Capítulo 4- Parceiro?

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- Raios, disse William- nem acredito que me ganhaste outra vez!
- Olha que tás a fazer um milagre, Alana, o Will Aqui é tão bom a Xadrez que poderia competir a nível mundial na classe adulta- digo totalmente incrédulo.
- Talvez seja sorte de principiante- diz ela envergonhada- é a primeira vez que jogo.
- O que torna ainda mais incrível - digo sucinto.
- Lana, vamos, hora de ir para casa.
- Já vou pai, bem, vêmo-nos amanhã na escola, Dan?
- Claro que sim, até amanhã.
- Até amanhã.
- Tu gostas dela, não gostas?
Sobressalto-me com a pergunta.
- Porque é que perguntas isso?
- Qualquer um com olhos na cara vê a tua cara de Bobo apaixonado e os olhares que vocês trocam quando pensam que o outro não está a olhar, queres uma novidade, mano, ela também está completamente apaixonada por ti.
Corei bastante.
- Achas que isso é normal sendo que só nos conhecemos ontem?
- Aha, então admites que gostas dela. - faz uma cara vitoriosa, mudando para sugestiva.
- Talvez...Olha,se me dás licença, acho que vou para o meu quarto ler um bocado, chamas-me se os pais precisarem de mim?
- Claro que sim.
Fui para o meu quarto e deitei-me na minha cama a olhar para o teto.
- Aquilo aconteceu mesmo? Talvez tenha sido o sonho bem maluco... quem eu quero enganar, ainda sinto na pele a sensação daquela energia e as memórias da luta contra aquele rapaz, aquelas criaturas, até podia-me convencer de que aquilo foi um sonho se ele não tivesse a ver o mesmo que eu.
Desisti de pensar nisso e comecei a ficar com sede.
- Raios, tou com demasiada preguiça para me levantar.
Fico mais um pouco deitado na cama a pensar o quanto eu queria beber água, quando ouço algo a bater na minha mesinha de cabeceira. Viro-me para ver o que foi quando depáro-me com um copo de água.
Abri e fechei os olhos cerca de três ou sete vezes (acham que tenho paciência para contar?)
OK, isto foi estranho...
Vou à sala de estar ter com a minha mãe.
- Mãe, por acaso, deixaste-me um copo no meu quarto?
- Não... (faz cara pensativa) estive aqui todo o tempo depois do jantar. Porquê?
- Por nada mãe... Se me dás licença, vou dormir, boa noite. Para ti também pai.
- Boa noite. (disseram eles ao mesmo)
...

- Bom dia, Dan.
- Bom dia, Alana. Sabes, tenho mesmo que te arranjar um apelido.
- Tudo bem desde que não seja Smurfina, aliás, nem sei porque me chamavam assim, sendo que ela tem cabelos louros... 
- Que tal Sky?
-(ela faz cara de agradada) Gostei desse apelido, faz o meu apelido para ti ficar um pouco sem graça, o que achas se eu te chamasse...
Ela não conseguiu terminar, pois alguém veio contra mim com uns patins nos pés.
- Peço imensa desculpa, o idiota do meu irmão atirou-me para aqui-diz ela toda nervosa.
- Não tem problema...?

- Tracy, Tracy Cram, prazer em conhecer-te Damien Whillem.

Senti um arrepio pelas costas, como é que ela sabe o meu nome? Comecei a observá-la, pela aparência devia ser pelo menos um ano mais velha que eu, tinha longos cabelos castanhos escuros, olhos verdes e usava uma luva preta daquelas sem os dedos na sua mão esquerda, Questão de estilo talvez? Entendi que devia ter me perdido nos meus pensamentos pois elas estavam a olhar-me fixamente. Decidi fazer-me de desentendido.

- Prazer, bela luva já agora (não consegui pensar em nada melhor para dizer e algo naquela luva me chamou a atenção).

- Obrigada, vou ter com o meu irmão, foi bom conher-vos, Damien e Alana.

Ela vira-se para ir embora mas para aproxima-se de mim e da Alana e diz baixo.

- Lembrem-se, aconteça o que acontecer, principalmente vocês, não têm o direito de perder a esperança.

E ela foi-se embora.

- Ela é um pouco...peculiar não achas, Sky?

- Eu gostei dela, talvez pelo facto de não ter feito alarde por causa do meu cabelo.

- Olha, eu tenho esta pergunta para fazer desde que te conheci. Se não gostas da reação das outras pessoas ao teu cabelo, porque não o tapas com uma peruca por exemplo?

Arrependi-me  da minha pergunta assim que vi a expressão dela de zangada, mas a expressão suavizou e ela respondeu.

- Porque aí eu sentiria que não me  estou a aceitar como eu sou, o que é um perfeito disparate porque se nem eu me aceito como é que outros vão?

Essas palavras causaram-me tanto impacto que fiquei paralisado que nem uma estátua uns bons 2 minutos. Vieram-me memórias de quando entrei na primária e ninguém se aproximava de mim por causa dos meus olhos e do primeiro ciclo quando alguém me apelidou de olhos de gato e tornou os meus anos nessa escola um inferno de tal moda que eu e a minha família tivemo-nos de mudar para outra cidade, assim que me mudei, com medo de acontecer o mesmo aqui, pedi para o meu pai me comprar umas lentes de contacto coloridas. Imaginei que as coisas melhorariam e de facto melhoraram, o que me fez sentir uma mistura de raiva e vazio à medida que os anos se passavam, na altura não entendi porque me sentia assim, mas com esta simples frase dessa rapariga que foi tão mais forte e corajosa para fazer o que eu tive medo de fazer foi como sentimentos, à muito enterrados surgirem numa crise de angústia e tristeza que não demorou a tornar-se em lágrimas. Senti uns braços nas minhas costas e percebi que ela me abraçava. Não sei quanto tempo passei, pus todas as minhas angústias para fora.

O resto do dia na escola passou-se normalmente, nenhum de nós os dois mencionou o meu colapso o que eu interiormente agradeci, porque afinal das contas ainda era uma adolescente quase adulto orgulhoso. Talvez não tão cedo, mas decidi que um dia iria me livrar da minha corrente.

Fui para casa e deitei-me na minha cama, os meus pais e o meu irmão compreenderam que eu precisava de espaço pelo menos por hoje.Estava deitado quando algo aconteceu. 

- Quanto tempo eu dormi?

Fiquei assustado quando alguma coisa caiu do teto do meu quarto e caiu na minha carpete. Naturalmente fiquei assustado.

-Quem és tu, como entraste aqui?

Olhei para ele e tive o meu segundo susto, a pessoa que caiu era igual a mim, menos os olhos, de algum modo eles eram o contrário dos meus, ele era como se fosse o meu reflexo.

Ele ficou a analisar o meu quarto durante algum tempo e finalmente respondeu.

- Bem... ao que parece sou o teu parceiro, pela tua surpresa ainda não deves ter despertado à muito tempo, isso é mau, pelo que dá para ver tens bom porte físico, mas és um principiante no que toca a manipular a energia original...

- Espera! Como assim parceiro? Eu não entendo nada do que se está a passar aqui agora, então o que aquele rapaz disse é verdade?

Ele começa a observar-me e o olho azul dele começa a brilhar,depois de algum tempo ele suaviza a sua cara.

- Pelo menos quem te encontrou primeiro não era totalmente idiota...

Olhei para ele como que a perguntar-me o que ele quis dizer com isso.

- Deixa para lá.

Ele consegue ouvir os meus pensamentos?

- Sim consigo, com treino o suficiente, até podemos nos comunicar à distância...

- Mas afinal quem és tu, e o que raios se passa!?

- É uma longa história...

O começo de Caos (titulo temporário)Where stories live. Discover now