Capítulo 4

2.1K 280 71
                                    

Ver aquele garotinho me fez voltar no tempo, aqueles olhos eu jamais esqueceria, ele tem o mesmo olhar, seu olhar ainda é de súplica, é de dor, quando me aproximo dele, ele me vê e seus olhinhos se arregalam.

— Você é filha da Dra. Priscila? — Ele pergunta a Lívia.

— Sim, por quê?

— Porque eu não posso mais ser seu amigo. — Ele diz e sai correndo.

— Lucas. — Lívia grita e ele corre ainda sem olhar para trás.

Porque ele não pode ser amigo da minha filha? O que acabou de acontecer aqui?

— Mãe? — Sou tirada dos meus pensamentos pela voz da minha filha.

— Sim?

— De onde você conhece o Lucas?

— Filha se ele realmente for quem eu imagino, ele já foi meu paciente mas ele era somente um bebê não sei de onde me conhece, esse é o amigo que você disse?

—Sim, ele é o Lucas que eu falei que era meu novo amigo e que tinha dias que não vinha a aula, hoje que ele apareceu. — Troco um olhar com Fernando.

— Agora não tem mais nada o que fazer, amanhã você tenta conversar com ele.

*****

Dois dias se passaram desde este encontro perturbador, Fernando está a ponto de surtar, mas minhas lembranças giram, giram e sempre voltam para o mesmo ponto, porque eu não ajudei aquela mulher com o filho, eu tenho certeza que é o mesmo Lucas, sou tirada dos meus pensamentos pelo toque do meu telefone.

— Boa tarde meu amor. — Sorrio, este homem tem o dom de saber a hora de me ligar.

— Boa tarde marido. — Sei que ele sorri.

— O que minha linda esposa está fazendo?

— No momento falando com meu lindo marido.

— Sério Priscila?

— Brincadeira amor, estou quase saindo, vou dar mais uma olhada nos meus pacientes e já estou indo. — Digo olhando as fichas de alguns em minha mesa.

— Hum, você pode buscar nossa princesa na escola?

— Sim, vai ser bom, sei que a cabecinha dela está confusa e vou aproveitar para conversar com ela.

— Que bom, faça isso, você conhece nossa filha e sabe que assim como eu ela não gosta quando as coisas saem do controle dela. — Ele diz me fazendo revirar os olhos.

— Jura? Sabe que nunca reparei isso? — Ele solta uma gargalhada. — Depois diz que ela se parece comigo.

— Ela é a nossa misturinha perfeita meu amor, vou entrar para uma reunião devo chegar mais tarde em casa.

— Tudo bem, te amo Sr. Brandão!

— Te amo mais Sra. Brandão!

*******

Depois de conversar com Lívia ficamos um tempo no parque e voltamos para casa, como pode essa menina ser tão madura a ponto de conseguir me aconselhar e acalmar meu coração apenas com palavras, infelizmente ela tem razão não consigo salvar o mundo todo.

Chegamos em casa e a bagunça está formada, ouvimos os gritos, minha doce menina abre um lindo sorriso, só consigo agradecer a Deus por meus filhos serem tão unidos, ao abrir a porta tenho uma linda surpresa, Arthur, Isabela, Melissa e Cecília correndo por todos os lados.

— Dinda. — Mel grita assim que me vê e vem correndo, já me preparo para recebê-la.

— Oi minha princesa, dinda estava com saudades.

A Descoberta (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora