Nós passamos uma hora e meia fazendo alguns lanches com a comida que tinha ali. Eu e a Fernanda ensinamos o Pietro a fazer o melhor misto quente do mundo e o brigadeiro mais gostoso. A Bruna nem saiu do quarto, ela tomou os remédios antes da hora e eles a derrubaram.
--Olha, garotas... eu nunca achei que falaria isso perdido na Indonésia, mas... essa foi uma das melhores tardes da minha vida.-- Ele disse se sentando e cruzando os braços
--Bom, agora que ganhamos intimidade, podemos começar a colocar mascaras de limpeza de pele, né?-- Fernanda perguntou e eu ri
--Ok, deixei de gostar dessa tarde.-- Ele terminou e nós rimos. Escutamos um barulho, vindo do interior da mata. Parecia um tiro ou algo parecido
--Vocês ouviram o que eu ouvi?-- Eu perguntei saindo da cozinha e eles vieram atrás de mim
--Calma, Nina.-- Ele disse colocando a mão no meu ombro-- Não é nada, estamos perto de uma floresta, isso é normal.-- Ele disse tentando me acalmar. Em seguida, vimos passáros voando.
--Ok, agora podemos começar a nos preocupar.-- Fernanda disse e olhamos um para a cara do outro.
Depois de quase quinze minutos, decidimos que o Andrade desceria até a praia para encontrá-los
--Andrade, não esquece! Não morra!-- Disse Fernanda gritando para ele, que estava no pequeno barco de madeira.
Cinco minutos se passaram e começamos a escutar gritos
--Fernanda, Nina! Bruna, Pietro!-- Gritos altos e que estavam longes ainda, mas, de lá de cima nós conseguiamos ver as árvores se mexendo. Escutamos mais um tiro e um grito feminino. Em segundos Mia, Lucas, Jean e Henrique apareceram, saindo do meio de tanto verde. O Lucas estava com algo preto enorme nas mãos. De lá nós não víamos direito o que era, mas Pietro gritou ao ver o que era
—Valei-me, misericordia!-- Ele gritou enquanto eles continuaram correndo
--Ela mal consegue se mover!-- Mia gritou assim que havia chegado na beira da praia.
Mia ficou no barco com o grande bicho preto e um filhote igual junto com Andrade, que estava se tremendo tanto que era visivel de longe. Uns três minutos se passaram e Fernanda foi prender os barcos novamente ao iate, em quanto eu fui recebê-los.
--Me ajuda aqui Nina-- Mia me entregou um filhote na mão e eu fiquei paralisada
--Isso aqui.... é... é uma...-- Eu disse quase sem ar encarando o animal
--Corrigindo: um. Ele é macho.-- Ela disse sorrindo e entrando à bordo
Fernanda foi ajudar Jean e Henrique, que estavam vermelhos de tamanho peso. Lucas estava quase roxo e seu braço estava com muitos arranhões. Fernanda olhou para ele e assim que todos estavam dentro do iate ela correu para pegar o kit de primeiros socorros.
--Eu posso saber porque diabos você trouxe uma pantera pro nosso barco? Quer dizer, Duas panteras!-- Perguntou Andrade enquanto a Mia "examinava" o bicho.
--Ela foi envenenada e ele foi machucado.-- Ela disse apontando para o filhote no meu colo-- Nina, onde a Nanda foi?-- Ela perguntou olhando para mim
--Eu tô aqui.-- Fernanda disse erguendo a mala que era grande demais, na verdade. Ela entregou duas águas para o Henrique e o Jean. Entregou uma bombinha de asma para seu irmão se sentou ao lado do Lucas. Mia voltou a prestar atenção na pantera, que havia começado a chorar. Ela colocou as duas mãos na cabeça e ficou em silêncio. Olhei para Fernanda e ela estava olhando todo o braço de Lucas, que estava cerrando os dentes com uma cara de dor terrível
--Pra sua sorte, só tem um risco aqui que não é superficial.-- Ela disse e largou o braço rapidamente
--E oque isso quer dizer, ô doutora?-- Ele perguntou ironicamente
--Quer dizer que só tem um machucado que foi razoalvelmente grave.
--Já sei!-- Mia gritou do outro lado do cômodo. Eu me sentei na poltrona e ela olhou para mim sorrindo e disse-- Nina, me diga que você ainda toma carvão vegetal ativo toda refeição-- Ela disse e eu afirmei.-- Me trás ele, agora.-- Eu soltei o filhote no chão e fui em direção às escadas-- Fernanda, me diga que nessa maleta tem soro fisiológico.
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Eram quase duas da tarde quando aquela loucura toda acabou e a Fernanda e a Mia salvaram o dia. O animal maior estava quase acordando, Mia estava com uma felicidade estampada na cara. Ela colocou soro fisiológico no machucado do filhotinho, limpou com gaze e passou uma pomada que na verdade não era muito eficaz, mas era o máximo que tínhamos. Deu três pastilhas de carvão vegetal pra sua mãe e muita água. Fernanda cuidou dos ferimentos de Lucas e até fez uma gambiarra para fazer o curativo. Colamos a tampa da privada, guardamos tudo que havia no banheiro e colocamos os bichinhos no banheiro. Ficamos alguns minutos conversando na cozinha enquanto almoçavamos. O sentimento que tinhamos era inexplicável. Parecíamos que estávamos sendo vigiados. Parecia que nada daquilo era real.
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Talvez nós estejamos todos perdidos
RandomOnde oito amigos fazem uma viagem pra Bali e ficam presos em uma ilha com o passado e com seus medos.