Quando colocou os olhos nas duas figuras que atravessavam a porta do quarto, o coração de Marie pode, finalmente, voltar a bater. A respiração pesada de alívio escapou dentre seus lábios e, apesar de notá-los ferido, tudo o que a moça sentiu-se capaz de fazer fora agradecer a Deus pelo retorno de ambos.
— Abra a porta do quarto, Marie. — Nichollas solicitou com o rapaz completamente apoiado em si, dando passos torpes para conseguir acompanhá-lo.
Marie rapidamente o fez, e observou apreensiva o cuidado de Nichollas ao depositar o sobrinho os lençóis finos da cama.
— Thomas? — Aproximou-se, sentando ao lado da figura machucada. — Oh, meu querido, o que fizeram à ti? — Passou os dedos delicados sobre o rosto ferido. Os olhos de Thomas estavam fechados, tanto por sua exaustão quanto pelo inchaço que os impedia de abrir.
— Irei solicitar que tragam gelo. — Apesar de possuir ferimentos também aparentes no próprio rosto, Nichollas não parecia nem de perto encontrar-se tão afetado quanto o rapaz, saindo rapidamente em direção à saleta dos aposentos para realizar a solicitação junto ao serviço de quarto do hotel.
Pensando em adiantar o que fosse possível ao tratamento dos machucados de Tom, Marie foi até a sala de banho, buscando lá algumas toalhas limpas e uma bacia com água. Retornou para a cama e umedeceu a toalha, torcendo-a enquanto possuía os olhos presos a cada um dos ferimentos de seu sobrinho, com o coração apertado e os olhos embaçados pelas lágrimas que a situação faziam surgir.
Thomas era um rapaz tão bom, tão especial.
Não seria justo a vida carregá-lo para aquele mundo, tomá-lo daquela maneira.
— Já irão trazer o gelo. — Nichollas retornou ao quarto, retirando o casaco antes de aproximar-se da cama onde Marie cuidava de Thomas.
— Onde o encontrou? — Ela não desejava que fosse assim, mas sua voz estava já embargada.
Penalizado pela maneira como a via sofrer, Nichollas levou o toque gentil de uma mão amiga ao ombro delicado, buscando tranquilizá-la.
— Já passou, Marie. — Ergueu a mão até a face dela, fazendo-na encará-lo com os olhos negros e úmidos. — Ele está aqui. — A acariciou com o polegar suave, fazendo-na fechar os olhos e suspirar aliviada por saber da veracidade daquelas palavras.
— Vocês dois estão. — Ela tocou a mão de Nichollas com a própria, abrindo os olhos para admirá-lo com sincera gratidão. — Jamais conseguirei agradecer o suficiente pelo que fez esta noite. — Observou ao sobrinho, que encontrava-se no mais pesado dos sonos. — Por trazê-lo de volta pra mim. — Um soluço profundo a tomou, fazendo o corpo chegar a tremer com a intensidade do choro que a assolou.
— Marie...— Seguindo um desejo instintivo, Nichollas a puxou pelas mãos, colocando-a de pé para poder abraçá-la com força. A necessidade de confortá-la tornara-se maior do que qualquer outra sensação em si, naquele momento. — Shiii... — A acalentou, sentindo com satisfação a maneira como Marie aceitava seu abraço, apoiando a cabeça pesada em seu ombro, inclusive, enquanto ele a acariciava com as mãos e entoava um ritmo tranquilizante aos corpos, balançando-se nos pés. — Está tudo bem agora, minha querida... Nunca mais deixarei que nada aconteça à qualquer um de vocês.
As palavras vinham diretamente do coração de Nichollas aos lábios, sendo proferidas com a mais límpida sinceridade e proporcionando ao peito dolorido de Marie mais alívio do que faria qualquer analgésico.
— Eu o amo tanto, Nichollas... — A face avermelhada apoiou-se no tórax de Batterfield, tendo Marie direcionado o olhar ao rapaz imóvel sobre a cama. — Thomas já sofreu mais do poderia ser considerado justo á qualquer jovem de sua idade... É um menino tão bom... — As sobrancelhas mantinham-se sôfregas e unidas.
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A Mensagem dos Cravos [DEGUSTAÇÃO]
Historical FictionSINOPSE De acordo com o conhecimento popular, os cravos eram tidos como sinônimo de boa sorte. Nichollas sentiu-se o homem mais abençoado do mundo, ao poder comprovar esta sorte. Ela trazia a referida flor em suas mãos, na primeira vez em que a bei...