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36 • Compass

"Você está sempre lá para me ajudar quando eu estou para baixo, tenho sorte de que você me tenha mantido por perto."
Compass - The Neighbourhood

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Somos viajantes em uma jornada cósmica, poeira estelar, girando e dançando nos vortex e redemoinhos do infinito. A vida é eterna.

Paramos por um momento para nos encontrar, para conhecer, para amar, para compartilhar. Este é um momento precioso. É um pequeno parêntese na eternidade.

Às vezes, algumas pessoas culpam unicamente o destino; "Ah, mas o destino quis assim".

Parando para pensar, nem que seja um único instante, são as escolhas individuais que definem o amanhã de cada um. Seguindo esta linha de raciocínio, o destino não é nada além de mera criação humana.

Assim como a Física utiliza de paradoxos, como o do Avô, por exemplo, que afirma que uma máquina do tempo sempre existiu. Ela não só simplesmente existe, não nasceu num passe de mágica. Alguém a construiu, em algum ponto da história. Contudo, a ciência não pode apontar quem ou como, então dizemos que esta máquina já estava predestinada a acontecer.

Este tipo de situação era o que fazia Taehyung quase afirmar que o físico russo, Igor Novikov, estava errado ao dizer que se um evento dá origem a um paradoxo, ele automaticamente tem zero chances de acontecer.

Porque, bem, às vezes sentia que não perder as esperanças era quase que uma obrigação sua, mas mentiria se dissesse que alguma vez não teve dúvidas sobre seu pai ainda estar em vida.

E agora, com o endereço em mãos, Taehyung se perguntava se uma outra versão sua, em algum universo paralelo, não resolveu viajar no tempo e lhe dar um "empurrãozinho". Sua vida era um grande e turbulento evento decorrente de paradoxos.

Depois de tantos anos confuso com a decisão de seu pai, semanas de busca, meses angustiantes e horas de sono perdida, sua versão de outro mundo certamente se compadeceu de seu sofrimento e resolveu mudar sua história.

Kim Hyukjae nunca saiu de Seul.

Enquanto Taehyung revirava lugares onde o pai possivelmente poderia estar, o Kim mais velho simplesmente estava ali, bem debaixo do seu nariz.

Ainda não acreditava nessa brincadeira de mau gosto, mas nem cogitou culpar o destino, afinal podia simplesmente ter começado a busca em Seul mesmo. Contudo, escolheu revirar a casa de praia em Daegu, os amigos que seu pai tinha no Japão, China, até mesmo nos Estados Unidos.

Mas Seul? Urgh! Isso nunca lhe passou pela cabeça.

E isso o irritava tanto.

Assim que o detetive deixou o apartamento, logo após dar todas as informações, Taehyung precisou sentar-se.

Em mãos o papel com o endereço de onde seu pai estava. O olhar atônito, incrédulo, como se tivesse medo desse ser mais uma das várias vezes em que caiu da cama após ter o mesmo sonho.

Mas finalmente era real. Era tão real que o rapaz passou por longos minutos em estado de perplexidade e dúvida.

Hoseok nada fez além de sentar-se ao lado dele e esperar até o momento em que o namorado absorvesse a feliz informação. Notou que os lábios dele estavam descoloridos, as maçãs do rosto um pouco pálidas, talvez a ressaca estivesse duplicando as sensações. Se assustou quando Taehyung abruptamente se levantou e correu em direção ao banheiro, ouvindo em seguida os grunhidos de quem colocava todo o álcool e a pouca alimentação para fora.