Galáxias e Margaridas.

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- Peço perdão, meu senhor...

Jon olhou no que, ou mais precisamente em quem havia tropeçado.

- Não se preocupe...

Seus olhos no silêncio do primeiro momento encontraram os dela.

Galáxia não pôde deixar de perceber que os olhos que se encontraram aos dela eram de uma pura dimensão do que conhecia como belo. Ele era lindo, muito lindo mesmo, mas não da forma angelical da maioria, não como o lorde do inverno, Eirwyn, Elijah ou Sol, seu irmão mais velho, ele tinha algo de diferente e a garota conseguiu captar isso apenas em seu olhar, mesmo porque era tudo o que conseguia ver já que o rapaz misterioso usava uma máscara preta.

- Me desculpe, meu lorde.

Ele sorriu para ela completamente sem graça e fascinado ao mesmo tempo, Jon estava começando a ficar hipnotizado por seus olhos violeta destacados naquela bela máscara cor pérola.

- Não se preocupe, eu que nunca presto atenção por onde ando, e também não precisa me chamar de lorde, tenho quase certeza de que não sou um.

Galáxia sorriu.

- Quase certeza?

- É que... as vezes você... pode se surpreender com as reviravoltas da vida, por exemplo, um dia você vive com seus pais sem nada com o que possa se orgulhar, e no outro aparece em um baile e esbarra nos mais belos olhos que Deus poderia criar... Em casos extremos, descobre ser da realeza.

Um vermelho invadia o rosto da jovem, e seu sorriso continuou a brilhar de orelha a orelha.

- Isso foi muito gentil, meu lor... desculpe, mas já que não posso chamar vossa pessoa com esse título, por qual nome gostaria que eu o chamasse?

- Jon. Pode me chamar de Jon.- Respondeu sorrindo.- E quanto a você, bela senhorita com lindos olhos?

Galáxia tinha conhecimento que o que estava prestes a fazer era errado, mas aquela também era sua chance de ser outra pessoa, pelo menos por essa única noite.
E também, tinha certeza de que nunca veria o libertino fingindo ser um cavalheiro, novamente.

- Pode me chamar de Daisy. Sem títulos, sem uma grande casa, apenas eu, Daisy.

- Bem, é o mais lindo nome que pertence aos mais lindos olhos, minha bela flor.

- Você é um galanteador, não é?

- Eu? Apenas quando esbarro em damas em bailes da realeza é claro.

- E vai à muitos bailes da realeza?

- Na verdade, este é o meu primeiro.

Galáxia mordeu o lábio inferior, era uma coisa que fazia quando sentia-se desconfortável, talvez a situação toda de estar tão encantada com Jon a incomodava de alguma forma.

- Sei que esse convite pode soar um tanto inoportuno, inadequado ao seus olhos, porém, essas festividades são na maioria das vezes uma chatice, se me permite dizer, então, gostaria de saber se vosmecê, desejaria dar uma caminhada comigo. O que me diz?

Jon sorriu surpreso com a oferta da jovem que ele acreditava se chamar Daisy.

- Eu adoraria.

Galáxia sorriu tímida e surpresa pelo fato do rapaz ter aceitado seu convite, ela não estava com medo de sair andando à noite com um estranho mascarado, sabia muito bem se defender. Um sentimento de ansiedade chegou a apertar um pouquinho o seu peito, o sair da rotina era assustador, no entanto a monotonia de seus dias apenas a encorajava a tentar algo novo, mesmo que esse novo fosse uma mentira.

Jonathan por outro lado estava em pânico, um humano em um mundo, um tempo desconhecido, sabendo que podia ser descoberto ou até mesmo morto a qualquer momento, porém essa brecha, essa garota, o fazia se sentir seguro, o que era de fato muito estranho diga-se de passagem e perigoso também.

Jon então, ofereceu a "Daisy" seu braço direito para que assim os dois pudessem caminhar lado a lado, pelo menos esse era o pensamento que se seguia na cabeça do humano, porém ele não fazia ideia para onde a guiaria já que só a encontrou porque estava perdido.

Galáxia sorriu novamente, era impossível não olhar para o loiro e ter essa reação, ele era simplesmente magnífico. Percebendo que Jon estava um pouquinho desnorteado com a questão da localidade das saídas e entradas da mansão, a jovem da Casa do Céu então o conduziu até o belíssimo jardim da propriedade.

- Quantos anos tem, Jon? Se não se importa que eu o faça essa pergunta é claro.

- E por que eu me importaria?- Perguntou o humano sorrindo e fazendo Galáxia repetir o gesto.

- Bem, alguns homens não gostam desse tipo de pergunta.

- Hum, é mesmo? Que eu saiba, quem não gosta é as mulheres.

- Touché.

A noite tinha mais estrelas que o normal, isso era algo muito bonito de se ver, todavia, era outra coisa que os dois estavam a admirar.

- É claro que não me importo que saiba minha idade, eu tenho 19 anos, bem na verdade faço 20 daqui á duas semanas...

- Parece mais novo que isto.

- Obrigado, sei que isso não é verdade, mas agradeço mesmo assim. E quanto a vossa senhorita?

- Oh não, não se deve perguntar a idade de uma dama, Jon, isso é inaceitável. - Disse a garota fingindo estar ofendida.- Tenho 20, mas não espalhe por aí.

- Jamais faria algo do tipo.- Falou Sorrindo.

Durante alguns segundos os dois ficaram em silêncio apenas sorrindo, não foi algo constrangedor, foi algo bom.

- Não acho que o tenha visto antes... mas me parece estranhamente familiar, Jon.

- Engraçado, não é? Parece um grande e vergonhoso clichê, mas sinto exatamente a mesma coisa.

Os dois se sentaram em um banco de mármore localizado no centro daquele belo jardim.

- De onde você veio?- Perguntou Galáxia ainda fascinada com tudo em Jon.- Sinceramente acho que o conheço.

- Talvez nos conheçamos de sonhos.- Ele fez uma pausa. - Belos e maravilhosos sonhos com certeza.

A garota começou a rir.

- Meu Deus, essa foi horrível!- Então riu mais ainda e o loiro fez o mesmo.

Jonathan por um segundo se esqueceu porque o mesmo estava ali e Galáxia esqueceu porque não queria estar.

- É uma bela noite, acredito que nunca vi o céu tão estrelado como está noite.

- De fato, talvez o céu esteja de certa forma, muito, muito feliz está noite.- Disse a garota sorrindo.

- Posso assegurar-lhe de que ele não é o único.

De repente a única coisa de que ambos achavam que tinham certeza era que um pertencia ao outro, apesar de ser loucura, apesar de mal se conhecerem, apesar de apenas enxergarem os olhos um do outro, apesar de tudo isso que não fazia sentido nenhum, os dois sabiam, ou pelo menos pensavam que não tinha mais volta e naquele momento, Jonathan não estava querendo voltar.

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