Capítulo 2

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Pov's Maquiny

  Marquei com Orochi em um bar perto da praça do Tanque, e lá estava eu o esperando enquanto olhava para meu carro. Sempre gostei de moto mas depois do acidente eu tive medo de matar mais alguém e decidi comprar um carro, ainda mais que tenho uma namorada e sempre tento sair com ela quando posso. É muito ruim ter trauma, medo de alguma coisa que você sempre gostou. Eu já tinha caído de moto antes obviamente mas nunca tinha chegado ao ponto de matar alguém por um descuido, agora eu não posso subir em uma moto que eu lembro da cena toda. Eu agora até estou conseguindo andar um pouco sozinho, mas andando com alguém eu vivo aquele desespero que vivia quando ainda era recente a morte da Fernanda. 

  Suspiro, passo as mãos no cabelo e troco o carro pelo celular enquanto espero pelo Flávio que já devia estar aqui. Amanda foi comprar alguma coisa e se eu chegar depois dela a mesma vai acabar desconfiando de onde fui, sendo que disse que só daria uma volta para espairecer a cabeça. Não quero preocupá-la mais ainda, já não basta eu ainda pensar na Fernanda enquanto já estou namorando outra mina e sofrer por isso, ainda tenho que preocupá-la com um idiota que me ameaçou? Ela não precisa disso.

  Eu não precisava nem esperar para falar disso com alguém, era só ir na polícia e deixar que eles resolvessem, mas eu queria desabafar e jogar minhas dúvidas para alguém, e nada melhor que esse alguém ser seu melhor amigo. Eu ainda não fazia ideia de quem poderia ser, só não saía da minha cabeça que obviamente era alguém que conhecia a Fernanda. Para me ameaçar assim por eu ser um assassino tinha que ser né? Eu comecei a tentar descartar as pessoas mas percebi que não conheço quase ninguém da família dela e isso me complicou, só espero que não seja o pai dela que além de querer me bater por eu ter matado sua filha, ainda quer me bater por achar que eu quem fiz Márcia terminar com ele, eu quem fui o causador. Aquele cara é doente e fico feliz de não ter mais encontrado com ele desde então.

  Enquanto eu pensava o meu celular vibra indicando que havia chegado mensagem, eu o pego pensando ser Orochi mas vejo que era aquele desconhecido. Eu deixo o celular de lado com a decisão de não falar mais com aquela pessoa doida, mas a curiosidade fala mais alto e eu fui ler a mensagem.

[Desconhecido] Carro legal, gostei dele. Desistiu de motos?

  Fechei a conversa e comecei a olhar para os lados tentando achar alguém que mexia no celular mas praticamente todos faziam isso. Logo senti outra vibração do celular e dessa vez nem pensei em ignorar.

[Desconhecido] Fica tranquilo Maquiny, não vou fazer nada com você ainda. Mas abre teu olho.

  - Que cara é essa Bruno? - Orochi me assusta quando fala e se senta de frente pra mim.

  - Vamos sair daqui? 

  - O quê? Tá doido? Acabei de chegar - fico olhando para os lados. Eu estava tenso. - Bruno, qual foi?

  - Toma - entreguei meu celular pra ele com a conversa aberta. - Lê isso ai - enquanto ele lê faz vários expressões, depois me entrega o celular de volta e fica pensativo. 

  - Cê não faz ideia de quem seja?

  - Não né. E mesmo se eu soubesse, ia fazer o quê?

  - Falar com a polícia né Bruno! Pelo amor de Deus cara! - ele fica agitado. - Quem mais sabe?

  - Que eu saiba, só eu. Te contei porque não sei o que fazer e não queria que Amanda ficasse preocupada.

  - E o que você pretende fazer?

  - Sei lá, eu quero saber quem é.

  - E se não for ninguém que você conheça?

  - É provável que seja mas mesmo assim quero saber. Eu preciso saber.

  - Por quê?

  - Não sei Flávio, só preciso. 

  - Ok, mas sabe que isso pode ser perigoso né? - concordo. - Eu prefiro que você vá na delegacia e tente ver no que dá, mas se tu não quer... - ele me olha esperando que eu mude de ideia, mas isso não acontece. - Porra Bruno! Tá, continua conversando com ele, ela, seja lá quem for, e se piorar você vai na polícia. Combinado? - estende a mão.

  - Fechou - aperto a mão dele.

  - Agora, se alguma coisa acontecer você não diga que eu não avisei - reviro os olhos e ele ri.

Pov's Orochi

  Fiquei um bom tempo conversando com o Bruno, fazia tempo desde a última vez que conversamos. Ficamos tanto tempo bebendo e conversando que eu nem vi a hora passar, muito menos ele que só viu quando Amanda ligou preocupada. Nos despedimos e eu fui pra casa querendo chegar com meu filho ainda acordado, queria passar um tempo com ele antes de ir fazer show amanhã.

  Demorou mais do que eu esperava para chegar por conta do trânsito, não aguentava mais essa merda. Quando eu cheguei a casa estava apagada a não ser pela lâmpada da cozinha e do corredor que vivem acesa. Fui para o meu quarto e consegui ouvir barulho de chuveiro e uma música baixa tocando, sabia que era Bruna tomando banho. Me deu vontade de tirar minha roupa e me juntar à ela no banho, mas sabia que ela ainda estava bolada comigo e se eu fizesse o que quero não daria bom. Me deitei na cama e fiquei mexendo no celular enquanto esperava ela terminar.

  - Pensei que demoraria mais - me viro em direção à voz e me deparo com Bruna só com uma toalha cobrindo seu corpo, o que me fez morder levemente meu lábio.

  - Não era nem para eu ter demorado tanto - me sento e fico a observando. - Bruno precisava de ajuda com uma coisa bem louca e...

  - Não precisa explicar.

  - Preciso sim. Você é minha mulher e eu...

  - Sua mulher? Sério Flávio? A gente nem passou daquele pedido de namoro. É isso que somos: namorados.

  - Na moral Bruna, o que deu em você?

  - Nada - começa a se vestir sem nem mesmo tirar a toalha do corpo para eu ter uma visão.

  - Bruna - me levanto da cama e fico de frente pra ela. - O que houve com você? Nós éramos tão mais unidos, sei lá. Do nada você se afasta e parece que não me quer mais por perto.

  - "Do nada"? - levanta a sobrancelha.

  - Eu sei que do nada não foi mas a cada dia que passa você fica mais distante. Eu sei que eu estou afastado também mas é por causa do trabalho, mesmo assim você ainda pode contar comigo como sempre contou. Eu ainda te amo nega, e você? - ela vira o rosto e eu suspiro. Pego minha toalha e vou para o banheiro tomar um banho e depois descansar.

  O fato de Bruna não ter me respondido e só ter virado a cara me incomoda, o que será que isso significa? Eu não sei mais o que fazer para tentar ajudá-la, até psicólogo eu tentei mas ela não quer. Estou começando a achar que o problema sou eu.

Continua...

MODE$TIA 2 [PARADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora