¬ CAPÍTULO 05 ¬

359 108 29
                                    

Dylan

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Dylan

Os quilômetros que percorremos em uma estrada de chão serviram para eu saber que Lívia era uma boa ouvinte. Ela me deixou contar toda a minha história sem interrupções e eu fui honesto em cada ponto, inclusive do desfecho da briga que me levou

— Sabe, Dylan, todos nós passamos por fases difíceis, todos nós cometemos erros. O importante é querer não os cometer mais. Aqui você terá a chance de fazer as coisas . E eu acredito que fará. Além disso, estará protegido.

Eu a agradeci. Eu realmente a agradeci percebendo o quanto ela era uma pessoa compreensiva e também uma boa motorista. Em alguns trechos de morro Lívia acelerava fundo deixando um rastro espesso de poeira para trás, e quando atravessamos uma ponte de madeira sobre o rio, ela me contou que a nascente dele era em uma linda cachoeira, o que me deixou um tanto entusiasmado por conhecer o lugar, eu nunca tinha visto uma cachoeira. O visual de onde eu morava era totalmente diferente de Campo Belo, enquanto que nele as belezas naturais reinavam, em Esperança os prédios de fachadas grafitadas e ruas de asfalto sujas eram predominantes. Até o ar que se respira era outro, livre da poluição. No entanto, o ar dentro da casa de Lívia estava um tanto pesado e era horrível admitir isso, mas fui eu quem o deixou assim. E então a certeza de que eu ficaria em Campo Belo começou a se dissipar.

E eu não sabia o que era pior: ficar sob o olhar vigiante e examinador de duas crianças ou ter de ficar ouvindo a discussão de Lívia e o marido por minha causa. Eles foram para a cozinha, e mesmo à porta fechada era possível ouvi-los falando, às vezes eram só cochichos, e às vezes as palavras ficavam nítidas, o que me colocava numa angústia.

Eu não deveria ter vindo, não deveria.

— Você vai ficar no quarto do nosso irmão? — A garotinha perguntou. Ela estava sentada num sofá grande em frente à poltrona em que estava.

— Fica quieta, Anabel. — O irmão ao seu lado advertiu.

O garoto tinha doze anos de idade enquanto a menina, cinco. Lívia me disse as idades de seus filhos quando me apresentou a eles e tanto um quanto o outro não desviou a atenção de mim desde que fomos deixados sozinhos na sala. Quem também permanecia atento, no chão ao lado do sofá, era um cachorro de pelagem negra da raça labrador. Seu tamanho imponente assustava.

— Não estou falando do seu quarto, Benjamim, e sim o do John — ela explicou mirando a lateral do rosto do irmão, depois voltou a me olhar e contou: — John é nosso irmão mais velho, mas ele não mora mais com a gente, ele mora no céu.

— Eu já disse pra você ficar quieta, Anabel.

Outra vez o irmão a repreendeu e eu percebi em sua voz, ainda infantil, um tom amargo. Eu não sabia se era para demonstrar a mim que eu não era bem-vindo, ou pela irmã me contar sobre o irmão morto. O fato é que a triste informação me causou um choque e eu não consegui dizer nada, apenas deslizei a mão pela testa suada. Estava calor, eu estava nervoso e ainda de moletom, o que me fazia cozinhar dentro da roupa pesada.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 29, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Meu Lírio do CampoOnde histórias criam vida. Descubra agora