O (in)conveniente acidente

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- Nós vamos mesmo sair hoje? - Bia pergunta.

- Claro que vamos porque não iríamos? - Mali logo questiona.

- E se eu não quiser deixar? - Meu pai tenta provocar.

- Ah pai, nem pensar em vetar meu rolê de hoje. O Kevin nunca me leva pra sair com ele, hoje que ele decidiu me levar você quer me barrar, tá de sacanagem né? - diz Conrado inconformado com a ideia de ser barrado o rolê.

- Eu nunca te levo porque você é menor de idade e não sou obrigado a largar as baladas pra ficar te levando pra parquinho, ô neném. - Eu tento irritar ele. E dá certo.

Continuamos conversando algumas coisas e falando sobre onde iríamos a noite. E planejamos o que fazer pela tarde e até a hora de sair. Depois do almoço tomamos sol mais um pouco, Mali decidiu entrar na piscina finalmente depois de Beatriz tanto implorar, e Conrado, senta à beira da piscina, babando.

- O que você olha tanto, hein? - pergunto.

- Sei lá irmão, o jeito que ela faz eu pensar em um relacionamento impossível é diferente. - diz meio brincalhão e sem graça ao mesmo tempo.

- A vida às vezes tem dessas irmãozinho. Nem sempre a gente fica com quem a gente quer, vive uma paixão com a pessoa pela qual a gente se apaixonou, vive uma vida com uma pessoa que você imaginou que seria pra sempre. "São ossos do ofício" como diria a vovó.

- Kevin, obrigado pela lição amorosa mas mudando o assunto completamente, porque você andou afastado esse tempo todo? Sem vir aqui, sem dar muitas notícias. Foram mais de 3 meses que você nem sequer conversou com nosso pai sem ser pra falar do pagamento da sua faculdade. Aconteceu alguma coisa? - Conrado pergunta e mal sabe ele que não estava mudando tanto o assunto como imaginava.

Justamente pelo meu namoro, que eu me afastei um pouco da família do meu pai. Primeiramente porque o tempo livre que eu tinha eu queria sempre estar com ele, e depois ainda era final de semestre e meu tempo nunca esteve tão curto. E meu pai ainda não sabia sobre minha sexualidade, então isso meio que me dividiu entre minha família e meu namoro. Eu era apaixonado demais pra pensar em outra coisa a não ser estar perto dele.

- Olha irmão, acho que a culpa era o final de semestre. Achei que não ia passar em algumas matérias, então foquei em qualquer mínima atividade possível pra ganhar ponto. - tento dar a esfarrapada desculpa. Já que a única daqui que sabia sobre meu namoro era Bia.

Ele acredita, fala um pouco que sentiu saudades. E que me amava também. Meu irmão é carinhoso, mas ardiloso ao mesmo tempo. Às vezes a gente se arranha mas sempre estamos bem logo depois.

Passamos a tarde vendo filmes, comendo igual condenados e quando deu uma certa hora começamos a nos arrumar.

Mali estava no quarto de Bia junto dela se arrumando. Enquanto Conrado foi tomar banho, eu dei uma passeada pelo meu celular e vi uma mensagem com um número não salvo. Não sabia quem era, só dizia "Oi sumido, como você tá?" e não havia conversa anterior então era impossível saber.

Eu salvei com qualquer nome só para ver se aparecia uma foto de perfil. E infelizmente a desgraça da foto apareceu, era Pedro. Meu ex namorado. Eu não havia o bloqueado, acho infantilidade, apenas havia o pedido para não me mandar mais mensagem e apaguei o número dele para o bem da minha própria saúde mental.

Nossa história foi linda em partes, desastrosa em outras, mas o maior problema foi a forma conturbada da qual ela terminou, nem gosto de lembrar.

Fui tomar banho depois do meu irmão ter saído, mas ainda pensando se responderia ou não a mensagem.

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