No calor da noite,
sinto quietude e frio
abatendo-se sobre mim.
Na torneira escorre um fio.
No relógio um ruído sem fim.
Lá fora o mundo corre.
Parada, deixo-o fugir
enquanto procuro dormir.
A noite morre
com uma réstia de luz
escapando sob a porta.
Agora a noite está morta
e eu aqui ainda desperta,
esperando a hora certa
para me erguer;
encher-me de ruído;
apagar o silêncio
durante a noite sofrido.
Mas o som é vazio
e não me responde.
Tenho frio
e corro não sei para onde.
Tenho frio
e sigo a minha jornada.
Tenho frio
e vou mascarada.
Um dia quero ser
quem deixo o mundo ver.
Hoje,
Aconchego-me no abraço terno
daquilo que, por enquanto, sou,
mas peço que amanhã
saias de mim, Inverno,
pois lá fora o Verão chegou.
12/09/2019