Capítulo 47 - Sam

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Quando acabei de explicar o que aconteceu, o Harry está boquiaberto.
- Estou parvo. - Consegue por fim manifestar-se.
- Não sei se estou preparado para a ver. - Confesso.
- Vai ser o choque da realidade, mas sabes que isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde, por isso, para quê adiar?
- Tens razão.
- Está alguém com ela?
- Sim, a mãe e a irmã.
- Fazemos assim, assim que elas saírem, eu acompanho-te até ao quarto e espero por ti cá fora o tempo que for preciso, sem pressas.
- Estás mesmo bem com isso? - Pergunto inseguro.
- Claro, afinal de contas, foi eu que sugeri a ideia. - Sorri.
- És o maior!
- Claramente. - Ri.

Ficamos a conversar durante cerca de uma hora.

- Vamos para a sala de espera. Daqui a pouco devem passar-te a vez. - Diz Harry.
- Está bem. - Concordo.

Mal entrámos no hospital reparo na cara triste da irmã da Star. Ela olha em volta como se procurasse por alguém. Aproximo-me dela e ela vem ter comigo.

- Queres entrar? - Pergunta-me.
- Está tudo bem se entrar?
- Sim. Dirige-te ao quarto 313 e a minha mãe cede-te a vez.
- Muito obrigada. - Agradeço gentilmente.

Olho para o Harry e este encoraja-me a ir. Sorrio para ele. Volto-me para a frente e percorro o enorme corredor até ao quarto da Star.
Encontro-me agora de frente para o quarto. Inspiro fundo e expiro antes de bater à porta. A porta abre-se e por trás desta revela-se a Sr. Megan. Desenha um pequeno sorriso nos lábios, olha de novo para a filha e abandona o quarto.
Foi um pouco constrangedor este momento mas o pior está por vir.

Entro no quarto e fecho a porta atrás de mim.
Ali está ela, deitada na cama, ligada a um monte de máquinas, com uma expressão tranquila.
Caminho até ao pequeno sofá, que se encontra ao lado dela. Ganho alguma coragem e pego na sua mão. Assim que o faço, sinto um aperto enorme no coração. A sua mão está gélida. Nesse momento, deixei escapar as lágrimas que estava a segurar desde o momento em que a vi neste estado.
Inspiro fundo e expiro. Não me posso deixar ir abaixo, a Star precisa de mim. As pessoas dizem que quando falamos com alguém que está em coma, a pessoa em si consegue, no fundo, ouvir-nos e isso dá mais forças para lutar contra o seu estado inconsciente. Por isso, decidi falar com ela, mesmo não obtendo resposta da sua parte.

- Star? - Ouve-se a minha voz trémula, seguida do pequeno eco da sala.
- Star luta com todas as tuas forças. Eu preciso de ti, embora não o demonstrar.
- Sabes, não tenho hábito de demonstrar os meus sentimentos sempre os tento esconder num cofrezinho, fechá-lo a sete chaves e lançá-lo ao mar, para que as profundezas do mar o guardem. Mas sabes o que é mais engraçado? É que tu és igual. Aos olhos de toda a gente, aparentas ser alguém que não liga para a opinião dos outros, alguém segura de si mesma, confiante... mas aos meus olhos, na realidade, és só uma menina frágil, que apenas precisa ser protegida.
- Acima de tudo o que possa querer está o que tu queres. O que tu queres? Sair deste hospital, com esse sorriso brilhante e contagiante ou ficar aqui presa?
- Agora, vou ceder a vez para a tua mãe.
Largo a sua mão, limpo a minha cara, recomponho-me e levanto-me.
Aproximo-me dela e dou-lhe um beijo na testa. Caminho até à porta, olho para ela, suspiro e saio do quarto.






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