Chapter XVIII.

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Jason's point of view.

As cortinas grossas em frente à janela tinham o mesmo tom de vermelho do sofá e do tapete que forrava o chão daquele escritório de fraca iluminação. Perguntava-me como conseguiam trabalhar ali dentro, depois me dei conta de que não era sempre assim, as luzes ficavam baixas quando usavam aquele cômodo para outra coisa.

A Lux era uma das boates de Justin em Londres, mas eu não fazia ideia daquilo até o momento, nunca imaginaria que aquela espelunca fosse do meu pai, mas aparentemente ele não queria mais ocultar de mim nenhum assunto da máfia, como se aquilo fosse um grande presente, então me deixava — lê-se obrigava — a participar de suas reuniões. Aquela era a terceira da semana, sendo ainda terça-feira. Justin me fez faltar na escola vários dias seguidos, aguardava o momento que ele anunciaria que eu fosse estudar em casa. Nada mais me surpreendia.

A reunião era com os italianos, segurança máxima, capangas para todos os lados, armados, mas nada sofisticados como de costume, não queriam chamar a atenção. A Itália tinha se transformado no principal consumidor europeu de cocaína, e Justin parecia muito interessado em se tornar grande na Europa e expandir-se, assim como tinha conseguido na América anos atrás. Europeus pagavam e usavam mais, podia cobrar o dobro pelo cloridrato de cocaína com pureza de noventa e cinco por cento, venderia a setenta mil dólares o quilo, três vezes mais do que San Francisco e Nova Iorque.

— Como pretende estar em dois lugares ao mesmo tempo? Terá muito trabalho. — Disse um dos italianos que estava sentado de frente para o meu pai, num inglês bem arrastado, porém aceitável. Era um sujeito maduro com costeletas grisalhas, ar de homem de negócios, esportivo, que estava no comando. Ao seu lado, de pé, estava o outro, um pouco mais novo, que de vez em quando se inclinava para dizer palavras no ouvido do colega.

— Meu filho vem sendo preparado pra isso, não se preocupe, além do mais, nós dois sabemos que nunca estive e nunca estarei sozinho, se essa é a sua preocupação. — Justin explicou sério, apontando para mim que assista tudo do outro lado do escritório, encostado próximo à janela.

Não se tratava apenas de dinheiro, mas poder, expansão, mandava quem conquistava o maior território, por isso Justin queria tanto que eu assumisse parte dos negócios, ele precisava de alguém de confiança sob seu comando, aliviando o peso de seus ombros e aumentando sua conta bancária.

— Se tem uma pessoa que não se pode confiar no mundo, é no filho de um milionário. — O mesmo homem respondeu, me fazendo rir silenciosamente.

— Cuidado com o que diz, Cazzo. Esse é o meu território. Se você não tem interesse em fazer negócios conosco, Vito tem, sabe que ele me procurou.

— Não ouse, Bieber. Não vai me querer como seu inimigo.

— Não faz parte dos meus planos, mas não vou perder dinheiro. E te garanto que sou um inimigo muito pior. — Justin manteve o timbre tranquilo e se levantou, abotoando dois botões do terno. — Você tem até o final da semana pra me dar uma resposta, então o acordo será feito com a família Coppola.

Ellis bateu na porta e Justin liberou sua entrada, ao seu lado estavam duas garotas, mas uma delas roubou minha atenção; a garota loira lindíssima que aparentava não ter mais de vinte anos, seus traços eram semelhantes aos de Brooke, impossível não compará-las.

— Odeio esses italianos. — Justin resmungou depois que dispensou Cazzo e finalizou a reunião, recolhendo os papéis de cima da mesa, satisfeito por ter conseguido fechar um negócio importante.

— Ameaçar um cliente? Forma interessante de se negociar. — Ironizei ao conseguir desgrudar os olhos da garota, me sentando na poltrona encostada na parede, não muito distante de onde eu estava durante a reunião.

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