Chapter 2

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Depois daquele dia, todos os dias Paul vinha me visitar, a gente conversava ( a maior parte da conversa por parte dele ) e ele também me ensinou algumas coisas, me deu livros e alguns jogos antigos que eram da época que ele era criança. Ele me contou um pouco a sua história, ele perdeu o pai quando era bem pequeno, foi criado pela mãe em Seattle, e agora vive em uma cidadezinha na Califórnia, tem alguns parentes em Quebec, por isso sabe francês fluentemente, ele é homossexual, e casou a uns meses, hoje ele me prometeu que iria me apresentar a seu marido. Eu já estava na amostra, quando vi quem eu queria, Paul veio direto para mim, com um homem de cabelos loiros e olhos dourados atrás dele, ele parecia bem calmo , e Paul era só sorrisos. Me levantei, mas continuei no mesmo lugar.

- Olá Arthur! - disse Paul me abraçando - eu disse que traria Jason para você conhece-lo. Então, Jason, Arthur. Arthur, Jason.

Disse ele apontando para cada um de nós, ele estendeu a mão e eu a apertei, quando eu estendi um pouco o braço, a manga da minha blusa levantou um pouco, revelando meus cortes. Jason pegou meu braço e levantou ainda mais a manga, mostrando novas e velhas cicatrizes, até o cotovelo, ele passou o dedo levemente nos cortes, e olhou para mim com um olhar triste.

- Arthur... Eu disse para você parar de se cortar! - disse Paul já gritando - VOCÊ VAI ACABAR COM SUA VIDA, NAO PODE FAZER ISSO , PRIMEIRO SÃO OS CORTES DEPOIS O SUICÍDIO -

- Eu já tentei suicídio . - disse eu calmo.

Ele agarrou o colarinho da minha camisa e me puxou mais para perto e continuou a gritar comigo, eu não reagia, mas cada palavra que ele dizia era uma faca no meu peito. Até que Jason o soltou de mim , e eu fui andando até a porta, como se nada tivesse acontecido. Fui até meu quarto, e fiz o que sempre fazia. Já tinha feito 8 cortes, quando alguém bateu na porta, era Paul.

- Me desculpa por ter gritado com você , por favor abre a porta, eu sei que não é assim que se lida com isso, eu sei que você tem problemas, por favor, abre a porta.

- Arthur, é o Jason. Eu sei o que é se cortar , sei que tem problemas, quando tinha sua idade eu também me cortava, e sei que é difícil passar por isso sozinho, mas nós queremos te ajudar, mas para isso você tem que confiar em nós, por favor deixe-nos entrar.

- Escuta, se o problema for comigo eu saio, estou saindo ok? Ai você conversa com o Jason está bem?

- Ok. - respondi, e fui abrir a porta ainda com os braços sangrando. A abri e puxei Jason para dentro rapidamente. Ele olhou para meus braços e me puxou para cama e começou a cuidar dos cortes. Quando ele terminou me olhou , olhos nos olhos. Eu não sabia o que dizer, só o encarei de volta, depois de um tempo ele suspirou e disse :

- Você sabe que isso não faz bem para você não sabe? - assenti - sabe que isso pode te matar? - novamente - então, por que se corta?

- Porque... Porque você não sabe pelo que eu passei, pelo que eu sofri, não sabe o quanto dói saber que foi você que matou seus próprios pais simplesmente por existir, e não poder confiar em ninguém , sem ter a dúvida que ele algum dia vai te machucar, e fazer você ...

Nessa hora eu já estava chorando, lembrando de tudo, do bullying, da morte dos meus pais, das tentativas de suicídio, dos cortes, de tudo que já havia feito com que eu sofresse. Quando ele viu que eu chorava, me colocou em um abraço forte, passando a mão em meu cabelo e minhas costas, enquanto cantava uma música que a muito não ouvia.

Close your eyes,

I know what you see,

The darkness is high,

And you are in ten feet deep.

But we've survived,

More terrible monsters than sleep,

And you know I, will be here, to tell you,

To breath.

Tu sei il mio Soldatino,

La ragglione per cuí vivo,

Non ti scordar di me

Io vengliero su dite

( ouçam essa música, Soldatino, Paola Bennet )

Devo ter dormido nos braços dele, por que quando acordei, estava deitado na minha cama, com Jason e Paul dos dois lados da cama hora me observando , hora conversando . Quando notaram que eu estava acordado, Jason passou a mão no meu cabelo sorrindo, eu grunhi ( nem sei se essa palavra existe ) e coloquei o cobertor encima da minha cabeça, fiquei por um tempo assim até que Paul me sacudiu.

- heeei, acorde, temos uma surpresa para você. Eu sei que você fica de mal humor quando te acordam cedo, mas aposto que isso vai te deixar feliz.

Me levantei esfregando os olhos.

- O que é?

- Antes tome um banho e coloque uma roupa, te espero lá fora.

Ele saiu, e eu tomei um banho, coloquei o de sempre, camisa do Avenged Sevenfold, skinny jeans preto, botas de combate e uma blusa de couro preto que estava um pouco larga para mim. Quando eu sai, Paul e Jason estavam se beijando.

- Que nojo.

Eles pularam literalmente, e eu ri um pouco. Ficamos em silêncio por um tempo , até que Jason perguntou desapontado :

- Você é homofóbico ou algo assim?

- Como posso ser homofóbico se eu sou homossexual?- disse rindo um pouco, eles me olharam chocados - que foi, viu fantasma?

- Não, é só que... - disse Jason, olhando para baixo , tímido - não imaginei que você fosse homossexual.

- O garoto problemático, depressão, TDAH, dislexia, suicida, homossexual, stress...pacote completo não acham?

- Você esqueceu, Rei do Sarcasmo.

Ri um pouco , e perguntei :

- Então qual a minha surpresa?

- Contamos agora?

- Não sei, acho que ia ser legal manter a surpresa até lá.

- Eu não sei, vamos acabar matando o garoto de ansiedade-

- Ei, eu estou aqui, e estou ouvindo muito bem, só me falem logo.

- Bem, digamos que esse não vai ser mais o lugar onde você vai ficar.

- Você quer dizer que...

- Nós vamos te adotar, na verdade já adotamos, você vai pra casa com a gente hoje.

Demorou um pouco para cair a ficha, mas logo eu fui correndo abraçar dois, Paul aproveitou e me pegou no colo e depois colocou no ombro, e começou a andar, ainda comigo no seu ombro.

- Ei! Isso é jeito de se tratar o seu novo filho!

- Para mim é - ele disse rindo e me pegando no colo novamente, por que eu tinha que ser pequeno? - principalmente quando esse é o único jeito de fazer o pequeno sorrir.

Ri alto, pela primeira vez em anos, ri sem disfarçar nada, somente um riso de algo que também não sentia a anos. Felicidade.

~

Yeeeaaaahhh !!!! 2 votos!

Obrigada Sofia Cordova e Giulia Tacca! Próximo capítulo com3 votos nesse capítulo!

Okay? Okay.

Bye!

Garoto Problemático (Boyxboy)Onde histórias criam vida. Descubra agora