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 Quando Mariano tinha quase um ano gostava de correr. Um bebê gordinho, de pele alva, herdada do pai de origem alemã, assim como o pouco cabelo loiro esbranquiçado e de olhos azuis herdados de ambos os lados – mas Kauê jurava que eram iguais os de Mariana.

 - Kauê! Não deixa o Mariano ir para a rua que está frio lá fora! – Mariana avisara, embora, de qualquer forma, a porta-janela fosse pesada demais para o pequeno abrir. Ela, assim como Lídia, apenas gostava de ver os filhos agindo como irmãos.

 - Tá!

 Kauê, sempre protetivo, pegara o pequeno pela cintura, erguendo da melhor forma que conseguia dado seu tamanho de cinco anos recém-feitos e o peso pouco acima do bebê, trazendo o pequeno para o tapete da sala. Mariano ria e se divertia simplesmente por ser carregado.

 - Quando não estiver mais frio lá fora ele já pode jogar bola comigo, tia? – Kauê indagara enquanto sentava Mariano no tapete, em frente as peças de madeira que usavam para montar uma casa.

 Mariana trocara um olhar com Lídia. Desde que nascera Mariano fora uma criança mais sensível do que Kauê. Tinha alergias incontáveis, asma, pele sensível até mesmo ao sol... Diferente de Kauê, quem sempre tivera saúde de ferro e adorava correr na rua. Lídia não achava um problema deixar os filhos se entenderem jogando bola, já Mariana, quem passara por três abortos, temia até mesmo as coisas mais banais.

 Enquanto isso, Kauê censurava Mariano quando o pequeno tentara colocar uma peça na boca.

 - Eu acho que quando estiver menos frio, com supervisão, vocês podem jogar bola no pátio, você não acha, Mari? – Lídia tomara a iniciativa, suavizando o máximo possível e conseguindo fazer a amiga concordar.

 - É... Eu acho que no pátio e com um tempo melhor tudo bem...

 Kauê comemorara, quase assoviando, fazendo Mariano parar o que estava fazendo e rir. Para a infelicidade das mães, Kauê descobrira naquele dia que gritos semelhantes a assobios faziam a felicidade do pequeno e repetira muitas, muitas vezes...

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 - Amiga, você precisa vir agora! O Mariano acabou de falar mamãe! "Mama"! – Mariana entusiasmara-se ao telefone, compartilhando o momento com a amiga antes mesmo do marido quem, infelizmente, saíra com os amigos naquele sábado.

 Quando Lídia chegara, com Kauê, encontrara a amiga encantada, com lágrimas nos olhos e o filho no colo.

 - Ele está me chamando de mama!

 Os olhos azuis de Mariano voltaram da mãe para a tia, então descendo para o descendente indígena ao lado desta.

 - Uê! – ele chamara, esticando os bracinhos na direção do amigo.

 Ambas as mulheres trocaram um olhar de choque, em seguida voltando suas atenções para Kauê, vendo o mesmo brilho de encanto nos olhos escuros deste.

 - O Ninho tá me chamando...?

 - Uê! Uê!

 O moreno precisara ir ao encontro do pequeno para que este finalmente se acalmasse, pegando na mão do maior.

 Fora a primeira vez que Lídia vira os ciúmes do próprio filho nos olhos claros da amiga.  

Quatro Anos Atrasado - A Vida Encontra Um Caminho (BoyxBoy)Onde histórias criam vida. Descubra agora