Capítulo Dois

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Meus dedos batucam o volante do meu carro. Desço e fecho a porta com todo o cuidado, qualquer pancada e o meu Dodge Charger RT 1968 laranja vai cair aos pedaços.  Eu analiso-o bem antes de atravessar a rua e entrar no prédio pequeno.

Aliso a minha saia e olho para o céu, as nuvens estão bem escuras e densas, mas parece que não vai chover. Adentro o prédio. O ar quente e o cheiro são como sempre insuportáveis. Caminho pelo longo corredor, logo em seguida viro a esquerda e subo a escada.

Outro corredor surge na minha frente e eu sigo pelo mesmo. Uma porta se abre a poucos metros a minha frente. Zack sai da mesma e não parece nem um pouco surpreso em ver-me naquele horário. Abre um sorriso e eu tento retribuir com a mesma intensidade, mas não consigo. Ele para diante de mim e coloca uma mecha rebelde do meu cabelo atrás da minha orelha.

— Sempre pontual. — diz ele e eu aperto-me involuntariamente. Adoro ouvir o som da sua voz. E adoro mais ainda ver o seu sorriso. Ele estica os braços e arregala bem os olhos. — Você está linda, como sempre.

Eu balanço a cabeça. Ele sempre diz isso.

— Zack, eu estou usando um uniforme horrível... Você já me viu assim inúmeras vezes. — digo e ele balança a cabeça para os lados.

— Mesmo assim... Eu posso elogiar, não posso? — indaga ele e eu cedo, balançando a cabeça em concordância. Ele passa por mim e eu sinto o seu perfume. Ele cheira muito bem.— Antes que eu esqueça... O chefe quer falar com você. — ele continua apertando os lábios.

Eu engulo seco. O que será?

— Ele está de bom humor? — questiono.

Zack volta para o meu campo de visão e lentamente penteia os seus cabelos com o dedo.

— Não sei... Mas você parece preocupada. — diz ele e eu meio que assinto lentamente. — Esteve aprontando, Liza?

Sorrio e balanço a cabeça em discordância.

— Eu estou um pouco preocupada, você sabe que eu não posso perder esse emprego. — digo e ele coloca gentilmente as mãos em meus ombros. Seus magníficos olhos pulsam sobre mim.

— Vai dá tudo certo. — diz ele. E logo depois um sorriso brota em seu rosto. — A minha proposta ainda está de pé... Vamos fugir dessa vida caótica. Somente você e eu em uma ilha ou cidade desconhecida. — ele diz em meio a sorriso brincalhão.

Como eu queria que você estivesse falando a verdade, Zack.

Ele não parece satisfeito em ver a derrota escrita em minha testa e puxa-me para um abraço carinhoso. Eu aproveito o breve momento para memorizar o seu cheiro e o seu corpo encorpado. É tão agradável ficar perto dele.

Eu separo-me de Zack e caminho até a sala do chefe. Já sinto a tensão em meus músculos. Não quero nem imaginar o que se passa por detrás da porta.

Toco na maçaneta fria e giro-a. Certamente o chefe já deve está esperando-me. A porta fica entreaberta e eu bato os meus dois dedos contra a madeira.  O velho gordo sinaliza para eu entrar. E eu acato rapidamente. Seja lá qual for sua sentença espero que seja rápido.

— Queria falar comigo, Chefe? — digo tentando disfarça o medo em minha voz. Ele apoia os cotovelos na mesa e debruça-se cobre ela.

— Ouvi falar muito bem dos seus serviços, Liza. — ele diz e eu quase gemo de alívio. — Você é sempre muito prestativa. Sempre cumpre seus horários e não reclama. É difícil achar pessoas profissionais como você.

Eu respiro fundo e tendo esconder o sorriso triunfante que teme em aparecer em meu rosto.

— Só faço o meu trabalho, chefe. — digo e ele analisa-me friamente. Não quero nem imaginar o que se passa em sua cabeça nesse momento.

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