O Garoto que Gostava de Brincar com Humanos

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Elijah e Jonathan entraram em um acordo temporário de paz, ambos perceberam que por agora a trégua era a melhor opção já que os dois se encontravam em situação parecida de estar no escuro, ou pelo menos era essa a história que Jon gostaria de acreditar.

Os cavalheiros estavam a caminho da sala principal, onde Estrela, Galáxia, Lua e Júpiter estavam discutindo os preparativos do casamento da mais velha.

- Que tal Ariel? É sofisticado, inteligente, sem distinção de sexo.- Falava Galáxia lendo um livro no canto ao lado da lareira.

- Significado?- Lua perguntou.

- Leão Divino.

- É um belo nome.- Comentou Estrela em um tom um tanto tímido.

- De fato, mas não é o que me está destinado, não senti tanto impacto assim.

- Lua, pelos céus, nenhum nome lhe agrada!- Disse a mais nova já sem paciência.

- O que está acontecendo aqui?

As damas e Júpiter se assustaram ao escutarem a voz de Elijah vinda do nada.

- Ah meu amor, que bom que está aqui, estamos escolhendo meu futuro nome.

- Mas já? Não é um pouco precipitado?- Agora era a voz do Duque em pessoa que havia adentrado o local.

- Vossa Alteza.- Disse Elijah assim que viu seu futuro sogro, o mesmo deu um tapinha em Jon para que o humano fizesse a reverência também.

- Não, não. Já disse mais vezes do que posso contar de que essa formalidade não é necessária perante à mim, Elijah, e isso serve para você também, Jónatas.

Jon assentiu com a cabeça.

- É claro que não está cedo, papai. O casamento é em menos de três semanas.

Mercúrio acabou sentindo-se envergonhado, o casamento de sua filha estava mais perto do que se lembrara.

- Entendo, realmente está um pouco em cima da hora.- O Duque seguiu e se sentou na cadeira mais próxima massageando as têmporas.- Acabei esquecendo, Lua minha filha, perdão. De fato o nome tem de ser decidido o mais rápido possível, mas é que há tanto na minha cabeça no momento.

- O que houve, meu Duque?- Perguntou Estrela se aproximando do marido.

- Um dos escravos tentou assassinar-me porque perdeu sua esposa no recente parto de sua filha.

Jon até então quieto e sem prestar atenção em toda aquela situação se viu agora focado em escutar cada detalhe daquela conversa.

- Pelos céus, que horror!

- Papai, como assim, como... como puderam atentar contra sua vida dessa maneira? O senhor está bem?- Agora Galáxia falava aflita e despertando a atenção de Jonathan que até então não havia notado sua presença. Na verdade grande maioria dos rostos ali presentes eram novos para ele.

- Sim querida, estou bem agora, não se preocupe.

- Não nos preocupar? Papai, isso é uma afronta enorme!- Exclamou Lua.

- Papai, Lua está certa, como um humano teve a audácia de ter tal atitude.- Disse o caçula.

- Júpiter, essa conversa não é para crianças, vá aos seu aposentos de imediato.

- Mas...

- Júpiter, ouviu uma vez e uma vez apenas deve ser ouvida, agora obedeça vosso pai.- Disse Estrela em um tom severo.

O pequeno acatou as ordens que lhe foram dadas, mas não estava feliz em fazê-lo.

- Como isso veio a acontecer, meu senhor? - Perguntou Elijah com cautela, com certeza sabia mais do que clamava saber.

- Queria eu saber, porém você sabe mais do que qualquer um como imprevisível e violenta essa espécie é.

Elijah assentiu e por um momento abaixou a cabeça, Jon percebeu que o celestial fechou os olhos com raiva, foi algo muito rápido, mas Jonathan notou.
O humano sabia que o simpatizante da causa de salvação dos humanos tinha algum tipo de mágoa contra essa espécie, isso era evidente, principalmente depois das "conversas" que tiveram, mas agora ao dizer do Duque, que ele sabia bem como os humanos podiam ser, isso foi a confirmação de Jon de que tinha algo que Elijah estava omitindo.

- Papai, eu estava pensado, e se os humanos tivessem algum tipo de exemplo para aprenderem a se comportar? - Falou Lua. - Eu já pensei nisso antes quando vi um deles tentando me olhar pela janela, mas deixei passar porque não valia a pena, era um do tipo novo e não me importei, mas isso é outro tipo de situação.

- Lua, as coisas que estão acontecendo ao nosso redor no momento são muito mais complicadas do que lidar com um simples garoto pervertido no começo de sua puberdade, o que aliás já devia ter nos contado, mas a questão é que o homem estava transtornado, não posso culpar o pobre coitado, eu já passei por sua situação de perda e não recomendo.

Estrela abaixou a cabeça sabendo muito bem que agora era na primeira esposa que o Duque pensava.

Não que não gostasse de Vênus, a primeira esposa de seu marido, ela sempre respeitou e aceitou que a primeira era o destino dele, sabia que nunca chegaria aos pés da mesma.
No quesito de paixão e desejo, sabia que era o que mais existia entre seu marido e ela, porém, na verdade ela tinha para si que nunca teria o amor do Duque, não inteiramente.

- Devia se sentir mais do que contente, a mulher morreu, mas se foi em um parto, devia ser muito grato por ter ganhado um filho, filha, tanto faz. A criança podia ter morrido junto com a mãe, logo um filho, por mais que humano é uma dádiva, certo?-Era Lua falando mais uma vez.

- Sinceramente duvido que a criança seja dele, eu o tinha mandado para a fazenda da sinfonia messes atrás junto com o seu filho mais velho, acredito até que seja o pervertido da janela de Lua, eles ficaram lá quase três meses ajudando Adágio com a lavoura, quando voltou, a mulher já devia estar com umas quatro semanas de gestação.

- Tenho para mim, infelizmente, que André seja o pai, conheço bem o meu irmão para saber  que ele adora brincar com as humanas, só que duvido muito que elas compartilhem do sentimento.- Disse Estrela com certeza e displicência.

- Mesmo que André tenha feito algo, não temos nenhum tipo de prova, meu senhor, além do mais... Era uma humana, o pai pode ser qualquer um. - Disse Elijah intervindo na conversa.- André é seu cunhado e ela era apenas uma qualquer.

Ao escutar aquelas palavras Jonathan tentou controlar sua raiva, ele estava lá, nos momentos finais daquela mulher e apesar de não conhecer a moça, a difamação a sua pessoa o incomodava bastante.

- Ela era uma humana sim, mas isso não tira o fato de que se foi forçada a algo, e ainda mais forçada por um relativo meu, a justiça tem de ser feita.- O Duque agora se levantava da cadeira.- Elijah, chame André, quero falar com o meu cunhado nesse instante.

- Sim senhor. - Disse assentindo formalmente. - Venha comigo Jonath... Jon.

Jonathan percebeu o erro que Elijah iria cometer mas não cometeu, mas percebeu que ninguém havia notado o erro além do mesmo, e assim como mandado o seguiu para fora da sala.

Galáxia ficava seguindo o olhar de Jon discretamente para ter a certeza de que era ele o rapaz do baile de máscaras do cortejo, ela sabia que era, mas não ter completa certeza a confortava de alguma maneira.

No entanto lembrou-se que percebeu suas mãos fechadas em um punho tentando conter uma certa fúria quando estavam falando da humana morta, então soube com absoluta certeza, pois ali jazia sua confirmação, era ele, Jon, o garoto que gostava de brincar com humanos.

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