A escolha da mãe e filha🎈

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"Fogo em chamas, somos normalmente assassinos
Com tanto desejo, juntos somos vencedores
Eles dizem que estamos fora de controle e alguns dizem que somos pecadores
Mas não os deixe estragar nossos belos ritmos"

|Para melhor leitura, clique sobre a música na mídia |

***
Alice Kim

— Relaxe, — sussurra Taehyung em meu ouvido. — abaixe mais a cabeça.

Estamos na rua da delegacia, a máscara preta cobre minha boca e nariz, meus cabelos estão cobertos pela touca cinza que Taehyung arrumou para mim. Minhas mãos estão ocupadas segurando uma revista de moda qualquer.

— Ela está saindo. — do outro lado da rua, saindo escoltada por Jung Hoseok e outro policial de cabelos negros e ombros largos, Hyorin caminha de cabeça baixa. Meu ombro está encostado no de Taehyung, e mesmo assim consigo sentir sua tensão. Vamos descobrir agora se a garota nos traiu.

Hyorin lentamente levanta a cabeça, seus olhos encontram os meus, há medo neles. Algo dentro de mim se contrai, aqueles olhos parecem... os meus.

Seu aceno é quase imperceptível. Ela cantou a música. Parte do ombro de Taehyung relaxa. Duas batidas na coxa, ouço Taehyung rir baixinho. Ela está dentro. Vai observar a rotina de Jeon Jungkook.

— Tem certeza que não quer que eu vá com você? — ouço o policial de cabelos negros perguntar para Hoseok.

— Não, tudo bem, quero tentar falar com ela. Obrigado, Jin hyung.

Jin, aparentemente esse é o nome do outro policial.

Hyorin continua nos encarando, dessa vez quem fica tensa sou eu. Quero correr. O que estou fazendo aqui? Isso é algo que me pergunto todos os dias.

— Vadia! — Taehyung sussurra. — Eles estão olhando para nós! — o moreno se vira no banco e põe uma mão no meu pescoço aproximando nossos rostos. Nossas testas grudam e tudo que posso ouvir é meu coração acelerado, com o canto dos olhos vejo que ainda nos observam, minha respiração quente bate e volta isolada pela máscara. Olho para Taehyung, seus olhos escuros estão muito próximos dos meus. Meu corpo treme, aquela van, esses mesmos olhos.

Eu odei...

Shh!

Taehyung desliza seu rosto até a curva do meu pescoço. Quero que ele se afaste. Saia de perto de mim. Não me toque.

— Demonstrações de carinho causam desconforto em pessoas. Você sabia, Alice? — ele sussurra.

— Se eu não soubesse, teria descoberto agora. — retruco no mesmo tom.

Taehyung levanta minimamente a cabeça, posso ver apenas parte de sua bochecha cor de caramelo.

— Alice, o que estamos... — ele se interrompe brutalmente. Não estou surpresa, isso vem acontecendo com frequência. — ainda estão olhando? — sua voz volta ao tom frio habitual. No mesmo instante ouço a porta do carro ser fechada, viro o rosto completamente e vejo que não há mais ninguém no outro lado da rua.

— Já foram. — Taehyung se afasta. Noto que suas mãos tremem um pouco quando arruma a máscara no rosto. Ele parece descontrolado. Não, parece que está perdendo o controle de algo.

— Vamos esperar que ela nos ligue. — ele amassa o jornal que tem nas mãos.

Hyorin terá que dar um jeito de conhecer a rotina de Jungkook, já que não podemos ficar rondando por aí. Assim que descobrir algo vantajoso, ligará para nós. Pelo menos esse é o plano dele.

— Mãe, podemos ir para o parque? — acompanho uma garotinha com os olhos. Seus cabelos estão na altura dos ombros pequenos, caminha de mãos dadas com a mãe.

— Se você se comportar, talvez. — a menina sorri e saltita um pouco.

De repente, aquela garota é demais. Por que ela pode ir ao parque com a mãe dela? Por que eu não posso ir ao parque? Por que não posso ter uma mãe?

Meus olhos encontram o rosto de Taehyung, este remexe os dedos distraído. Os olhos opacos perdidos em algum ponto da calçada.

Filho da puta!

Eu odeio b...

Eu...

— Vamos, já ficamos tempo demais aqui! — ele levanta.

Mas nada importa, porque não tenho mais ninguém além dele. Porque ele me achará se eu fugir.

— Não, quero fazer uma coisa. — me afasto antes que Taehyung possa retrucar. Sem outra opção, ele me segue.

Dou uma rápida corrida até parar a poucos metros atrás da criança e da mãe.

Seguimos as duas por alguns minutos. Taehyung continuava calado, mas de vez em quando parava de andar. Como se soubesse o que eu ia fazer...

Como se não quisesse que eu fizesse o que estava prestes a fazer...

Andamos mais um pouco, até que surgiu a oportunidade perfeita.

***

Mãe e filha foram encontradas mortas no bairro Jukiang. A perícia afirma que foram atacadas à facada, mas a arma do crime e o assassino não foram encontrados. A polícia segue investigando o caso que aconteceu às onze horas desta manhã.

Jogo água sanitária no tecido manchado de vermelho, ouço quando a TV é desligada, poucos segundos depois Taehyung aparece na porta da lavanderia. Tem seus braços cruzados e uma expressão inescrutável no rosto.

— Alice? — continuo jogando o produto na roupa que passa a desbotar lentamente, em compensação o sangue vai descendo pelo ralo. — Não pode chamar atenção, não agora, precisamos que tudo dê certo. Sabe disso, não sabe?

Dou de ombros, esse gesto me enoja. Não só isso, de repente o sangue que estou lavando parece mais grosso. O cheiro do ferro infesta meu nariz, é assim que aquela criança cheirava por dentro.

Me afasto da pia e vomito no chão, com força, para apagar o que vi, para limpar o que fiz.

Ouço quando Taehyung começa a vomitar do outro lado. Talvez seja por nojo do meu próprio vômito. Mas não acho que seja isso, acho que ele vomita pelo mesmo motivo que eu.

Por nojo do que acabei de fazer.

Por nojo do que ele acabou de presenciar.

***

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Até a próxima!💙

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ᴄʜᴏɪᴄᴇs | sᴘɪɴ-ᴏғғ | + ᴋᴛʜ Onde histórias criam vida. Descubra agora