Pós-mágica

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O telefone tocou, e eu silenciei. Não queria perder o tempo, nem parar o beijo. Mas Murilo parou. Ele me olhou, mordeu os lábios, e sorriu.

Eu tô tão encantado. Puta merda!

- Acho que o universo tá marcando 1x0 por ter feito a gente se cruzar. - Ele diz olhando pra minha mão, que tava entrelaçada com a dele. - Eu quero muito conhecer melhor e conviver mais com você porque eu tô sentindo um vibe muito boa entre a gente, e isso pra mim está sendo muito mágico depois de tanto tempo tendo medo de me relacionar com alguém.

- Eu não posso mentir, esse momento realmente está sendo maravilhoso. Mas fiquei com a pulga atrás da orelha. Porque você tinha medo de se relacionar? - pergunto num gatilho rápido de coragem antes que me escapasse a oportunidade.

- É uma situação complicada.. eu terminei meu último relacionamento tem um bom tempo, mas desde então não consigo mais confiar em ninguém. E já perdi tanta gente incrível por isso, não quero que você seja mais um pra sumir da minha vida. Aliás, você não vai ser só mais um, de alguma forma eu sinto isso. - ele diz surge uma esperança, ou algo parecido dentro de mim.

Na verdade, os olhos de Murilo me passavam tanta coisa. Era profundo, intenso, curioso e eu sabia que precisaria de muito mais tempo pra desvendar tudo que aquele olhar tinha pra dizer.

Ficamos conversando sobre músicas, pop, e premiações que Murilo revelou ser viciado. E também me disse que o Oscar era mais que falcatrua. Ele não concordava com muita coisa e deu pra perceber que era mais pelo senso cítrico do que pelo favoritismo.

Depois de termos conversado, nos beijamos mais algumas vezes. Eu sempre estava tentando manter o controle para que as coisas não subissem de patamar.

Meu pai havia me mandado mensagem eu vi que tava escrito "Cuidado, já está ficando tarde!" geralmente ele faz isso quando ele tenta dormir enquanto estamos na rua, quando fui de fato ver a hora e eu pude me dar conta que já faziam 3 horas que eu estava ali com Murilo. Meu pai amado, o tempo voa quando fazemos algo de bom.

Eu disse que já teria que voltar pros meus irmãos, e ele disse que teria que ir também. Ele me deu mais um beijo. Tudo em mim respondia ao beijo dele, principalmente com os melhores arrepios.

Liguei pra Bia e Mali pra avisar que estava voltando, elas me arrasaram por não atender as ligações.

Fui andando novamente pelo mesmo curto caminho com Murilo e de volta pro bar.

Chegando em frente ao bar ele me abraçou forte. Ele era cheiroso demais, um cheiro que eu provavelmente não esqueceria fácil.

- Voltei! - digo sentando no meu lugar. - Vocês estão muito bêbados?

- Eu tô bem. - Bia responde. E realmente estava. Essa maldita é sempre a última a cair. E quando cai...

- Vamos beber mais!!! - Mali grita e depois chama o garçom.

Nós bebemos mais umas quatro rodadas de chopp. Pra mim já era mais do que o suficiente, considerando o que eu já havia bebido antes. Conrado tava mal, ele havia bebido mais que deveria.

- Nós já vamos. - digo pedindo a conta ao garçom.

- Trás só mais uma rodada de tequila. - Mali pediu. Bia já concordou sorrindo.

O garçom voltou com a conta, dividimos e pagamos tudo e só faltava tomar a última dose de tequila pra irmos pra casa.

- Você não. - digo pra Conrado que já ia pegar a dose "dele".

Virei a dose dele e a minha também. quilo queima por demais, Socorro! Alguém me lembre de nunca mais fazer isso na vida.

Minha cabeça tava rodando um pouco. Bia tinha pedido um carro para irmos para casa. Mali me deu o braço até a saída e meu irmão pegou num outro. Da mesa em que estávamos até a saida do bar, que era um trajeto curto como se pode iamginar, Conrado se desequilibrou inúmeras vezes.

Espero que meu pai não esteja acordado quando chegarmos.

Nosso carro havia chegado. Eu entrei com Conrado e peguei uma água com o motorista, dei um pouco ao meu irmão pra ver se ele melhorava. Bia e Mali entraram. Mesmo antes do motorista dar partida, Mali falou uma coisa que não era novidade.

- Aquele menino é muito bonito mesmo Kevin, você é sortudo. Até de costas o filho da mãe é gostoso. - Ela completa.

- E você ficou reparando nele de costas por acaso? - eu pergunto rindo.

- Tô vendo agora. Olha lá. - Mali diz.

- Não olha, tô falando sério. - Bia me aconselha.

- Calma Bia, não tem nada demais. Só estranhei porque quando voltamos pra cá ele disse que também precisaria ir. - digo abaixando vidro. Me engasgo com a água que eubtava bebendo ao ver onde Murilo estava.

- Ihhhh, agora eu entendi porque não era pro Kevin olhar. - Mali, lerda como sempre.

Eu não estava acreditando no que eu estava vendo. Não pelo fato de Murilo ainda estar ali mesmo dizendo que iria embora horas atrás. Mas sim a companhia de quem ele estava. Tinha um grupo de caras do outro lado da rua, numa calçada em frente ao bar. Bebendo, conversando e escutando músicas que vinham de um carro com som bem potente. Nada novo, principalmente nessa parte da cidade

O que me surpreendeu mesmo foi com quem Murilo estava conversando, destacadamente, numa conversa que parecia bem descontraída e cativante, como se fossem bastante ou melhores amigos. Pedro, meu (não) tão adorável ex-namorado era quem estava com Murilo . Fiquei pasmo.

- A gente já pode ir? - o motorista pergunta, e Bia já tinha respondido positivamente.

- Eu ia fazer a mesma pergunta. - Conrado fala com um pouco de dificuldade.

- Cala a boca, Conrado. - eu digo sem pensar.

Posso usar a frase "Estava bom demais pra ser verdade" ou tá cedo?

Eu sinceramente não estava entendendo o que tava acontecendo ali, e acho que nem queria entender. Pela primeira vez em toda minha vida, eu parei de pensar demais e só me preocupei com os problemas que eu já tinha antes. Tipo meu irmão mais novo, que estava bêbado por falta de cuidado meu.

As vezes que me pergunto porque certas coisas só acontecem comigo. Tipo eu achar que o universo está jogando ao meu favor, quando na verdade ele ta só cavando a rasteira que ele vai me dar.

Eu acho que são esses os famigerados efeitos pós-mágica.

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⏰ Última atualização: Nov 11, 2020 ⏰

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