Capítulo 02 - Tormenta

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Em torno de quinze mãos projetadas da vontade de Leyraq começaram a realizar a busca de trouxas e itens necessário para partirem. O pequenino nem havia  trocado de roupa, pois sabia que algo aconteceria, assim como Wesser também. Estavam preparados até certo ponto e, acima de tudo, deveriam entender melhor a situação para conseguirem fugir. No entanto, quando aproximou-se da janela, um pequeno morro de terra prendeu seu pé. 

"Não, deixe comigo! Você precisa focar em criar o círculo para sairmos daqui, Leyraq! Os Executores chegaram e não podemos dar chance deles terem o que desejam." Exclamou com imponência e desfez o morrinho, seu marido havia entendido e concordado com a cabeça. "Vingança? Informação? Seja lá o que eles querem, se sairmos daqui, não conseguirão o que desejam!"

"E-Executores?! O mal sempre acha um jeito de surgir novamente, não é mesmo?" Toda a atenção de suas mãos, reais e arcanas, mudou para a ação de realizar o ritual para abrir um Círculo de Teletransportação, algo que demorou muitos anos para atingir a maestria. É sabido a demora para abrir-se um e todo tempo é válido enquanto os inimigos aproximam-se. "Levite todo o terreno da casa, Wesser! Menos pontos de contato!"

"Levitar?! Eu empurro e mantenho." Reclamou e, logo em seguida, urrou enquanto mantinha o centro de equilíbrio e fazia força com as mãos e pernas para que tudo fosse empurrado para os céus.

Todo chão começou a tremer e quase como se algo chutasse por debaixo do solo, todo o chão ao redor da casa foi aos ares. Pessoas de toda cidade, por um segundo, viram um casebre voar como um meteoro reverso pelos céus. Junto a isso, Leyraq ria por conta de Wesser achar tempo de retrucar até nas piores situações. 

No entanto, o sorriso durou pouco. 

O som dos ladrilhos estourando uma segunda vez e algo vindo com toda velocidade na direção do casebre, tal qual uma pedra é arremessada por uma catapulta, fez com que o casal não tivessem reação. A silhueta de uma pessoa zunindo pelos céus na trajetória necessária para cair rolando perfeitamente em frente a porta da casa deixou-os surpresos. Era enorme e totalmente armadurado. Um chute com suas botas de metal foi o necessário para arrebentar a parede e porta de pedra. Carregava consigo feições apáticas e uma espada do seu tamanho e inteiramente negra, tal qual os seus olhos. 

"Vamos acabar logo com isso, não façam essa cidade sofrer mais por culpa de vocês." Apesar de parecer com um humano, era claro que tinha sangue Gra'hazziano. Veias negras percorriam o seu rosto e seus dentes eram afiados, só não tão brancos quanto o seus longos cabelos lisos.

"Craxian?!" Leyraq exclamou surpreso, mas sem chance de continuar a falar, por ser interrompido. "Pelo visto deixou o ódio tomar conta..."

"Segure-se, Leyraq!" Wesser soltou a concentração da magia e os três começaram a cair. Na metade do caminho, porém, o chão rígido se desfez graças a alguma magia em uma grande esfera de caos, terra e confusão. Poeira levantou por mais de uma quadra e uma cratera do tamanho de uma casa foi formada.

Leyraq tossia, enquanto soltava-se de uma projeção de mão gigantesca que realizou para envolvê-lo como casulo. Ao tocar no chão, já saiu no encalço de Wesser que estava a alguns metros de pé e olhando intensamente para a Sangrado que realizou um salto inimaginável até os céus. Sua grande mão arcana tornou-se várias e, com um olhar, soube que precisava recomeçar o ritual para saírem dali. 

Wesser ouviu seu marido realizando o ritual e ficou aliviada, agora era questão de tempo até saírem e dependia dela dar este tempo a ele. Começou a olhar os arredores para tirar conclusões melhores do que fazer. Tinha algum tempo até que os seguidores do Sangrado conseguirem aproximar-se, até lá a complicação era o líder. Sabia que aquela espada de metal negro não era só de enfeite e que receber um golpe direto seria decisivo no meio da batalha. O que fez ambos darem o primeiro passo foi outro trovão explodindo entre as nuvens, um impulso que iniciaria a batalha em meio a tempestade.

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