Capítulo 1

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Pov's Orochi

  Depois de acordar e ir ao banheiro, eu vou para a cozinha comer alguma coisa. Chegando lá eu vejo Bruna fazendo comida. A abraço por trás e beijo seu pescoço.

  - Bom dia - falo mas ela não me responde. - Ainda tá puta? - reviro os olhos.

  - O que você acha? - fala debochando. 

  - Sabe que isso é desnecessário né? - saio de perto dela e vou preparar meu café da manhã que nem era tão de manhã assim já que já se passavam das 12h.

  - Desnecessário? - se vira pra mim. - É você quem não aproveita o tempo que tem com a gente! 

  - Porque eu trabalho Bruna.

  - Mas poderia pelo menos tentar - fala mais baixo e se vira continuando a fazer o que estava fazendo.

  - Eu tento Bruna, de verdade. Mas entenda que tudo que eu faço é por nós, eu me esforço para podermos viver bem.

  - É Flávio, mas viver bem não é só ter dinheiro - suspiro e me retiro da cozinha. 

  Eu sabia que ela não estava bem, sei disso desde que nossa filha morreu no parto. Bruna vivia mal se culpando e acreditando não ser uma boa mãe, e isso me deixava triste e preocupado com o Eduardo. Eu faço de tudo por eles mas isso acaba me custando tempo e não consigo ficar com eles como eu ficava antes. Ultimamente têm tudo estado mais agitado; shows, músicas novas, clipes, viagens... Só queria que Bruna entendesse.

  - Papai! - Eduardo corre em minha direção e eu me abaixo para abraçá-lo. Ainda era difícil pra mim essa coisa de ser pai, mas até que eu levo jeito.

  - Iai filhão - o pego no colo. - Cê tá pesado hein - rio.

  - Não tô não! - cruza os braços e faz cara feia.

  - Não me olha assim - ele continua me olhando mas agora com um olhar travesso. - Não vai parar? - ele faz que não e eu sorrio. - Então tá bom - jogo ele no sofá com cuidado para não machucar e começo a fazer cócegas. Aquela risada gostosa de criança invade meus ouvidos e aquilo me deixa feliz.

  - Para! Para! - ele dizia sem fôlego em meio às risadas.

  Paro de fazer cócegas nele e me sento ao seu lado no sofá, logo Eduardo vem se sentar no meu colo com uma cara de quem queria mais. Abracei ele forte e fiquei mordendo o mesmo sem força para não machucar enquanto o ouvia gargalhando. Depois de vários ataques de risos ele disse que tinha uma coisa para me mostrar e foi buscar, quando olhei para o lado Bruna estava encostada na parede com um sorriso na cara. Chamei ela e me surpreendi quando a mesma veio e se sentou no meu colo.

  - Desculpa nega, vou tentar ser mais presente.

  - Você sempre fala isso - revira os olhos. 

  - Você sabe que é tudo muito corrido agora.

  - Flávio, chega por favor. Não quero mais discutir com você.

  Ela fazia um carinho em minha nuca e aquilo era bom. Me aproximei devagar e a beijei, estava com saudade disso. Quando ela se recuperou da perda da nossa filha, ficávamos discutindo por tudo e isso não me dava chance de beijá-la e muito menos de transar; volta e meia isso acontece, como aconteceu ontem quando tive um imprevisto e não pude voltar pra casa à tempo de ver filme com eles. Não se passa muito tempo até meu celular começar a tocar atrapalhando nosso beijo, e eu atendo vendo a cara dela de tédio.

Eu - Fala.

Maquiny - Mano, sei que te canso mas preciso da sua ajuda, aconteceu uma parada muito estranha comigo.

Eu - Pode esperar não?

Maquiny - Não, eu disse pra Amanda que eu só ia dar um passeio.

Eu - O bagulho é sério então, pra esconder da mina - rio.

Maquiny - O bagulho pode ser sério até demais Flávio.

Eu - Eita. Cê podia pelo menos ter inventado uma mentira melhor né.

Maquiny - Não enche! Vem ou não?

Eu - Marca um dez.

Maquiny - Te passo minha localização.

  Ele desliga e Bruna sai do meu colo toda bruta e assim pude perceber que ela de novo estava puta. Vou pro meu quarto trocar de roupa e depois vou me despedir do meu filho.

  - Filhão, papai vai sair mas já volta. Se comporta - ele fica com uma carinha triste mas não faz mais nada além de me abraçar. 

  - Isso é pra você - me entrega um desenho. Beijo o topo da cabeça dele e me levanto guardando o desenho no bolso e indo até a cozinha sabendo que Bruna estaria lá.

  - Vou voltar. Não fica bolada comigo por favor Bruna - me ignora. Beijo seu rosto e saio de casa indo encontrar o Bruno.

Pov's Bruna

  Tudo que eu queria era ver minha família reunida todos os dias antes que qualquer outra tragédia acontecesse, mas Flávio não facilita. Sei que ele se esforça e que é mais ocupado agora, mas me faz falta o ter em casa sempre e poder ter sua ajuda. Eu acabo deixando a raiva e a decepção me controlarem quando ele está presente mas quando ele se vai eu fico triste e magoada por o ter longe de novo.

  O mundo me tirou mais um filho, dessa vez minha filha e ela morreu depois de ter complicação no parto. Eu não sei o que fiz para merecer isso, por que tenho que perder tanta coisa importante pra mim? Eu perdi meu primeiro filho por causa da minha mãe que eu também perdi e perdi minha filha, tenho medo de um dia perder Flávio e Eduardo e acabar ficando sozinha. É por isso que quero Flávio perto de mim, ele perto de mim eu não penso tanto nisso e aproveito o agora, mas ele não sabe disso porque não contei. Me sinto idiota em sofrer tanto por coisas do passado enquanto ele está trabalhando e fazendo o que ama. 

  Eu ainda o amo mas tenho medo que esse meu medo destrua nossa relação.

Continua...

MODE$TIA 2 [PARADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora