Downpour/Aguaceiro | jikook

O Banheiro

A estação das monções, o outono, começa uma semana depois, e as chuvas pesadas e batidas roubam a desculpa de Jimin para escapar para o telhado quando seu cérebro está se sentindo entorpecido e cínico. Ele tem poucas outras rotas sólidas de fuga em seu lugar, e nenhuma delas é tão boa. Ou privado.

Mas ele vai ficar louco aqui assim.

Ele olha para o nada à sua frente, com o queixo na palma da mão enquanto afasta o professor na frente da sala. Seus olhos mudam. Na direção da primeira fileira da mesa, bem no meio da sala de aula, fica Jungkook, sua mente obviamente se perguntando também. Sua cabeça acena algumas vezes, como se ele estivesse acenando para a terra dos sonhos, e um de seus amigos atrás dele bate nas costas para alertá-lo para os olhos intrigados do professor. O tapa também poderia estar contra uma parede de tijolos, pois Jungkook mal parece registrá-lo.

Os olhos de Jimin vagam para o grande painel de vidro da janela à sua esquerda, onde a chuva está baixando incrivelmente forte por muito tempo. Desde manhã, os céus estão abertos e a chuva não parou por horas. Ele vê folhas e outros detritos sendo levados para os esgotos do lado de fora do prédio, pessoas correndo para se abrigar em restaurantes e escritórios do ataque pesado.

Sua mãe costumava dizer a ele que a estação chuvosa era uma época de novos começos e segundas chances. Era para lavar as coisas que deveriam ser deixadas para trás no outono. Você deveria deixar para trás todos os seus arrependimentos e seus deveres no verão. É o começo de uma espécie de limpeza.

Hoje em dia, a mãe dele não conta mais a ele.

Jimin nunca se sentiu da mesma maneira - antes das chuvas, ele estava infeliz. Depois das chuvas, ele estava infeliz e molhado, e ficava cada vez mais quente. O sol depois das chuvas era sempre o mais intenso e o mais sufocante - mas pelo menos não era tão deprimente.

As chuvas tiraram o telhado e o sol. As chuvas podem ir para o inferno.

Ele pisca na direção de Jungkook novamente, apenas brevemente. Ele se sacode quando vê que Jungkook está olhando de volta para o quarto também - bem na direção dele. Ele desviou o olhar para o livro negligenciado e levantou a mão. Ele precisa de sua fuga.

"Sim?", Pergunta o professor, e empurra os óculos mais para cima da ponte do nariz.

"Posso ir ao banheiro?" Jimin diz, e está quieto. Todos os olhos estão nele. Seu próprio olhar ainda é treinado no livro.

"Eu não sei", sua professora suspira. "Você pode?"

A aula irrompe em uma risada silenciosa, e o rosto de Jimin se torna avermelhado. Ele olha para o professor.

" Que eu possa ir ao banheiro, senhor? "

O professor acena apressadamente e leva Jimin para a porta e continua a lição. Jimin não precisa ser dito duas vezes. Ele fecha o livro e faz um amplo círculo ao redor das mesas, certificando-se de evitar o de Jungkook.

No corredor forrado de grandes janelas, o som da chuva é ensurdecedor. Jimin desce o salão abafado, em direção à unidade de banheiros na parte interna do prédio. Esses banheiros são os mais distantes, mas isso também os torna os menos utilizados. Isso significa mais privacidade e menos... visitantes indesejados.

Ele fica em uma cabine fechada por dez, talvez quinze minutos. Ele está enrolando, ele sabe. Ele sabe quando ele finalmente volta para a aula que ele será mastigado pelo professor, com certeza. Talvez até mesmo tenha ficado na frente como castigo, de novo. Ele arrasta seus pés o máximo possível, até mesmo fazendo sua saída um processo lento. Senta-se no vaso sanitário, com os joelhos contra o peito, o queixo sobre os joelhos e, com um estalo distante, toca o CD player distraidamente. São as mesmas seis músicas do CD mixtape que ele toca várias e várias vezes, mas ele não se importa. A maioria das outras músicas realmente não lhe interessam.