Crazy Like Me

Prólogo

O dia nublado e o vento gelado eram comuns nessa época do ano. O clima do Canadá não se parecia nada com o da Califórnia, não que isso os incomodasse, afinal, Justin e Megan tiveram tempo de sobra para se adaptar ao novo lar. Mudaram-se então para Vancouver e viviam a vida de casados graças à mudança de identidade que a garota – agora mulher – decidiu adotar com a ajuda de seu atual marido. Megan Mallete Bieber passou a se chamar Madison Whitely Bieber, abraçando o sobrenome dos falecidos pais adotivos durante uma breve e feliz época de sua vida. Os cabelos agora escuros e um visual mais maduro ajudavam a enterrar de vez a falecida irmã do empresário Bieber, onde foi noticiado em diversos meios de comunicação sobre o acidente terrível no qual não resistiu.

Os irmãos se mudaram após a formatura da garota, despedindo-se de todos àqueles que fizeram parte de suas vidas na América, até que então o acidente acontecesse. Por mais doloroso que fosse Megan escolheu assistir de longe o próprio velório e ver todos aqueles que a amavam chorando e lamentando sua morte. Até mesmo Eric, Nicholas e Gregory apareceram. E de longe era notável a faísca que saíram dos olhos do doutor ao encontrar o irmão da garota próximo ao caixão. Não o culpava pelo acidente, talvez só o visse como um rival no qual jamais poderia vencer ou sequer competir. Acreditava que a morte era a única coisa capaz de afastar os irmãos e aquele amor doente que nutriam um pelo outro. Doente na visão de um médico, mas que como homem, entendia perfeitamente o que se passava na cabeça do loiro de olhar indecifrável. Ao contrário de Nicholas, que ainda imaturo, fez um escândalo e tentou agredir Justin, sendo obrigado pelos seguranças a se retirar do local.

Flashback on.

Justin colocou os óculos escuros, observando com uma expressão fria os seus seguranças arrastarem o garoto que gritava o acusando das maiores atrocidades para com sua irmã. Claro, esse era o pensamento das pessoas ao redor. Não o acusavam, tampouco levavam a sério as palavras daquele pobre garoto descontrolado que estava sofrendo. Aquilo era impossível, acreditavam. Justin era um homem sério e Megan apenas uma garotinha recém-formada. O amor que sentiam era inocente e fraterno, nada mais do que isso. Cegos.

Louise e Nolan vieram em direção do homem e o abraçaram, lamentando a morte da amiga. O garoto tinha os olhos marejados, ao contrário da amada que chorava copiosamente. Eles haviam assumido um relacionamento há pouco e estavam felizes, Megan sempre soube do que sentiam um pelo outro.

Era doloroso para a loira assistir tudo àquilo e ter que permanecer escondida na SUV preta de Justin. Poderia ser mais fácil. Tudo poderia ser de outro jeito se não amasse de forma tão insana e intensa seu próprio irmão, mas aquele era um sacrifício que precisava fazer.

Ao seu lado do banco, estava o pequeno Carl, em silêncio. O garoto tinha completado no último mês quatro anos e agora estava sob os cuidados legais de Justin e Megan. Muito intuitivo e inteligente desde novo, se calou ao notar as lágrimas da garota que chamava de mãe, encostando seu corpinho junto ao dela para confortá-la. E Megan não hesitou em abraça-lo.

Justin caminhou com sua muleta que agora o acompanhava para todos os lugares e veio em direção do carro, entrando pela porta de trás e sentando ao lado da irmã. Ela secou as lagrimas e ele a encarou triste, imaginando o quão doloroso era aquilo para a amada.

– É melhor vocês irem embora. – Falou breve, parecendo sem jeito.

– Só estava me despedindo. – A garota sibilou com a voz falha, secando as lágrimas.

– Eu sei... O jatinho já está pronto, vocês já podem embarcar. Ellis irá te encontrar quando pousarem no Canadá e os levará até nossa nova casa, Dorothy já está lá. Encontro vocês em dois dias. – Sorriu breve, desviando o olhar para o pequeno que parecia confuso. – Cuida da sua mãe até eu chegar, tudo bem? – Perguntou para o garoto que assentiu, sorrindo para o homem em resposta. – Bom garoto. – Bagunçou os cabelos do menor, sorrindo.