Capítulo 02 - O Último Suspiro

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O peito dilacera, e os olhos ensopam a camisa de lágrimas, ela não conseguiu falar tudo que lhe rasgava as entranhas. Demorou pra dizer o quanto amava cada pedacinho dele, o cheiro delicado e agradável que exalava do seu perfume, a maneira desconfiada que evitavam se olhar, mas quando um estava distraído o outro se deleitava na contemplação que faziam discretamente. Ela sempre o amou mesmo que inconscientemente, a maneira que buscava em outros a sintonia que possuía com ele, a ira ferrenha que sentia quando alguma mulher se aproximava, vinha escondendo esse sentimento, insolando-o pra um cantinho especial, mas ela não aguenta mais esconder, se calar, precisa dele mais do que qualquer coisa que já quis. Não era timidez, e sim medo. Medo de se entregar a um sentimento depois ter sido tantas vezes quebrada, medo de estar novamente apaixonada e não ser correspondida a altura, porque menina de natureza intensa, não se contenta com pouco.
Quando se estar apaixonado há um pouco de sensibilidade em tudo, ela deu pistas, mas ele não tomou atitude. Pelo contrário, a deixou mais apavorada em relação ao seus sentimentos, mas agora ela não quer e nem pode mais esconder, ele precisa saber que ela o ama, que pensa nele ao dormir e ao acordar, apesar de ter feito um esforço grande pra não pensar, ela aprendeu que não se restringe sentimentos, não os ignora, se não eles te mata. Ela chorou quando ele partiu, foi aí que descobriu que não poderia mais viver sem ele, só a sua presença acalmava a inquietude da sua alma que estava para morrer de paixão. Ela precisava dizer havia muita coisa ainda a ser dita, mas não teve tempo. Não houve tempo para eles.

Ela estava pronta, e decidida.

Fazia calor, estavam em uma confraternização da cidade. Assim que se encontraram faíscas pulavam de seus olhos, e era impossível olhar para aquelas duas pessoas há uma distância desconfortável e não ver uma áurea cor de rosa sobre suas cabeças, sorriam e se olhavam, sorriam e se olhavam, e podiam fazer aquilo durante todo o dia.

Ele estendeu sua mão, ela pegou e foram dançar.

Tocava All My Loving dos Beatles, e por coincidência era a banda favorita dos dois. Tudo estava conspirando para eles se acertarem, apesar de terem concordado em serem apenas amigos, foi inevitável e ela se apaixonou. Não sabia com exatidão dos sentimentos dele, mas sabia que também a queria.

Ele estava muito feliz, finalmente estava com aquela que quis durante tanto tempo, seria talvez a última oportunidade de esclarecer os maus entendidos e se acertarem. A rodava, e seu vestido balançava de forma bonita e harmoniosa, os olhos, a boca daquela mulher o deixava completamente louco, possuía uma boca tão perfeitamente desenhada, lábios tão convidativos, queria tanto morde-los, em parte de desejo, depois por repreensão, por deixa-lo esperar tanto por ela. Estava pronto para namorar, casar, e permanecer toda a sua vida ao lado daquela que é a dona dos seus sonhos mais bonitos, dona do seu coração, dona dos seus pensamentos, e se tornaria dona do seu corpo por inteiro se assim ela quisesse.

A música embalava aquela química exacerbada que estava entre eles, ela não queria solta-lo, e ele nunca mais a deixaria ir. Era como se fosse duas pessoas em um único corpo, foram encostando seus lábios, e tudo se perdeu num beijo quente e apaixonado.

Ela estava tão feliz, não iria nunca mais a lugar algum sem ele.

Nem precisaram de muitas palavras, quando há amor, não é preciso dizer muita coisa.

Estavam saindo do show, era apresentação de um cover dos Beatles, abraçados sem precisarem dizer uma única palavra.

Na calçada, estava acontecendo uma briga eles não ouviram o disparo de tiros na rua.

A música começou a tocar novamente, mas desta vez estava mais lenta.

Quando ele se deu conta do que estava acontecendo, Sarah já estava desmaiada no chão, com uma bala perdida em seu corpo. A música tocava, e Yure só sabia olhar para o chão numa tentativa desesperada e enlouquecedora de reanimar Sarah. Gritava por socorro, mas tudo estava lento demais, inclusive a música que ecoava em seus ouvidos.

- Yure, meu amor. - Sarah sorriu, com o peito sangrando.

- Não fale nada, se poupe meu bem. Chegará socorro, tudo vai ficar bem. Só se poupe e não diga nada.

- Eu te amo tanto, tanto. Não há nada que eu mais ame, nada. -

Sarah deu seu último sorriso, e partiu pra um lugar desconhecido, o que a incentivou a ir naquela festa foi a esperança de encontra-lo e abrir seu coração para ele, e essa missão estava concluída com êxito ele sabia que ela o amava, e nada mais importava além disso.

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