17 • I'll Be Good

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oii, a primeira parte é um pedaço da infância do tata :)

deixa um votinho, por favor!!! 💫

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"Pensei ter visto o diabo esta manhã olhando no espelho, derramando rum em minha língua com um aviso para me ajudar a me ver mais claramente. Eu nunca quis iniciar um incêndio."
I'll Be Good - Jaymes Young

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Taehyung não perdeu tempo ao entrar no laboratório do pai. Enquanto o mais velho seguia para a bancada repleta de componentes químicos, o garotinho de apenas nove anos correu para a estante enorme e cheia de livros grossos, em alguns até era possível sentir a fina camada de poeira devido a falta de uso e era exatamente nesses que Kim Taehyung se perdia. Às vezes se sentia irritado por pensar que a maioria deles só estavam ali por mera decoração. 

O pai, um pesquisador bioquímico que vivia trancado naquela sala gelada por horas a fim de concluir os estudos sobre um novo remédio que, se efetivo, seria capaz de reduzir drasticamente o número de crises de enxaqueca em seus pacientes. Era a fase de teste mais delicada e por isso, durante esses dias, Taehyung não se divertia com suas misturas amadoras como já era de costume. Pegava o maior números de livros que seus pequenos braços conseguia segurar, todos seguindo um mesmo padrão, e fazia um círculo sobre um tapete grosso na frente do laboratório apenas para sentir o ar frio que escapava pela fresta inferior da porta.

O garoto estava enfrentando o seu primeiro verão intenso e não estava sendo nada fácil, o que, somado ao esforço que fazia por estudar tanto, só aumentava suas dores. Taehyung ignorou a latência nas laterais da cabeça e abriu o quinto livro.

Depois de ler cerca de vinte páginas, sentiu a cabeça doer mais. Taehyung correu até a mesa onde o pai costumava acumular suas inúmeras combinações químicas e pegou o primeiro caderno e caneta que encontrou, mordendo a tampa e a mantendo entre os dentes enquanto anotava as informações no papel. Ele andou em círculo durante alguns minutos enquanto balbuciava coisas que pela primeira vez começava a fazer sentido. Voltou, minutos depois, para o ponto inicial. Sentou-se em meio a redoma de livros e continuou a lê-los.

Quanto mais esforço ele fazia, mais a latência aumentava mas, ainda assim, não parou. Estava tão imerso, queria entender, precisava saber. Mas a dor não parecia se importar com a sede de conhecimento do garoto, aquilo foi aumentando a ponto do pequeno fechar os olhos e se encolher no chão quando os ouvidos começaram a zunir, mantendo as mãos sobre os ouvidos numa tentativa de reduzir os ruídos que pareciam remoer seus tímpanos. Não era capaz nem de ouvir a própria voz e por isso não tentou chamar pelo pai.

A noite já havia caído quando Hyukjae saiu do laboratório e encontrou o filho naquele estado, não perdendo tempo em pegá-lo no colo e o colocar sentado na poltrona.

As crises de enxaqueca começaram quando o garoto completou seis anos, desde então vinha sendo cada vez mais difícil controlá-las e por esse motivo ele andava com tantos remédios dentro da mochila escolar. Hyukjae logo tratou de pegar uma cartela e um copo d'água, empurrando o comprimido contra os lábios do garoto já que só o simples som da sua voz o faria sentir ainda mais dor. 

ㅡ Papai, isso dói… dói muito. ㅡ choramingou quase sem voz ao engolir o remédio.

Hyukjae suspirou. O coração pesado como pedra. Ele fechou as janelas e a porta, apagou as luzes e usou apenas o clarão da tela do computador para conseguir ir e voltar sem tropeçar em tudo. Ao se aproximar do filho, o acomodou nos braços e o manteve assim, como se fosse um recém nascido. Não soube dizer quanto tempo se passou desde então mas, quando Taehyung adormeceu devido o efeito do remédio, Hyukjae o colocou no carro e voltou para trancar o lugar. Notou toda a bagunça espalhada no chão e ao ver tantos rabiscos, juntou as folhas e os livros e colocou-os no carro também.

Good Together | vhopeOnde histórias criam vida. Descubra agora