lista de os dez mais. Mesmo assim, obrigado pela ajuda. — Disse e então olhou a sua volta.

A trilha da praia seguia por um monte de onde se via o começo de uma floresta. O sol estava em seu ponto mais alto no céu e brilhava com muita força, mas não fazia calor ali. A temperatura era amena e muito agradável. Agora que não estava se afogando, podia admitir que a praia cristalina era um pedaço do paraíso na terra.

— Tem alguma coisa chamando por mim aqui, posso sentir isso. — Kol disse, olhando na direção da floresta.

— É claro que tem. — Beckett se levantou e limpou a areia de suas roupas molhadas.

Kol também ficou de pé e começou a seguir em direção a mata acima deles. Diferente da floresta negra aquele lugar era quase um parque. Trilhas bem desenhadas marcavam o caminho, quase como se tivessem sido feitas pelo homem. Pequenos animais observavam os dois, sem ficar em seu caminho.

Beckett procurou um cigarro na jaqueta apenas para constatar que estavam todos encharcados e inúteis. Maravilha.

— Está ouvindo isso? — Kol perguntou e fixou o olhar em um ponto bem a frente do caminho que seguiam.

A FILHA DO FOGO: TUDO QUEIMAOnde histórias criam vida. Descubra agora