Fuga

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"Ele sorriu de uma forma, era tão encantador, só que logo ele se virou, vestiu suas roupas e então se foi, desde então eu nunca mais o vi, porém eu soube que aquele sorriso significaria muito mais do que uma simples expressão de felicidade."

"Como poderia saber?"

"Ele me ligou naquela manhã querendo me ver, disse que não poderia deixar aquele dia passar por nada. Então ele sentou comigo no sofá do meu apartamento e me contou sobre você."

"O que ele poderia saber sobre mim? Quem é ele afinal?"

"Acredite, ele sabe tudo sobre você. O tiro na cabeça que deram na sua frente, o assassino da própria esposa que era prostituta, as gêmeas, e o clássico do escândalo em Buenos Aires."

"Então ele conhece todos os casos relevantes que eu tive neste consultório? Deve ser um fã."

"Mais do que isso..."

"Porém ele não conhece minha personalidade, nem meus gostos, nem meus medos."

"Você não tem medo de nada, você adora música clássica, jazz, blues. Sua comida preferida? Sushi. Filme favorito? Scarface."

"Como uma pessoa que nunca vi, ou pelo menos não lembro, pois se eu lembrasse seria alguém importante, pode saber tanto sobre mim?"

"Ele sabe também sobre seu filho, ou devo chamar de ex-filho? Sabe de tanta coisa, que eu diria poder te destruir com um estalar de dedos."

"E você pode destruir. Desculpe doutor, não queria atrapalhar está conversa saudável com ela."

"Você de novo? Meu Deus, por que?"

"Olha, seu ex-filho doutor. Rapaz bonito."

"Obrigado, mas, você fica melhor calada."

"Meu Deus, qual é o seu problema? Você acabou de dar um tiro na cabeça dela."

"Sabe papai? Eu adoro essa sua cara de surpresa ao ver um cadáver. Mas, este consultório está cheio deles. Advogados, professores, empresários, juízes, são todos pessoas importantes, porém no fim da vida, pessoas que ninguém lembra ou ligam de terem sumido. Porém ninguém sabe da verdade..."

"Você é um maluco mesmo."

"Eu? Não, não mesmo. Eu sou apenas uma pessoa que te admira, pela sua inteligência de sumir com essas pessoas enquanto se diverte. E sabe por que te admiro? Você não precisa fazer nada, além de falar com essas pessoas."

"Eu apenas tento ajudar essas pessoas, eu nunca fui um psicopata maluco que mata essas pessoas."

"Claro que não. Você é um anjo, percebeu isso quando o louco do world trade center se matou na sua frente e você percebeu o que poderia fazer."

"Você tem razão, eu matei todas essas pessoas, conversando sobre o fim da vida delas, sobre tudo isso que aconteceu com elas. Eu sentia prazer em ver essas pessoas se matando, seja aqui ou em suas próprias casas, eu tenho o poder, um poder em minhas palavras de livrar essas pessoas de seus sofrimentos, de suas condenações. Eu libertei essas pessoas."

"É mesmo? Você é um herói, querido papai. Mas, agora corra, por que eles ouviram tudo, e já estão subindo."

"Filho da puta."

Sessão de TerapiaOnde histórias criam vida. Descubra agora