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Kensington, Campden Grove. 26 de Julho de 1975.
Roger.
Se passavam das onze e meia da manhã naquele sábado. A claridade invadia o cômodo em que me encontrava, fazendo com que um resmungo escapasse dos meus lábios em forma de algum xingo.
26 anos.
Eu estava cada vez mais próximo dos trinta e isso me assombrava. Aniversários nunca foram meu forte e eu, de fato, sentia que poderia morrer a cada segundo que se passava. Talvez fosse apenas o mesmo drama de sempre. A cada ano que se passa estamos mais próximo do fim e isso é inevitável, e verdadeiramente, realista. Não haviam controvérsias.
Apesar de me sentir um lixo, me sentei na cama, coçando meus olhos. Provavelmente minha aparência estava definitivamente péssima, porém de qualquer maneira, Freddie estaria aqui em alguns minutos, me acordando com beijos e carícias. Que ele era o mais carinhoso de todos nós era verdade. E eu não me importava, de maneira alguma. Acreditava que a única diferença entre nós é que ele não teve muito amor fraternal, já eu tive. E sim, não sei como lidar com isso e talvez meu jeito 'marrento' tenha sido criado junto com minha personalidade de um adulto de vinte e seis anos quase falido.
Cerca de alguns minutos após me levantar, abri a porta do quarto vestido por completo. Estávamos no verão e eu odiava aquele clima insuportável. Estar transpirando mais que o normal era irritante e a vontade de passar o dia com a cara dentro de uma geladeira era enorme. Afastei meus pensamentos quando desci as escadas finalmente. Haviam vozes familiares na cozinha e constatei que eram Brian e Freddie. Assim que adentrei o local, fui recebido com um sorriso mais que feliz vindo dos dois. Mercury tinha entre seus dedos um cigarro e vestia uma camisola azul, um tecido fino e aparentemente aconchegante. Não notei quando ele passou seus braços ao redor do meu corpo, apenas correspondi rapidamente da forma que podia.
- Rog, querido! Eu estou tão tão tão feliz de estar presente nesse dia especial!
Sua voz era doce e calma, e de alguma maneira um pouco do meu mau humor se foi quando notei a pessoa incrível que Freddie era. Eu era um filho da puta sortudo por tê-lo.
- Preparamos um café! Espero que não se importe de ser simples, você sabe como estão as coisas... E ah, Deaky pediu desculpas por não estar aqui hoje. Problemas de família.
Ao soltar a última palavra o homem fez uma careta, logo rindo em seguida. Apenas concordei com a cabeça, me sentando na bancada para poder me servir. Talvez fosse algum instinto estranho meu, mas eu definitivamente odiava falar assim que acordava. Era como se minha alma estivesse fora do corpo e eu precisasse de alguns minutos para voltar à normalidade.
