gay panic

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AU ok, sem palhaço do IT, sem riscos iminentes vindos da puta que pariu, e atual, pois não sei lidar com coisas de época, é nois, agradeço aos envolvidos. E por favor finjam que o Bill tá gaguejando nas falas deles, eu sou péssima em reproduzir gaguejos na escrita.

•••

Se tinha algo que Richie temia, além de palhaços, era verdade ou desafio, como todo jovem gay e trans, nunca sabia se teria que tirar a roupa e sair correndo na rua, ou se alguém o perguntaria se gostava de meninos. E ambas eram completamente terríveis, apesar de seus seios serem bem pequenos. "Ah, mas é só mentir se perguntarem", quem diz isso nunca jogou verdade ou desafio, não se mente, é completamente impossível e irreal, é como o microondas, se você não lavar as mãos antes de ouvir o apito indicando que a comida está pronta algo de muito ruim acontece. Mentir no verdade ou desafio segue a mesma lógica.

Era difícil ser Richie, mesmo que a única garota do grupo, Beverly, soubesse sobre ser trans -devido ao fatídico episódio em que foi ao banheiro e suas calças estavam sujas de vermelho, se viu sem opção a não ser chamar Bev, nunca teve coragem de contar aos outros, sobre nada. Ser gay não era um problema, não era como se fosse o único não-hétero do grupo, a própria Beverly já dissera ser lésbica, Bill; bi. Mas é óbvio que era mais fácil para eles, não eram eles que estavam apaixonados pelo colega de panelinha escolar, era Richie, por Eddie.

Para ele, soava óbvio, toda vez que se dava conta, estava encarando o garoto usar a bombinha de asma, coisa que apenas Eddie acreditava precisar. Sempre que Eddie contava os remédios que tinha que tomar, Richie o encarava com os enormes olhos por causa das lentes de seu óculos. E sempre que estavam de bicicleta, fazia questão de ficar em algum lugar que o garoto ficasse no seu campo de visão. Tinha vontade de parar de falar de sua mãe e pedir para que ele segurasse sua mão. Richie tentava e tentava não parecer uma criança apaixonada ao auge de seus dezesseis anos, mas fazer o que?

Ele era uma criança apaixonada.

Apaixonada pelo seu melhor amigo.

Odiava como sua vida parecia um filme clichê americano, exceto que ser trans jamais faria dele um protagonista, a não ser que ele morresse no fim, mas esse não era o ponto.

- Ei, Richie. - Ben bateu em seu ombro, o tirando do transe. - A aula já acabou, vamos embora logo, tomar sorvete.

- Ah, claro, eu fiquei pensando no nada, deixei passar, vai na frente, encontro vocês lá no portão. Não tinha nem começado a arrumar sua mochila, e precisava ir ao banheiro ajeitar o binder, estava repuxando uns pelinhos há horas, estava o deixando nervoso.

Ben deu um sorrisinho e saiu andando, Richie terminou de arrumar os livros na mala e foi para o banheiro, se enfiando na primeira cabine, finalmente arrumando o colete em seu peito. Achava que não agradecia o suficiente pelos peitos pequenos que tinha.

Correu para os portões, indo até o seu grupinho. Deu um abraço em Beverly, e apenas um aceno para os outros, rapidamente seus enormes olhos acharam Eddie. Ele estava igual a sempre, seus shorts vermelhos, a camisa branca, com alguns bordados (ele era um dos cobaia dos bordados de Mike), e a pochete cheia de placebos, que ninguém ousara falar para ele que eram placebos. Pegaram as bicicletas e seguiram Bill para a sorveteria, ficou olhando para as costas da jaqueta do garoto, cheia de novos bordados, Mike estava ficando bom naquilo.

Já sentados do lado de fora, com seus respectivos sorvetes, riam e falavam bobagens, Mike insistia que iria bordar um coração com as cores da bandeira bi na jaqueta de Bill, ele ria. Richie às vezes queria que fosse aberto com seus amigos como Bill e Beverly eram, queria poder falar "vou arrumar as tetas, já volto" e ficar tudo bem, sabia que não mudariam o jeito de tratá-lo se contasse, mas alguma coisa o segurava, tinha medo. Não é como se tivesse sido rejeitado em casa, mas também não é como se tivesse sido aceito, vivia um pé de guerra sempre, seus pais às vezes o tratavam corretamente, às vezes não. Beverly já lhe dissera que nada mudaria, mas ele estava bem só com ela sabendo, não precisava de mais gente, apesar de querer.

- E se a gente jogasse verdade ou desafio? - Richie congelou de cima a baixo. Até notou o olhar preocupado de Beverly sobre si. - É só ninguém fazer desafios muito impossíveis e vai ser legal.

- Não é meio infantil demais essa brincadeira, Bill? - Stan, felizmente, era muito tímido, e sempre era contra essas brincadeiras que envolviam exposição. Estava sempre salvando a vida de Richie, sem nem saber.

- Você fala como se fossemos adultos, Stan. - Eddie se posicionou. - Eu acho que seria legal, o que você acha Richie?

Os olhos do garoto ate brilharam, Beverly bufou alto.

- Eu acho ótimo.

- Richie, você é fraco. - Beverly sussurrou no ouvido no amigo antes de se sentar ao seu lado para começar a rodar a garrafa. - Eu acho que Bill desconfia, se te perguntarem, minta.

- Sabe que eu não consigo, Bev.

- Parem com os cochichos, vamos começar logo. -O risinho de Bill fez o coração de Richie ir na boca.

Ele estava fodido. Ele sabia, e Beverly sabia também.

Por sorte demorou até a garrafa cair em Richie, e quando caiu, era vinda de Beverly, o que resultou em um desafio tosco de fazê-lo entrar na sorveteria e pedir um sorvete só de gelo. Entretanto, ele sabia que não daria tanta sorte por tanto tempo, poucas rodadas depois, caiu para si novamente, e era Ben perguntando, Ben não era do tipo que fazia perguntas que destruíram reputações e deixaram uma pessoa constrangida por anos. Eram perguntas simples.

- No que tanto você pensa quando fica olhando para o nada, Richie? - Pelo menos, na maioria das vezes.

A respiração de Beverly e Richie travou. Ele não mentia no verdade ou desafio, ela sabia, só torcia para que ele não jogasse na roda em um momento de vulnerabilidade. Queria que ele contasse para os outros, mas ela também não sabia de tudo, não sabia que ele pensada em um garoto, achava que ele pensava em uma hormonização.

- Na pessoa que eu gosto. - Todos o olharam confusos, até mesmo Beverly, que voltou a respirar normalmente.

- O que? - Mike perguntou e Beverly quase bateu nele por colocar lenha.

- A pessoa que eu gosto. Eu gosto de uma pessoa, e frequentemente me vejo distraído pensando nessa pessoa. - Tirou os óculos, esfregando os olhos. Com as mãos tremendo um pouquinho e suando, sem saber se era de nervoso ou do calor. - Segue o jogo.

- Quem é? - Stan questionou, mexendo a cabeça. - A pessoa que você gosta.

- É a sua mãe, babaca. - Os outros riram, tirando o foco da resposta dele. -Agora cont-

- Ah, porra.

Henry Bowers, como todo filme clichê, o garoto mais velho que vive para azucrinar os mais novos, se achando lindo com aqueles mullets, ele ia andando batendo os pés na direção dos sete. Pronto para sentar a mão em todos eles. Honestamente, nada de novo sob o Sol.

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É isto boiloas, o 2º capítulo já tá pronto, vou enrolar um pouco pra postar, mas sai ainda essa semana, e já fiz as contas, vão ser 3 capítulos e um extra pois eu sou uma cadelinha para extras

Boys Boys Boys // ReddieOnde histórias criam vida. Descubra agora