¬ CAPÍTULO 02¬

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Dylan

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Dylan

Dei um soco na mesa e bradei:

— Você deveria ter me deixado matar aquele desgraçado! Agora não estaríamos com a polícia rondando por aqui — completei chateado, encarando Victor sentado à minha frente.

Ele escorregou na cadeira, apoiando as costas no encosto dela. Fiquei impressionado com a calma que ele conseguia ter quando tudo estava uma grande merda.

— Vai por mim, Dylan. Você não ia querer carregar o peso da morte de alguém, nem mesmo se esse alguém fosse o traste do Paulo César — ele concluiu de maneira incisiva.

— É, só que o que vamos fazer? Desde que ele se juntou com o pessoal do Tarso, nossos problemas começaram. — Esfreguei os dedos pela minha testa suada.

Estávamos no escritório de Victor, que na verdade era um container dentro do galpão. O calor de janeiro, a irritação me consumindo e o local nada arejado contribuíam para que transpiração dos meus poros aumentasse.

Irritação causada por Paulo César, como sempre ele conseguia fazer isso comigo. Eu juro que preferiria ter o matado, mas Victor chegou bem na hora que eu estava acabando com ele e me impediu de terminar o serviço.

Paulo César saiu do galpão como um cão enxotado e encontrou abrigo com a gangue rival à nossa. Tarso, seu líder, era um homem sem um pingo de escrúpulos, e não estava nem um pouco preocupado em promover caos e desgraça no populoso Distrito de Esperança.

O nome dado ao lugar era bem representativo, era o que justamente significava para muitas famílias — esperança. O aglomerado de bairros cresceu na velocidade da luz, de início de uma forma truncada, sem planejamento algum, depois foram tentando organizar a bagunça. E até moradias sociais foram construídas. Eu vivia em uma delas, o apartamento de valor baixo pôde ser comprado por meus pais depois da venda do único bem que possuíam: um automóvel. E, assim como meu pai e minha mãe, os moradores do distrito eram pessoas simples que ralavam muito para conseguir conquistar alguma coisa. Mas como todo lugar populoso e às margens de grandes centros urbanos, o distrito tinha suas mazelas sociais, e gente como o Tarso e sua gangue se aproveitavam disso, disseminando pânico com uma violência aleatória; roubando casas, carros e aliciando menores no tráfico de drogas. A situação até tinha um certo controle, era Victor quem fazia isso, pois é o líder de outra gangue, mas que por sua vez, diferente de Tarso, ainda detinha algum tipo de escrúpulo, ouso dizer que muito. Victor respeitava os moradores de Esperança, ele nasceu junto com o lugar. Ele o protegia.

Isso não fazia de nós santos, ao contrário, também éramos bandidos. Bandidos especializados em roubar carros de luxo. E se existe alguma desculpa para tal ato ilícito, é que nós o fazíamos em regiões onde a grana come solta, onde os donos dos carros são pessoas que possuem uma gorda conta bancária e ainda com um bom seguro, que lhes  a perda do bem. O que era uma realidade totalmente diferente dos moradores de Esperança.

Meu Lírio do CampoOnde histórias criam vida. Descubra agora