Desespero

11 1 0
                                    

                  Jonathan

Meus olhos se abrem lentamente e sinto uma dor no fundo dos olhos quando uma luz de lanterna é apontada para o meu rosto. Minha visão embaça e não enxergo onde estou.

— É, ele está vivo. — O cara barbudo sussurra para alguém que não consigo distinguir a identidade.

— O que... Aconteceu... Onde é que eu tô? — Esfrego as pálpebras afim de enxergar algo.

— Não se lembra de ter vindo aqui?

— N-n-não. Lembro de ter vindo aqui para comprar bebidas e... — Minha cabeça doía, e flashes imediatos passeiam pela minha mente. — Lembro também, de terem batido tão forte na porta que você — Apontei para o barbudo — teve de colocar aquela prateleira — Apontei para o móvel deitado que bloqueava a porta — para impedir o que seja que eram aquelas coisas.
Me lembro de tudo, os pequenos flashes foram suficientes para que eu recuperasse todos os acontecimentos. Minha cabeça ainda doía, uma enxaqueca digna de uma ressaca e eu nem tinha sequer bebido um pingo de álcool.
O barbudo me ajuda a levantar.

— Acho que agora seria uma boa hora para você começar a explicar, o que essas coisas são? Nunca vi algo assim antes! A não ser em jogos ou filmes. — O abordei com a pergunta, e o senhor de idade, que já nem lembrava dele, se aproxima e se mostra interessado no que o cara está prestes a explicar.

— Ok — ele puxa uma pequena cesta de plástico resistente e se acomoda. — Meu nome é Brian Wyatt, estudo num laboratório aqui perto, laboratório este que é camuflado e todos pensam que é uma casa abandonada. Eu era um ajudante, ou seja, um estagiário, esse era para ser meu primeiro ano como um — ele coça seu nariz com seu antebraço, o único lugar mais limpo de seu corpo, dado que estava coberto de sangue — Os cientistas voltavam suas atenções para uma nova pesquisa que estavam desenvolvendo, um tipo de imunidade a um vírus que há décadas não possui uma cura. Eles estavam otimistas por conta do rápido processo que a pesquisa tomava, então, clandestinamente, lançaram falsos projetos para pessoas, foi quando notei o erro hediondo que eles cometiam, com esses falsos projetos, atraiam os enganados para o tal laboratório, e realizavam os experimentos... — uma longa e desconfortante pausa cria um clima que traz um silêncio para a loja. — então vocês já podem ter uma ideia do que aconteceu, o projeto e a pesquisa deram errado e não divulgaram às massas, várias pessoas infectadas com a tal pesquisa escaparam, e tentaram falhamente encobrir o erro.

Tento processar tudo o que tinha ouvido, um laboratório em nossa cidade? Por essa eu não esperava.

— E os filhos da puta desapareceram? Fugiram num jatinho rico e livraram o rabo deles do perigo que eles mesmo criaram? — O caixa, que eu ainda não sabia o nome, soou indignado, e eu também estava.

— Exatamente! — Brian assente exageradamente com a cabeça.

— E por que não foi junto deles? — Por mais que Wyatt estivesse nos fornecendo informações "plausíveis", não pude deixar de perguntar.

— Eu os ameacei de vazar os dados da pesquisa e o crime que cometiam lá dentro, e me espeliram como uma doença da equipe.

— Faz sentido. — Mordo a unha do meu dedo anelar em sinal de nervosismo.

— Para mim soa esquisito! — O idoso ainda segurava sua arma como se não se sentisse seguro dentro de sua própria loja.

— Como é o seu nome senhor? — Brian pergunta tirando um cartão branco com sua foto, e seus dados de identidade.

— Me chamo Adam. — Ele tremia.

— Aqui, uma prova de que não estou mentindo. — Ele entrega o cartão a Adam, que o pega de supetão.

Minha mente pensava somente em uma coisa, minha mãe. Será que essas coisas foram até a porta de nossa casa?
Disco o número de casa em dígitos pesados e rápidos, e meu coração gela quando depois de dez segundos chamando não obtenho resposta. Estranho. Mamãe atendia o telefone no primeiro toque. Tento de novo, e nada.
Os níveis de ansiedade aumentam novamente, e sinto minha cabeça pesar e ficar difícil respirar.

— Hey, garoto, você tá bem? — Brian pergunta, apoiando suas mãos em meu ombro, parecendo notar qual era o problema.

— Não... Consigo... Respirar... —Minhas palavras saem quase inaudíveis.

— Está tudo bem, respire fundo e conte até quatro, e solte, e conte até quatro novamente, até passar. — Brian reproduz o método de respiração para que eu soubesse como fazer.

Tento pela primeira vez... Falho, o pânico toma conta mais uma vez, mas ouço Wyatt dizendo, "respira com calma garoto!"
A segunda tentativa saíra com mais êxito, abrindo caminho em meus pulmões.
A terceira vez, fui sentindo lentamente o alívio, até a sensação de ansiedade sumir.

— O que aconteceu? — Brian ainda segurava em meus ombros.

— Liguei para minha mãe, ela não atendeu, me preocupei. E se alguma coisa aconteceu com ela? — Minha cabeça parecia que explodiria a qualquer momento.

— Podemos ir até lá, e ajudá-la.

Aquelas palavras foram capazes para que meu estado de espírito ficasse em paz por alguns minutos. Não poderia ser permanente com essas coisas lá fora.
...

Após de algum tempo em paz e depois de ter me enchido de chocolate e salgadinhos, alguém bate na porta. Agora não eram batidas incessantes como se quisessem entrar e nos matar. Eram batidas humanas. Uma a cada cinco segundos.

Adam e Brian se entreolham, e vão até o imóvel que servia como nosso cadeado.

— Quem é? São humanos? Conseguem falar? — Wyatt lança perguntas em disparada.

— Queríamos que nos deixassem entrar, estamos a procura de um amigo nosso. — Meus ouvidos se tranquilizam ao ouvir a voz de Josh do lado de fora.

— JOSH! ESTOU AQUI! — Corro até a prateleira deitada no chão, e a empurro para o lado desbloqueando a porta.

Brian segura meu braço com força.

— Não sabemos se estão saudáveis!

— Sabemos sim, eles não estão grunhido e batendo igual loucos na porta, Brian! Para de ser paranoico! — Abro a porta e Josh que antes estava com o rosto limpo, e a barriga branca como papel, estava agora coberto de sangue, e notei que Ashley estava logo atrás dele.

— Oh meu Deus! — Minha mãos vão a minha boca.

— Passamos por umas merdas para chegar aqui, e olha que nem é tão longe assim! — Josh entra no mercado, encarando Brian com uma feição de poucos amigos, e vai até as prateleiras e enche uma mochila de mantimentos da loja.

— Hey! Não pode fazer isso! — Adam o repreende.

— Sim, eu posso! — Josh passa ao lado de Adam como se nada tivesse acontecido.

— Temos de ir até a sua casa John!

— Brian pode ir conosco, ele pode ser útil. — Chamo-o com um olhar convidativo.

— Que seja, acho que somos quatro agora! Vamos salvar sua mãe, John! — Ele segue o caminho na frente como um personagem principal de um filme de ação e seguimos numa operação resgate Laura.

PressentidosOnde histórias criam vida. Descubra agora