São sinônimos

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Quando eu era pequena minha mãe costumava dizer: "Se não for para fazer direito, nem faça", era encantador escutar isso durante toda minha infância, caso não o fosse, ela continuaria falando que em algum dia da minha vida ela conseguia me ver sendo uma grande bailarina, o que a levou a me colocar em uma escola balé quando a minha idade condizia com a minha pergunta mais frequente, se eu deveria lavar o cabelo ou não. Todas as vezes que ela voltou nesse assunto eu sempre torci o nariz e disse que queria jogar futebol com os moleques, porque, para mim, eles eram muito mais interessantes e legais que as garotas.

Depois que eu aprendi os dias corretos da semana em que eu deveria lavar meu cabelo, começaram as perguntas do que eu gostaria de ser quando crescer. Todas as vezes que me perguntavam eu sempre respondia uma coisa diferente para cada pessoa, sendo que minhas opções mais plausíveis eram atriz, pianista ou astrônoma, isso quando eu não respondia coisas aleatórias apenas para a pessoa parar de me infortunar, quando na verdade eu só queria ser um ninja em paz.

Mas, eu tenho que aceitar o fato de que, em toda a minha miserável existência de 16 anos, onde eu mal consigo me lembrar de dez deles, jamais pensei que eu seria dançarina, ou sequer, bailarina, como minha mãe havia dito. Tenho certeza que se eu pudesse escolher a dedo jamais teria escolhido o ballet, assim como também sei que jamais teria essa felicidade em minha vida, já que havia descoberto uma das coisas mais importantes dela até agora. "A sorte é um acaso, a felicidade uma vocação", segundo Alexandru Vlahuta, que infelizmente é apenas conhecido por esta frase encantadora.

O sinal alto e agudo ecoou pelos corredores, nos avisando de uma forma dolorida de que estávamos liberados das aulas e que, finalmente, depois das longas nove horas torturantes, poderíamos ir embora.

Apoiando meus pés no chão, eu consegui criar apoio para me levantar do piso de madeira, enrolei a fita de minhas sapatilhas e as coloquei dentro de minha bolsa. Sentindo dores incomodas no meio dos meus pés e na ponta de meus dedos, manquei até o outro canto da sala aonde havia deixado minha mochila, todos os outros alunos estavam exaustos assim como eu.

— Yeon, querida, posso falar com você? - a voz de minha professora interrompeu meu ato falho de pegar minha mochila no chão sem perder o equilíbrio.

Olhei apara ela com cara de dúvida e a vi fazer um gesto com uma de suas mãos para que eu me aproximasse.

— Sim, madame. - respondo indo em sua direção enquanto era acompanhada por olhos curiosos durante todo meu trajeto até a outra ponta da sala.

— Me responda uma coisa... li seu relatório sobre a sua experiência aqui na Company of World Art Talents e, como sempre, você se destacou entre os demais, não só pela forma da sua escrita, mas...

— Mas...?

— Mas diferente, como sempre. - disse ela ajeitando uma mecha teimosa de seu coque.

Madame sempre insistiu em me denominar com essa palavra, nunca me ofendi em ser diferente, só não gostava quando as pessoas começavam denominar outras com palavras como se elas fossem resumidas apenas com aquilo.

— Entre os seus reconhecimentos, -continuou-, teve um deles que me deixou encabulada.

— Qual deles seria? - perguntei acertando o anel em meu dedo.

— O que você quis dizer com "Nada é por acaso"?

Ouvi o som de algum papel ser desdobrado e só assim percebi que ela lia meu manuscrito bem ali diante dos meus olhos.

— Não precisa ficar nervosa, mas é que eu achei curiosa a forma de como você definiu o substantivo coincidência.

— Eu prefiro chamar de destino.

➻:Symphony;.➻// M.y!Onde histórias criam vida. Descubra agora