Bem-vindo

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—Chegamos. —Disse Ethan ao reduzir a velocidade do carro, e estacionando em frente a um portão elegante. A exuberância da mansão em que estavam deixou até mesmo Azazel surpreso, a casa era inteiramente feita de madeira, vidro e mármore. —Finalmente em casa, deve ser incrível voltar a ver a casinha pela primeira vez… novamente digo eu.— Ethan continuava fazendo as suas piadas desinteressantes, mas mesmo sem ninguém reagindo ele continuava sem se importar.

O carro chegou em uma garagem subterrânea que tinham lá algumas viaturas de luxo, fazendo Azazel ficar levemente entusiasmado por um instante percebeu o porquê do Mammon gostar de riquezas. Adentrando a mansão o anjo caído ficou ainda mais surpreso pela fato do corredor possuir vários quadros, o piso era fascinante pois o contraste da maneira cumaru escura tinha e do mármore deixaria qualquer um sem fôlego, metade do teto era feito de vidro que naquele momento refletia perfeitamente o esplendor lunar.

—Nada mau. —Ele teve que admitir que os Blackstone tinham bom gosto, ao menos não era uma vivenda simplória.

—Você gostou?. —Disse a Sarah olhando para Azazel com expectativas, ela achava que o filho ficaria indiferente pois o Jonathan nunca se importou com a decoração. —Lembrou de algo?.—Vendo Azazel pensativo ela achou que algo tivesse despertado em sua mente.

—Não. —Nem se importou bastante com a madame Blackstone, pois ainda observava o lugar em que iria viver. —Ainda não. —Corrigiu assim mesmo com um tom menos indiferente, pois achou que deveria seguir o comportamento humano.

—Espero que sim meu querido, vamos ver o seu quarto. —Disse a Sarah achando que isso iria trazer de volta às memórias esquecidas, antes soubesse que seria preciso um exorcismo feito por arcanjos para o seu filho voltar. Ouvindo isso Azazel assentiu de maneira leve, não querendo mostrar desdém das intenções da mãe de Jonathan.

Eles foram em direção as escadas que seguiam um formato espiral, o corrimão por sua vez era feito de granito e os degraus escorriam água por baixo dos vidros criando uma cachoeira artificial. Deixando as escadas eles encontram um corredor com vista para as montanhas, e um jardim de flores.

Seguiram pelo corredor deixando várias portas, até encontrem uma com a placa “ não entre e muito menos encomode” pendurada sobre a mesma.

—Bem-vindo ao seu mundo. —Sarah sorria de forma acolhedora esbanjando amor e ternura, pois achava que assim iria ajudar o seu filho a se sentir em casa. Porém em vão pois a alma do Jonathan já estaria vagando pelo limbo. —Entre não tenha medo. —Ela falava como se Azazel fosse uma criança.

—Não pode ser, esse é o meu aposento. —O sorriso no rosto do “Jonathan” desfez-se em instantes, em face ao quarto repleto de brinquedos e banda desenhada em pilhas sobre a instante, o quarto parecia uma biblioteca infantil porém com posters de modelos na parede. — Esse é o normal dos humanos desse tempo?. —Mesmo com a mente inigualável Azazel não conseguia processar o que via, estava realmente estupefato.

—Eu sempre disse para você se livrar disso, mas você vivia dizendo que era o seu tesouro. —Ethan ria segurando o estômago, ele realmente estava a espera de ver a reação do filho ao se deparar com o seu quarto inusitado. —Você ficava aqui durante horas e só saia do quarto para comer.

—Nem mesmo isso te faz lembrar... —Pela primeira vez o sorriso no rosto de Sarah desapareceu. Dando lugar para uma sensação de perda, ela sentia que desta vez tinha perdido algo muito valioso e que não poderia reaver.

—Calma ele irá voltar ao normal, enquanto isso que tal ficar num dos quartos de visita?. —Ethan não se deu ao trabalho de esperar uma , e simplesmente começou a arrastar Azazel com o braço sobre o seu pescoço. Ele estava triste pelo filho ter pedido a memória mas se ele conseguisse fazer o Johnny sair e conviver mais,  o seu trabalho como pai estaria concluído.

—Claro! —Os olhos de Azazel rolaram lentamente, com o desdém a flores da pele pois ele não tinha opção. —Porquê não?

Desta vez Sarah não que guiava o caminho mas sim Ethan, que estava confiante em transformar o seu filho eles seguiram até ao quarto. O novo quarto era elegante e simples, com uma mistura suave entre preto e cinza.
—Esse quarto é muito sombrio para o meu filho. —Sarah repreendeu Ethan pois percebeu que ele estava tentando força-ló a mudar, por mais que ele fosse infantil ela ainda achava adorável.

—Eu gostei do quarto, parece mais sossegado. — Azazel tinha a sua atenção roubada pela janela, que parecia ter sugado a sua consciência. —Estou muito cansado gostaria de descansar, e obrigado. —Azazel falou sorrindo de forma amigável e empática, forçando toda a sua alma para manter a atuação.

— Descanse bem campeão. —Falaram os pais de Johnny em uníssono, Sarah sorria novamente voltando a ter esperanças de um dia ter o seu filho de volta. Mas Azazel sabia muito bem que isso seria basicamente impossível.

Azazel trancou a porta e respirou fundo imaginando as vezes que ele quase explodiu e raiva interagindo com humanos, tentou observar o quarto para se distrair quando viu o seu reflexo no espelho do armário. O príncipe olhou de forma surpresa a aparência do rapaz, pois parecia com a forma humana que ele usava enquanto anjo. Azazel acreditava que tudo fazia parte dos planos de Lúcifer, ele odiava ser uma marionete mas se fosse necessário para encontrar o que queira, nada iria o impedir nem mesmo ele.

—Melhor ignorar isso, e repousar antes que eu enlouqueça. —Azazel tirou as sandálias de borracha e se deitou na cama, o seu corpo foi absorvido pelo colchão como se estivesse sem enterrando na neve fazendo-o cair no sono.

Do nada o seu confortável sono foi interrompido com uma explosão de energia negativa, pela intensidade ele notou que a forte da energia estava próxima. Decidiu se levantar da cama, e foi em direção a janela onde viu uma colina na distância. Sentindo uma certa quantidade de presenças mágicas escondidas na árvore, ficou curioso querendo saber do que se passava.

Saltou pela janela sem se importar com o andar, e se arrependeu na aterragem pois mandou uma intensa dor por todo o seu corpo. —Esse corpo é ridículo.— Mais uma vez ele usou o seu poder para regenerar o corpo.—Não me dececione, preciso espairecer.

Ele saiu correndo em direção a montanha evitando qualquer segurança e câmeras de segurança até chegar na colina, indo em direção a fonte da energia que se tornou numa névoa com a tonalidade verde-musgo.

—Parece que temos uma visita. —A voz era aguda e sinistra, ecoava pela névoa. —O que te traz aqui? Vieste ser o meu jantar?. —A criatura continuou falando enquanto gargalhava, a sua foz era abafada pelas árvores que tornava difícil de localizá-la.

—Quem está aí?, Jantar?, Do que você está falando?. —Azazel decidiu se fazer de despercebido para atrair a criatura, ele decidiu se conter para aproveitar o momento.

—Você é muito velho para servir de alimento, talvez eu possa usá-lo como cobaia prometo que farei o mais doloroso possível.— A sua voz tornava-se mais alta e sádica, a cada palavra era como se ela sugasse a vitalidade de tudo ao seu redor, transformando tudo em um líquido viscoso que expelia fumaça.— Mas se eu ferver os ossos com a suas próprias lágrimas talvez ficarás com o sabor de uma alma pura e imaculada.—A fumaça e a névoa fundiram-se formando um silhueta etérea parecendo uma idosa trajando preto, a névoa concentrava na imagem até que tomou uma forma física que conseguia ser ainda pior. Mostrando assim a sua face deformada com a pele corroída e em putrefação, os seus olhos não possuíam íris deixando uma branco total igual as madeixas que restavam em sua cabeça.

—Finalmente, então é só uma bruxa de segundo grau. — Azazel não estava impressionado e muito menos assustado, pois o oponente era simplesmente fraco, ele tinha soldados mais fortes que a bruxa que estava a sua frente.— A sua aparência é realmente deprimente, em condições normais eu deixaria você escapar mas hoje você deve morrer para acalmar a minha ira. — Ele abanava a cabeça lamentando o azar da criatura a sua frente, mas não podia fazer nada senão um genocídio iria acontecer em Berlin Beach.

— Eu nunca havia encontrado um humano tão pretensioso, veremos se continuarás assim quando eu cortar a sua língua e remover lentamente os teus olhos do crânio. — A bruxa enraivecida moveu-se a uma velocidade incrível e em instantes apareceu em frente a Azazel, apenas alguns centímetros do seu rosto fazendo com que pedaços da sua pele respingasse sobre a cara do caído. — Eu vou comer-te vivo!, e fazer do seu sangue um delicioso vinho. —A sua boca repleta de dentes abriu-se de uma forma descomunal, tentando dilacerar o rosto de Azazel com uma mordida selvagem.
—É assim que deve ser! Não importa o oponente você deve sempre revidar. —Azazel agachou desviando da mordida e com a palma da sua mão ele deu um golpe no abdômen da criatura, porém o seu ataque foi em vão pois tocou somente a túnica da bruxa sendo que ela só tinha uma parte do seu abdômen.— Fascinante.

—Você ainda quer resistir. —A bruxa ficou mais agressiva girando o seu corpo completamente fazendo a sua pele esticar, as com as suas unhas tornaram-se em garras que emitiam gases corrosivos enquanto tentava atacar o rosto de Azazel, que defendeu o golpe com a mão entrelaçando os dedos da criatura. A bruxa deu um pulo quebrando o braço preso de seguida colocou os pés sobre os ombros de Azazel, tentado deferir uma mordida letal no pescoço do seu oponente.

—Você é insistente, gosto disso. —Usando o a sua mão livre Azazel socou a mão da bruxa obliterando o membro e de seguida arremessou a criatura que estava em seus ombros, a força do arremesso fez com que a bruxa voasse contra o troco duma árvore fazendo a mesma quebrar. —Infelizmente eu sou o seu oponente, acho que você percebeu que a morte é iminente.

—Irmãs!, venham ao meu auxílio. — A névoa condensou novamente mostrando silhuetas idênticas a da bruxa tentava se erguer sobre os fragmentos da árvore, silhuetas por fim tomaram a forma de  donzelas de cabelos grisalhos e olhos negros. —Ajudem-me a acabar com ele, se usarmos essa alma para o ritual seremos imbatíveis e poderes sair das sombras.

—Acabem com ele. —Disse uma das bruxas que  surgira da névoa com mas a boca estava repleta de dentes afiados, e uma grande quantidade de gases escapando dentre os dentes. —Hoje será uma banquete.

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