Capítulo 04.

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Milão ficava há cerca de três horas de Florença, se estivéssemos de trêm. Com o motorista de Enzo, no entanto, chegamos em cerca de uma e meia. O centro de Milão era abarrotado de turistas, o que reduziu a nossa velocidade em quase noventa porcento.

Apesar de me sentir sufocada por passar tanto tempo com Enzo em um carro silencioso demais, pude me deliciar ao chegarmos à cidade.

Em Milão, diferente de Florença, as pessoas não eram tão animadas ou calorosas, ao contrário disso. Elas andavam rapidamente, marchando de um lado para o outro com seus telefones e tablets, falando às vezes baixo e às vezes irritadiços com gritos furiosos.

Além das características vespas que passavam atravessando o trânsito furiosamente e arrancando suspiros impacientes do motorista de Enzo. 

— Senhor, chegamos. — Ele sinalizou, estacionando em frente ao hotel D'angelo. Um gigantesco sobrenome estampava o prédio antigo e tradicional. No centro de Milão, em Porta Romana, o hotel D'angelo era um dos mais movimentados e quando o motorista abriu a minha porta, fiquei impressionada que nunca havia visto esse hotel antes.

— Surpresa? — Enzo questionou com certo divertimento, eu assenti, ainda chocada. — Bem diferente do hotel de San Pietro, não é?

— Totalmente. — Concordei, olhando-o finalmente e vendo os olhos de Enzo brilharem de orgulho. Sorri, diante disso e ele me estendeu o braço em um convite silencioso. — Obrigada. — Agradeci enlaçando meu braço ao dele e adentrando ao enorme hotel D'angelo.

O hotel, assim como a maioria dos hotéis de Milão, era clássico e tradicional por fora, mas moderno por dentro. O lugar era predominantemente claro, com enormes poltronas confortáveis na cor creme, um piso brilhante igualmente creme e detalhes em dourado que faziam toda a diferença. Uma recepcionista gentil sorriu para nós dois no momento em que chegamos e Enzo estendeu à ela um cartão, enquanto retirava o celular do bolso e o levava ao ouvido.

— Senhor e senhora D'angelo. Benvenuto! — ela abriu um sorriso estonteante. — O nosso concierge irá acompanhá-los! — Ela me entregou o cartão do quarto e eu suspirei.

— Veja, e o outro? 

A garota loira de aparência miúda franziu as sobrancelhas, confusa. — Outro?

— O outro cartão, querida. — Eu digo sinalizando para Enzo, que ainda estava ao telefone fofocando como uma senhora de oitenta anos. — Do outro quarto! — eu me inclino sobre o balcão de mármore quando ela ainda parece mais confusa.

— Desculpe, senhora D'angelo, mas a reserva de vocês é para um único quarto. 

— O que?! — Eu praticamente guincho e a moça me olha confusa. Respiro fundo, suspirando e volto a encará-la, procuro pelo seu nome no crachá e o encontro apoiado sobre os seios grandes demais para uma garota tão pequena. — Ouça, Michela... — Eu paro e volto a suspirar. — Eu não sou a senhora D'angelo, na verdade, ela está bem longe daqui, em Florença. Mas ele — eu aponto para Enzo atrás de mim — é o Senhor D'angelo e é o dono deste hotel, como deve bem saber, ou seja, separe um quarto para ele, por favor.

— Me desculpe, senhora... — A garota tremeu, olhando para trás de mim onde Enzo encerrava a ligação. — Não temos mais quartos.

— O que houve, Antonella? 

— Seu avô nos colocou em um único quarto. 

Os olhos de Enzo transmitiram toda a impaciência do mundo. — O que? Isso é ridículo. Me dê outro quarto. — ele gesticulou para a garota, que começava realmente a suar frio.

— Senhor D'angelo... Nós não temos mais quartos.

— Isso é absurdo. — Enzo fez um gesto de mãos, soando furioso, ele apoiou as mãos no balcão inclinando-se para a garota e eu a vi vacilar. Se pelo medo ou impressionada, não sei. — Esse hotel tem mais de quinhentos quartos, como é possível que estejam todos ocupados?

De frente para o amor - Série 'Irmãos D'angelos'Onde histórias criam vida. Descubra agora