oii, a primeira parte é um pedaço da infância do tata :)
deixa um votinho, por favor!!! 💫
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"Pensei ter visto o diabo esta manhã olhando no espelho, derramando rum em minha língua com um aviso para me ajudar a me ver mais claramente. Eu nunca quis iniciar um incêndio."
I'll Be Good - Jaymes Young[👬]
Taehyung não perdeu tempo ao entrar no laboratório do pai. Enquanto o mais velho seguia para a bancada repleta de componentes químicos, o garotinho de apenas nove anos correu para a estante enorme e cheia de livros grossos, em alguns até era possível sentir a fina camada de poeira devido a falta de uso e era exatamente nesses que Kim Taehyung se perdia. Às vezes se sentia irritado por pensar que a maioria deles só estavam ali por mera decoração.
O pai, um pesquisador bioquímico que vivia trancado naquela sala gelada por horas a fim de concluir os estudos sobre um novo remédio que, se efetivo, seria capaz de reduzir drasticamente o número de crises de enxaqueca em seus pacientes. Era a fase de teste mais delicada e por isso, durante esses dias, Taehyung não se divertia com suas misturas amadoras como já era de costume. Pegava o maior números de livros que seus pequenos braços conseguia segurar, todos seguindo um mesmo padrão, e fazia um círculo sobre um tapete grosso na frente do laboratório apenas para sentir o ar frio que escapava pela fresta inferior da porta.
O garoto estava enfrentando o seu primeiro verão intenso e não estava sendo nada fácil, o que, somado ao esforço que fazia por estudar tanto, só aumentava suas dores. Taehyung ignorou a latência nas laterais da cabeça e abriu o quinto livro.
Depois de ler cerca de vinte páginas, sentiu a cabeça doer mais. Taehyung correu até a mesa onde o pai costumava acumular suas inúmeras combinações químicas e pegou o primeiro caderno e caneta que encontrou, mordendo a tampa e a mantendo entre os dentes enquanto anotava as informações no papel. Ele andou em círculo durante alguns minutos enquanto balbuciava coisas que pela primeira vez começava a fazer sentido. Voltou, minutos depois, para o ponto inicial. Sentou-se em meio a redoma de livros e continuou a lê-los.
Quanto mais esforço ele fazia, mais a latência aumentava mas, ainda assim, não parou. Estava tão imerso, queria entender, precisava saber. Mas a dor não parecia se importar com a sede de conhecimento do garoto, aquilo foi aumentando a ponto do pequeno fechar os olhos e se encolher no chão quando os ouvidos começaram a zunir, mantendo as mãos sobre os ouvidos numa tentativa de reduzir os ruídos que pareciam remoer seus tímpanos. Não era capaz nem de ouvir a própria voz e por isso não tentou chamar pelo pai.
A noite já havia caído quando Hyukjae saiu do laboratório e encontrou o filho naquele estado, não perdendo tempo em pegá-lo no colo e o colocar sentado na poltrona.
As crises de enxaqueca começaram quando o garoto completou seis anos, desde então vinha sendo cada vez mais difícil controlá-las e por esse motivo ele andava com tantos remédios dentro da mochila escolar. Hyukjae logo tratou de pegar uma cartela e um copo d'água, empurrando o comprimido contra os lábios do garoto já que só o simples som da sua voz o faria sentir ainda mais dor.
ㅡ Papai, isso dói… dói muito. ㅡ choramingou quase sem voz ao engolir o remédio.
Hyukjae suspirou. O coração pesado como pedra. Ele fechou as janelas e a porta, apagou as luzes e usou apenas o clarão da tela do computador para conseguir ir e voltar sem tropeçar em tudo. Ao se aproximar do filho, o acomodou nos braços e o manteve assim, como se fosse um recém nascido. Não soube dizer quanto tempo se passou desde então mas, quando Taehyung adormeceu devido o efeito do remédio, Hyukjae o colocou no carro e voltou para trancar o lugar. Notou toda a bagunça espalhada no chão e ao ver tantos rabiscos, juntou as folhas e os livros e colocou-os no carro também.
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Good Together | vhope
Fanfiction[CONCLUÍDA] A rejeição do pai levou Jung Hoseok a retornar à Coréia do Sul depois de oito anos vivendo em San Diego, na Califórnia. Assumir os negócios da família estava longe de ser uma das vontades do Jung que, assim que põe os pés em solo asiátic...