─ Eu também já estive no teu lugar. Vais ver que não é difícil, eu ajudo-te. ─ Jun apertou a mão de Minghao e sorriu confortando-o.
[Presente]
E foi aí que Minghao soube que se tinha apaixonado por Wen Junhui.
Mas nessa altura o inocente chinês apenas pensou que Jun fosse o seu amigo preferido, já que não fazia a mínima ideia da existência do termo homossexualidade.
Todos os dias, depois das aulas terminarem, Minghao e Jun ficavam juntos na biblioteca a estudar. Alguns dias os outros rapazes juntavam-se, mas eram maioritariamente só eles os dois. O mais velho era um ótimo professor de coreano e em troca Minghao trazia sempre uns docinhos chineses que Jun adorava.
Passaram-se uns anos e a sua rotina de estudo continuava a mesma. Iam juntos para a biblioteca na maior animação. A esta altura já Minghao falava coreano decentemente e as conversas entre os dois intercalavam entre os dois idiomas.
Numa das suas sessões de estudo, quando tinham doze e treze anos, Jun estava extremamente distraído e a agir de forma estranha. Não tinham ido para a biblioteca, pois a mesma estava ocupada com umas atividades escolares, então foram para casa do Minghao.
[9 anos atrás]
─ O que se passa? Estás estranho, mais do que o normal. ─ Minghao sem querer disse a palavra 'estranho' na sua língua materna, o que fez Jun rir um pouco. ─ Ah, pelo menos agora ris.
─ Estou só com muita coisa na cabeça. Não te preocupes, Hao.
─ Então não adianta continuarmos se não te vais concentrar. ─ Minghao fechou os livros e puxou o mais velho para se sentarem na cama. ─ Desabafa comigo.
Jun sorriu para o mais novo e suspirou. Ele adorava a sensatez de Minghao e, principalmente, a sua pureza. Deitou a cabeça no colo do mais novo, o que o deixou surpreendido.
─ Então? O que tanto te passa pela cabeça? ─ Minghao acariciou os cabelos castanhos de Jun, que apenas fechou os olhos em resposta ao toque.
─ Ontem contei uma coisa ao meu pai. Ele não levou muito bem. Agora não fala comigo. ─ Jun suspirou.
─ Posso saber o que foi?
─ Não quero que me odeies como ele...
─ É impossível eu odiar-te. ─ Minghao não mentiu. Como é que se iria odiar alguém que se ama há anos? ─ Conta-me. O mínimo que posso fazer depois de me teres ajudado tanto desde que cheguei é ajudar-te também.
─ Bom... não é uma coisa fácil de se dizer. ─ Jun suspirou enquanto ponderava se devia realmente contar a Minghao. ─ Eu sou bissexual. ─ Disse rapidamente, como quem tira um band-aid, e fechou os olhos com força.
─ Hm? O que é que isso significa? ─ Minghao perguntou confuso e Jun permitiu-se rir um pouco no meio daquela tensão toda. ─ Pára de rir, imbecil. Eu realmente não sei.
─ És assim tão inocente a ponto de não saberes nada sobre sexualidades? ─ Jun levantou-se encarando o mais novo. ─ És adorável.
Era normal Minghao não saber, afinal ainda tinha doze anos e não havia muitas figuras públicas conhecidas que fossem assumidas no momento. Ainda mais para não falar na sua família extremamente conservadora que escondia o rapaz do mundo a todo o custo.
─ Diz-me o que é. ─ Minghao corou ao ouvir o elogio e desviou o olhar do outro.
─ Significa que eu tenho atração sexual por meninos e meninas. ─ Jun tentou ao máximo ser curto e grosso e Minghao apenas olhou para ele normalmente esperando que dissesse algo mais. ─ Não vais dizer nada?
─ Era só isso? Não é muito comum, mas isso é normal, não? Pensei que fosse algo mais grave. ─ Jun apenas assentiu e Minghao sorriu para o mais velho. ─ Então não tens com que te preocupar, eu não me importo. Eu vou continuar a ser teu amigo.
─ Tu és um anjo, sabias? ─ O mais velho sorriu de volta.
─ Eu sei. ─ Minghao soltou uma risadinha. ─ Mas como descobriste?
─ Ah... é uma história complicada. ─ Jun coçou a nuca atrapalhado com as palavras.
Como diria a Minghao que a culpa da sua descoberta era dele? E como diria a Minghao que durante aqueles dois anos ele sentia coisas estranhas ao estar junto a ele? "Ele é tão inocente, Jun. Não destruas isso já." foi a única coisa que veio à sua cabeça. Talvez esse tenha sido o seu maior erro: Esperar.
[Presente]
A cabeça de Jun estava numa confusão de sentimentos. Será que conseguiria fazer aquilo que Minghao lhe havia pedido? Pedido não, implorado. O olhar nos olhos do mais novo imploravam por ele e Jun estava entre a espada e a parede.
Desde a noite de sexta feira que Jun não tinha tido sexo. Ele estava a ficar doido. Foi para aquela festa a transbordar de libido, pensando que iria ser um fim de semana bem prazeroso, mas nada. Não iria aguentar por muito mais tempo. Era como um drogado em abstinência, soava frio e coçava-se desconfortavelmente. Junhui precisava da sua droga. Junhui precisava de sexo.
Saiu do quarto-de-banho depois de uns longos minutos e deu de caras com Jaehyun. Boa, alguma coisa para lhe matar a tesão. Como ele odiava aquele imbecil.
─ Está tudo bem, Wen? Não estás com boa cara. ─ Jaehyun debochou do chinês.
─ É porque estou aqui a olhar para a tua cara. Sai da minha frente. ─ Jun tentou desviar-se, porém o braço forte do mais novo bloqueou-lhe o caminho. ─ O que foi? ─ Disse já impaciente.
─ Afasta-te do Minghao. Só lhe vais destruir o coração. Como fazes sempre. ─ Jaehyun proferiu seriamente, sem nem pestanejar.
─ Tu não sabes do que falas.
─ Não? ─ Jaehyun riu cínico e abanou a cabeça negativamente. ─ O Minghao sabe o que tu fizeste? Com o amigo dele?
─ Cala-te. Jung, não te atrevas a falar do que não sabes. ─ Junhui cerrou os punhos e fuzilou o outro com o olhar. ─ Nem penses em contar o que seja ao Minghao. Nem sequer te aproximes dele.
─ Tu sabes muito bem que isso não vai acontecer, Junhui. Quando tu lhe partires o coração é nos meus abraços que ele vai procurar abrigo. Bem longe de ti.
Jun empurrou o mais novo para longe e saiu dali a bater os pés fortemente. Estava condenado a sofrer devido às suas escolhas erradas. Mas e se Jaehyun tivesse razão? E se ele ferisse o coração frágil de Minghao. "Porra, Junhui. Isto nunca acontecia quando era só sexo." pensou para si enquanto vagueava pelos quartos à procura de algum sossego. Longe de Jaehyun, ou qualquer outra alma que o quisesse importunar.
No fundo do corredor encontrou um pequeno quarto vazio e não hesitou em entrar e trancar a porta, por segurança. Sentou-se na cadeira de rodinhas que havia ao lado de uma secretária e respirou fundo. "Finalmente. Paz." fechou os olhos e inclinou-se para trás, porém um som vindo do quarto ao lado roubou todo o silêncio de antes.
─ A-Ah... ─ Eram gemidos que ecoavam pelas paredes, juntamente com os sons indecentes e obscenos que Junhui tanto adorava ouvir. ─ A-Ah.. ─ A pessoa do outro lado realmente tinha boas cordas vocais.
Infelizmente, os canto dos passarinhos impuros do quarto do lado acordou o lado sujo de Jun, que sentiu um aperto incomodativo nas calças. Jun precisava daquilo, ele sabia que sim. Já que a única alma presente naquele quarto era a dele, parece que não tinha outra opção senão usar aquilo que lhe estava à mão.
Desajeitadamente baixou as próprias calças e deixou que caíssem até aos seus tornozelos. O aperto diminuiu, porém o seu pénis ansioso ainda precisava de atenção. Com a sua mão direita apertou o seu membro e arfou ao sentir o tão desejado contacto. Aproximou-se da parede, deslizando com a cadeira, para poder ouvir melhor os sons do outro lado.
─ M-Mais forte... m-mais... ─ Era o que mais se ouvia.
Jun finalmente livrou-se do seu último impedimento, os seus boxers, e apertou a mão à volta do seu membro, sentindo um choque percorrer a sua espinha. Oh, e como aquilo sabia bem. Depois de tanto tempo sem sentir prazer, poder tocar-se foi o maior alívio da sua vida.
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╺ innocence. 𝘫𝘶𝘯𝘩𝘢𝘰.
Fanfic"Ah e como era bom, os seus lábios eram quentes e molhados. Estranhamente, sabiam a morangos e cigarros. Era viciante."