Capítulo 07 - Desencanto

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As brigas tornaram-se constantes, e tudo estava beirando ao fim. "4 anos jogados no lixo" era assim que pensava todas as vezes que ele chegava embriagado em casa. Tudo começou com o nascimento do bebê, ele saia de casa pra não ouvir o filho chorar e eu já comecei a entender que não estava dando pra continuar.

- Maria? - sempre chega embriagado, tropeçando nos próprios pés.

Abro a porta pra ele, mas o mesmo não me vê. Entra cambaleando direto para o banheiro, provavelmente vai vomitar.

Já abandonei nosso quarto, o sofá acabou se tornando minha "cama temporária".

Fizemos uma vida juntos, toda a minha vida esteve voltada para os nossos projetos e sonhos a dois, viajamos muito vivíamos como dois recém casados em lua de mel. Mas chegou a hora de parar, agora eu tinha uma vida pra cuidar, que amo mais do que tudo, mais do que ele inclusive.

Os dias passavam e ele continuava se comportando como um solteirão irresponsável, além do cheiro desagradável de álcool tinha que ouvir calada agressões verbais que ele disparava contra me, sem motivo nenhum, só bastava o neném chorar uma única vez pra ele já era suficiente para me chingar. Eu sei que não foi uma gravidez desejada(por ele) mas pensava que quando o filho nascesse ele mudasse de atitude, mas não mudou.

- Faz esse moleque calar a boca! Ou eu mesmo vou calar! Que porra! Não consigo mais trabalhar em casa!

- Vou sair com ele. Tenha um ótimo dia de trabalho Pedro.

Essa foi a última vez que ele ouviu minha voz dentro de casa.

Porque eu nunca mais voltei, sabia que se continuasse em casa além das agressões verbais, viria as físicas e eu só queria cuidar do meu filho em paz.

Foi difícil no início, porque ele fez questão de não me dar um centavo. Com a esperança de que eu pudesse voltar para casa. Fui procurar trabalho e deixava o Pedrinho com uma irmã, fazer bicos, faxina nas casas que frequentava antes como hóspede. E essa mesma irmã me dava abrigo com o meu filho, comecei fazendo faxina, depois conseguir um emprego fixo caixa num supermercado onde o salário que ganhava conseguia pagar o aluguel e alimentar meu menino. Comecei a estudar as noites enquanto ele dormia fazia cursinhos à distância, e em menos de dois anos, uma empresa me contratou como secretária. Já tinha experiência, e fiz um curso técnico para aprimorar minhas habilidades, era apenas uma experiência de um mês, mas fui aprovada com êxito!

Ele correu atrás, continua correndo. Mas eu me desencantei do nosso casamento. Dei entrada com os papéis do divórcio mas ele não quer assinar, já pediu perdão. Eu perdoei, mas não vou voltar. Ele diz que me ama, também o amo. Não deixei de ama-lo quando sair de casa, quando ele vem mostrar que se arrependeu e me fazer mimos, eu gosto.

Mas o amor não é suficiente.

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