¬ CAPÍTULO 04 ¬

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Dylan

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Dylan

Enquanto o ônibus fazia uma curva, eu consegui enxergar, a alguns metros distância, um portal bem grande ue mostrava: "Bem-vindo a Campo Belo" e ao passar por debaixo dele, foi como ultrapassar um portal para um mundo completamente diferente. E eu ainda não sabia se esse novo mundo era bom ou ruim, só o que eu sabia era que ele tremia. O ônibus abandonou uma via de asfalto para entrar numa que fez tudo sacudir e, à medida que ia avançando por ela, em alguns pontos mais críticos fazia meu corpo chacoalhar, debater contra o banco, e isso me obrigava a travar a respiração por conta da pontada que sentia nas costelas. Doía pra caralho! Emiti um gemido de dor pela garganta.

Gemi também por me sentir ansioso, o ônibus na rodoviária já estava de saída, eu acabei não ligando para o número anotado por minha mãe, lógico que usar meu celular estava fora de cogitação, teria de usar um telefone público, então certamente eu deveria ter feito nas paradas seguintes que aconteceram, no entanto, não fiz. Primeiro porque eu não desci em nenhuma delas — não estava disposto a ficar dando sopa para o azar, e evitar deixar rastros era fundamental para que eu não fosse encontrado tanto pela polícia quanto pela gangue do Tarso. E sinceramente, não sei qual era o pior. Segundo porque eu estava com um puto receio de saber como Lívia reagiria. Ou melhor, o que eu diria a ela? Que eu era um bandido, que matei o líder de uma gangue e que estava fugindo? Ninguém iria querer um cara como eu por perto. O plano formado no calor do momento da emoção após ler a carta era sem cabimento.

Mesmo Lívia sendo uma boa pessoa, como relatado por minha mãe, era desconcertante chegar a um lugar e pedir abrigo a alguém que eu nunca sequer vi na vida, e eu apostava que quando ela soubesse dos motivos que me levaram para Campo Belo era bem provável e até natural que se negasse a me acolher.

— Droga... droga... droga! — Esbravejei olhando pela janela.

O sol do final da manhã refletia no vidro, franzi a testa e fechei um dos olhos; espiando a rua lá embaixo, o ônibus tinha alcançado o centro da cidade. Ele se movimentava numa quilometragem baixa, o que me deu a chance de observar tudo, até abri o outro olho para enxergar melhor. Os comércios eram de tamanhos modestos, mas com placas de identificação bem chamativas por sinal. Reparei que as pessoas caminhavam com calma, não ostentavam preocupação em seus semblantes e notei até que elas paravam para conversar umas com as outras, o que é algo tão diferente de um grande centro urbano.

Diferente também era uma rótula coberta por uma grama bem aparada e flores, no meio dela havia um grande letreiro. As letras feitas de cimento e pintadas de amarelo formavam o nome "Campo Belo", que ao que tudo indicava se tratava de uma pequena e interiorana cidade, que certamente era o tipo de lugar cheio de costumes e valores e era bem provável que, além de pacato, o povo também era preconceituoso com tudo aquilo que fugisse do padrão deles. Um padrão que eu já pude identificar nessa breve análise — pessoas decentes, educadas, bem-humoradas, amigáveis. Certinhas demais, bem diferente de mim.

Meu Lírio do CampoOnde histórias criam vida. Descubra agora