Menina Depressão 1

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Por onde ela passa,
Só fica suas marcas, Rastro de tristeza,
Onde antes era beleza, Foi traumatizada pela sociedade,
Tiraram dela o amor e a felicidade,
Quer sua vingança, quer descontar tudo,
E em todo lugar ela machuca o mundo,
Veio com jeitinho e também com carinho, Mas em uma noite fez ele puxar o gatilho.

Traumatizada pela vida, esquecida pela família, assim Agnes se sentia.

Era noite de Sexta-Feira e o padrasto de Agnes havia acabado de chegar em casa, e como de costume, estava bêbado. Sua mãe já se encontrava dormindo, mas Agnes não, ela refletia sobre a vida que levava. A porta do seu quarto de repente se abriu, entrou então aquele homem acabado, sujo e cheirando a bebida, e foi ali que novamente o seu pesadelo se iniciou.

Durante muitas noites foi Agnes quem saciou o desejo sexual do padrasto, um crime ela sabia, mas sabia também que ela preferia viver tudo aquilo à ver sua mãe morrer, já que ameaças eram constantes.

Depois de cometer o ato sexual ele falava:

- Se você se atrever a contar para alguém o que acontece entre essas quatro paredes, eu mato sua mãe e depois você.

Sua mãe sempre com um doce sorriso no rosto, um olhar sereno, um amor puro e inexplicável, Agnes preferia sofrer calada do quê ver aquele angelical ser desaparecer.

Como se não bastasse toda essa dor, o universo também a desprezava. Faziam bullying com ela pelas marcas que carregava em seus pulsos, a julgavam "Louca, suicida!" e até mesmo "Idiota, depressiva!", Agnes se sentia incompreendida por julgarem ela sem saber o porquê.

É difícil encarar os problemas que temos, mas para Agnes ser estuprada se tornou rotina, já que isso acontecia desde a infância. Aos 7 anos Agnes sofreu o seu primeiro abuso, e agora com 16 já se acostumou.
Com toda a dor que ela sentia no peito, até pensou em suicídio, tentou, mas ainda existia nesse mundo alguém por quem lutar: sua mãe. Ela enfrentaria tudo calada se fosse para ver sua mãe feliz.

Todos os dias para Agnes eram os mesmos: dentro do quarto lamentando existir, chorando calada e pedindo a Deus para sumir. Escondendo as marcas para sua mãe não ver, disfarçando a dor para ela não perceber. Assim foi o seu final de semana.
Chegou então a Segunda-Feira, e sendo Segunda ou não sua vida era sempre a mesma. Pela manhã ela foi para a escola, e as 13:00 horas voltou para casa. Ao dobrar a esquina da rua onde morava, Agnes viu algumas viaturas policiais e ambulâncias na porta de sua casa. Seu padrasto estava algemado e sua mãe sobre a maca com a roupa suja de sangue.

- Ela descobriu o que eu fiz e terminou nosso casamento, mas eu não queria, eu não queria! - foi o que padrasto disse à ela.

Deduziu Agnes que ele havia matado sua mãe, já que uma faca foi encontrada e pelo teste de reanimação não correspondido.
Desesperada Agnes correu para sua casa, trancou todas as portas e foi até o banheiro. Lá ela começou a fazer cortes profundos em seus pulsos, enquanto gritava de ódio e de dor se perguntando qual a lógica de tanto sofrimento.

Depois de virar a noite dentro daquele banheiro, ela finalmente saiu. Foi até seu quarto, olhou-se no espelho, enxugou suas lágrimas e declamou:

- Suicidar-me não trará dor à eles, vou continuar vivendo e farei todos pagarem pelo que fizeram comigo. Vou me vingar de todos vocês!

E ali iniciou-se sua vingança.

...Continua.

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