Dylan
— Saia de cima dela, seu verme! — Vociferei encarando as costas de Paulo César.
O movimento de suas mãos percorrendo a lateral das coxas de Jéssica, ainda cobertas pelo jeans, travou ao som da minha voz.
— Caia fora, Dylan!
Ele cuspiu a ordem e depois voltou a tocá-la empurrando o quadril contra a garota abaixo de si. Ouvi o choro abafado que saía de sua encoberta pela boca nojenta do sujeito.
Fechei e abri os olhos com força. Eu detestava ouvir uma mulher chorando, toda vez que isso acontecia eu me lembro dela e da dor que seu choro me causava.
— Eu não me meto nas suas transas, não se meta nas minhas. — Paulo César completou com raiva, olhando por cima dos ombros.
Não prestei atenção por muito tempo em seus olhos vermelhos e apertados, resultado certamente do baseado que devia ter fumado antes de começar a fazer toda aquela merda, o choro de Jéssica se tornou mais alto, e minha atenção foi para ela. Vi o medo transbordando em suas feições e a pele morena de seu rosto passava a ganhar um rubor maior a cada segundo. Seus seios estavam expostos, o que me fez desviar de imediato a atenção deles, eu não queria aumentar ainda mais o seu constrangimento.
Nós nos conhecíamos desde que éramos crianças, ela sempre foi muito bonita; na fase da adolescência, quando o seu corpo foi ganhando formas, eu até senti alguma atração por ela, só que eu sabia que era apenas isso. Eu gostava dela apenas como amiga. E eu não iria magoá-la, enganando-a com outro tipo de sentimento só para poder apalpar os avantajados seios, ou qualquer coisa do tipo. Nossa amizade vale mais que isso.
Sem contar que Jéssica era a neta da pessoa mais bondosa que eu conhecia. Às vezes, me perguntava o que teria sido de nossa família (no tempo em que éramos uma família) se não fosse a Dona Abigail.
Todos os dias que minha mãe esteve doente numa cama, era a senhora do apartamento em frente ao nosso que nos levava um prato de comida. Nessa época até tínhamos alimentos na despensa, mas não tínhamos quem preparasse. Para minha mãe, aos sete nos de idade eu era novo demais para lidar com o fogão, só que, ironicamente, tive que lidar com sua doença e sua morte. Meu pai até tentava preparar algo quando chegava tarde da noite depois do trabalho, só que ficava uma porcaria. Então Dona Abigail gentilmente cozinhava para nós.
— Saia de cima dela! — repeti furioso. — Deixe a garota em paz! — ordenei agarrando Paulo César pelo cós de sua calça.
— Qual é a sua, idiota?! — questionou, empertigando-se. — Todo mundo vive fodendo aqui no galpão, você mesmo, cada noite está com uma vadia diferente. Por que eu não posso, hein?! — Suas mãos avançaram até meu peito, empurrando-me.
Paulo César só podia estar muito chapado mesmo para ter tanta coragem para me enfrentar. Ele sabia que eu quebrava ossos com facilidade, em especial os da face. Não me custaria nada quebrar o do nariz dele.
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Meu Lírio do Campo
RomanceMeu Lírio do Campo | DEGUSTAÇÃO E-book completo na Amazon ******************************************************** Sinopse: Integrar uma gangue de ladrões de carros de luxo, não fazia de Dylan a melhor pessoa, tampouco a pior. Fatos da sua infância...