- Liberdade! Enfim sexta feira - diz Jonah se espreguiçando na cadeira ao meu lado assim que nosso professor de química da a aula por encerrada e nos deseja boas férias.
- Pensei que já fosse sexta feira desde a meia noite - digo olhando para o relógio em meu pulso, teatralmente.
Ele bate seu ombro no meu, fazendo com que eu balance na cadeira.
- Não Cat, a sexta só começa quando a aula acaba - ele me explica - ou, claro, quando não tem aula por algum motivo maravilhoso tipo feriado ou férias ou melhor ainda - ele faz uma pausa dramática - quando você já terminou a escola - diz ele dando ênfase com as mãos e eu rio. - Te espero lá fora, ta?
- Mas eu já estou acabando - digo enquanto ponho uma mecha de cabelo atrás da orelha.
Ele aponta para porta e faz uma cara feia e engraçada ao mesmo tempo. Sigo seu dedo e vejo o motivo da pressa. Tem um furacão de preto, rosa e roxo do outro lado da porta.
- ou ela quer muito ir no banheiro, ou está estressada - digo a Jonah
- Oremos para que seja a primeira opção. - ele me responde - Bom, eu vou lá acompanha-la até o banheiro - diz ele se levantando e ponho a bolsa no ombro.
- Jonah, você não pode entrar no banheiro feminino - lembro a ele, que me lança um olhar venenoso. Abre a boca, parece pensar melhor, fecha a mesma, da um sorrisinho e vai embora em direção a porta.
Guardo meu estojo e meu fichário na mochila e vou até a porta, em direção a eles.
-... não acredito, não acredito, não acredito - diz Mariana, ainda andando de um lado para o outro. E parecendo não notar minha presença.
- Pare com isso - digo - daqui a pouco, uma aldeia inteira de fadas ira morrer por sua culpa.
Jonah ri e Mariana para de andar e me olha, finalmente notando minha presença.
- Por que? - ela pergunta, sua franja, recém pintada, com pontas rosas cobrem o forte rímel em seus olhos com lente verde íris de gato.
- Você está falando que não acredita - digo
- A ta - diz ela - nem brinque com isso! - ela fica seria. Da um grito e sai andando.
Olho para Jonah que também está me olhando.
- Nem me pergunte - diz ele quando abro a boca - ela esta assim desde que desligou o telefone e não falou nada a respeito.
- Devemos segui-la? - digo, apontando para ela que já está quase fora do meu campo de visão.
Jonah pega sua mochila do chão e corremos para alcança-la.
- E então, você vai falar ou podemos te ignorar sem você ter mais um motivo para reclamar? - diz Jonah quando conseguimos alcança-la.
Mariana lança um olhar venenoso para ele e eu me afasto um pouco. Ela para de repente, me fazendo bater em Jonah.
- Eu já sei! - grita Mariana na porta do Colégio, atraindo olhares - vocês vão passar o final de semana lá em casa. Começando por agora! - diz ela nos puxando.
- Pode ir esperando ai - diz Jonah -, eu não vou a lugar nenhum com a senhorita enquanto não contar o que está acontecendo. - Mariana revira os olhos.
- Meus pais vão viajar em poucas horas. Ficaram o fim de semana todo fora. - ela faz uma pausa. Eu e Jonah esperamos ela continuar. - Terei que passar esse tempo inteiro sozinha com Austin. - diz ela após um longo suspiro - Isso será um inferno, já é a dezenove anos!
- Então você está acostumada com o inferno - Diz Jonah - Qual a diferença agora?
- Ainda não entendi qual é o problema - revelo e logo me arrependo. Os dois me olham como se tivesse dito que shippo Climon.
- Ela não conhece o Austin - lembra Jonah depois do que pareceu uma eternidade.
- Austin é meu irmão mais velho - revela Mariana - Você não entenderia. - Errada. Eu entendo muito bem sobre irmãos mais velhos, penso.
Mariana, e o resto dos alunos da escola, acham que sou filha única porque, depois do acidente, quando recebi alta do hospital e vim morar com minha tia, que é advogada, deu um jeito de manter fora da minha ficha escolar que sou adotada e que eu tinha duas irmãs mais velhas. Sendo que apenas uma era minha irmã biológica. Tia Caroline ainda fez com que a diretora e os professores assinasse um documento sobre isso.
Apenas Jonah sabe a verdade, e minha tia quase fez ele assinar um documento também.
A psicóloga e o psiquiatra disseram a ela que não seria bom para mim ficar falando sobre o assunto, por isso os documentos. Mas, é difícil não pensar nisso, quando eu sonho com o acidente quase todas as noites, quando eu consigo dormir...
- Não é Cat? - diz Mariana me trazendo a realidade.
- Hã? O que? - digo e vejo Jonah me olhar preocupado
- Você é muito desligada! - diz Mariana.
- Você está bem Cat? - me pergunta Jonah
- É claro que ela ta bem - diz Mariana - ela devia ta imaginando como deve ser o inferno de ter irmãos mais velhos - diz ela fazendo drama.
Mariana, mas uma vez, sai andando em nossa frente, devagar dessa vez. Jonah se aproxima de mim, ainda esperando minha resposta e eu apenas balanço a cabeça em afirmação e tento prestar atenção ao que Mariana fala.
- ... assim ele não me atrapalharia. É um plano perfeito! - ela diz dando pulinhos e eu afundo de vez na conversa, sem nenhuma chance de boias para me salvar.
- Você sabe que isso não vai dar certo - diz Jonah
- Xô com o seu pessimismo daqui e deixe meu brilhante plano quieto - Mariana aponta seu dedo com unhas postiças e afiadas, pintadas em um tom de vermelho que deveria parecer com sangue, na direção do nariz de Jonah. - Eu já disse que meu plano é simplesmente brilhante.
- Claro, até porque isso deu certo na última vez que você tentou - responde Jonah tirando o dedo dela da sua direção com o braço.
- Você já tentou isso? - pergunto, na esperança de finalmente saber do plano brilhante de Mariana.
- Não... - ela se encolhe
- Já sim! - diz Jonah - Sempre que seus pais viajam você tenta tirar seu irmão do caminho para você ter a casa toda só pra você. E isso só deu certo uma vez Mariana, acorda - completa Jonah estalando os dedos.
Mariana o encara fazendo biquinho.
- Então, alguém vai me contar ou eu posso ir pra casa? - digo por fim.
Os dois se olham por um tempo. Eu poderia jurar que eles estão conversando telepaticamente e que Mariana estaria jurando Jonah de morte se ele dissesse qualquer palavra sobre o ocorrido.
- Mariana embebedou uma menina e a fez correr atrás de Austin por uma noite inteira - Jonah revela por fim
- MENTIRA - Mariana grita, fazendo com que eu e outras cinco pessoas se assustem. - Isso é mentira, eu não forcei ela a fazer nada.
- Você a convenceu de que seu irmão estava afim dela - diz Jonah e Mariana se cala.
- Okay, então o plano seria por uma menina atrás do seu irmão uma noite inteira? - pergunto
- Espero que não, até porque é um péssimo plano! - diz Jonah
Mariana o fuzila com o olhar
- Okay então, o Senhor das Estrelas, o que sugere que façamos? - ela diz a Jonah
- Que tal sentar e conversar com seu irmão? - digo e, mais uma vez, Mariana me olha como se eu fosse louca e talvez eu seja. Eu poderia já estar em casa, deitada na minha cama esperando a hora em que eu finalmente conseguiria dormir, já que estou acordada desde quarta-feira.
- Cat, minha Fadinha - diz Mariana -, não existe dialogo possível neste mundo que faça com que Austin colabore de bom grado com uma festa minha. - ela completa, com a tentativa de voz mais doce que poderia fazer.
- Que bom, até porque não estou afim de ter que passar uma noite inteira fugindo dos teus amigos esquisitos - digo a ela
- Em primeiro lugar, eles não são esquisitos! Okay, talvez alguns, mas isso não vem ao caso. E em segundo lugar, quando que você está afim de alguma coisa, ou alguém?
- Agora. - respondo ignorando a última parte - Agora eu estou muito afim de ir pra casa. Por favor, vamos logo embora daqui - sacudo o braço de Mariana, imitando uma criança mimada pedindo algo para os pais no mercado.
- Opa, partiu piscina na casa da Cat! - diz Jonah - Podemos passar na minha casa antes para eu pegar algumas coisas?
- Sim, apenas vamos sair daqui - digo
E puxo Jonah pelo braço até o estacionamento. Eu não sei o porquê, mas sinto uma necessidade imensa de sair deste lugar. É como se o meu sentido aranha, estivesse me alertando que pode dar merda.
Mariana vem correndo atrás de nos, dizendo que ao invés da festa a casa dela, irá ter uma festa do pijama na minha casa e eu digo que tudo bem, e então ela inventa de chamar os amigos dela...
- Não, eles são estranhos! - protesto - me sinto desconfortável com o jeito que eles me olham!
- Desde que o Matheus vá, eu não tenho nenhum problema com isso - diz Jonah jogando sua mochila no banco do carona de seu carro
- Sabe que o Matheus namora né? - diz Mariana
- Isso é o que ele diz. Você já viu a namorada dele? - pergunta Jonah
- Mari, entra logo! - digo. O carro de Jonah é um Dodger Challenger srt Demon, por tanto, eu tenho que esperar ela entrar pra eu poder entrar.
- Não, eu vou na frente. Vamos parar primeiro na minha casa. Preciso pegar umas coisas.
- Primeiro, somos vizinhos, enquanto eu arrumo minhas coisas, super da tempo de você preparar sua mala de viagem. Segundo, vê se não demora muito, não quero pegar meu pai em casa - diz Jonah entrando no carro.
Olho pra Mariana e, atrás dela, vejo uma criancinha do outro lado da rua.
Uma menininha de pele pálida, cabelos negros com uma franja que cobre seus olhos e um vestido branco que vai até seus joelhos.
- Ei, Você está bem? - digo, saindo do estacionamento da escola e indo em direcao a criança
- Quem é ela? - ouço Mariana perguntar
- Ei, menininha você está... - e então eu vejo uma luz, uma única luz, como a um farol vindo rapido e em minha direção.
E então eu caio.
Ouço Jonah e Mariana gritarem meu nome, mas eles parecem estar tão longe...
Minha visão está turva, o mundo parece estar girando muito rápido.
Cadê a menininha, será que ela esta bem?
Sinto uma sombra em cima de mim e, com algum esforço, consigo focar minha visão.
- Ei, ei, você está bem? Por favor, responda - me pergunta um cara com incríveis olhos cinzas...
- Sim, eu estou bem. - E então, sou engolida pelas chamas daquele dia...
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A Luz, A Escuridão e o Cinza
FantasyCinco após um horrível acidente onde, Catarina, perderá a maior parte de sua família - biológica e adotiva. Só lhe restando sua tia Caroline -. Ela ainda não se recuperou como os psicólogos e psiquiatras previram. Ela ainda tem pesadelos - quase tod...