Your Love Saved Me • Beauany

Que ironia

- Por que disse a eles que precisa pensar até amanhã? - Josh pergunta quando chegamos ao estacionamento.

Desarmo o alarme do carro e me acomodo no banco do passageiro enquanto ele se senta no do motorista. Preciso escolher minhas palavras antes de externalizar meus pensamentos. Não quero que ele pense que estou forçando um compromisso entre nós ou algo do tipo.

- Porque achei que seria melhor conversar com você antes de tomar uma decisão. - coloco o cinto de segurança. - Não quero ser egoísta em relação aos seus sentimentos, entende?

- Espera aí, em relação aos meus sentimentos? - ele ri, parecendo não acreditar. - Quer dizer que ainda não aceitou a proposta daquele cosplay de Tyga por causa dos meus sentimentos? Nossa! Será que eu devo te agradecer por isso? - pergunta, com ironia.

- Que bicho te mordeu? - olho pra ele. - Por que está falando comigo desse jeito?

- Ok, tem razão. - ele suspira. - Eu nem devia estar falando. Não é problema meu.

- Você está agindo como um idiota.

- Você está agindo como uma idiota. Percebeu o que disse? - ele também me olha.

- Que queria conversar com você sobre o assunto.

- E que não queria ser egoísta em relação aos meus sentimentos. - ele dá ênfase no pronome possessivo. É aí que entendo o que o tinha deixado tão bravo. - Os seus não contam? Ou melhor, você tem algum sentimento por mim, Any?

- Pare com isso. Você sabe que sim. - apoio a cabeça no encosto do banco. - Eu só quis pensar antes de responder justamente para que essa situação não causasse um mal estar entre nós, exatamente como está acontecendo agora. - solto um longo suspiro.

- Então você quer aceitar. - ele afirma. - Porque se não quisesse, não haveria motivo algum para esse... mal estar, como você mesma disse.

- Josh, por favor, é tudo sobre trabalho. Não é como se eu tivesse que ir pra cama com o Antony ou coisa assim.

- Até onde eu sei, seu trabalho tem a ver com música e dança, não atuação.

- Você entendeu! - reviro os olhos.

- Quer saber, Any, tanto faz. - ele começa a ligar o carro. - Faça o que achar melhor. Eu nem sei porque estamos tendo essa conversa, já que não somos namorados.

- Não somos namorados, mas temos um tipo de relacionamento. Isso exige que tenhamos certa responsabilidade afetiva um com o outro, não acha?

- Responsabilidade afetiva? - ele balança a cabeça antes de dirigir para fora do estacionamento. - Legal. Então está usando isso para dizer que gosta de mim, que sabe que gosto de você também e que até se importa com o que temos, mas que não é o suficiente para que se recuse a ser a namorada fake de outro cara?

- Joshua, quer parar? - suspiro. - Olha, pra mim está claro que não vamos chegar a nenhum lugar discutindo esse assunto agora. Melhor conversarmos mais tarde, quando estivermos mais calmos. Tudo bem pra você?

- Pra mim tanto faz, Any. Você é quem sabe.

- Bem que você disse que eu conheceria seus defeitos com o tempo. E olha só que ironia, nem passou tanto tempo assim. - cruzo os braços sobre o peito e direciono meu olhar para a janela.

***

Após uma recepção calorosa, eu e meus bailarinos ficamos ensaiando por horas,  parando apenas no meio tarde. Devido a correria, acabamos pedindo o almoço por aplicativo e comendo no estúdio mesmo.

- Ei, Any, espera! - Hina grita ao fim do ensaio, quando estou prestes a ir embora pra casa. Ela corre até mim e Josh acompanhada por Krystian, Shivani e Joalin.

- O que foi? - olho para eles, confusa.

- Sabemos que está cansada por ter chegado de madrugada e ainda não ter tido tempo de parar, mas queremos te fazer um convite. - a japonesa sorri.

- Nós programamos uma festinha de boas vindas para você hoje a noite e, justamente por ser para você, sua presença é indispensável. - Shivani me encara.

- Pessoal, eu agradeço, mas como vocês sabem, eu estou mesmo beeem casada. Eu mal dormi essa noite. Será que podemos deixar isso para amanhã?

- É que nós encomendamos algumas comidas que vão estragar caso não sejam consumidas hoje. - Joalin diz quase como um pedido de desculpas.

- E nós convidamos até uma galera da XIX. - é a vez de Krystian. - Simon não vai poder ir, mas Yonta mesmo já confirmou presença.

- Ok, tudo bem então. Eu vou a essa bendita festa. - me dou por vencida. - Qual o local e horário?

- Vai ser na casa da Diarra, às 19:00 horas. - a indiana volta a falar.

- Certo. - anoto no bloco de notas do celular para não esquecer. - Vejo vocês mais tarde, então!

Sorrio para eles antes de finalmente estar livre para voltar pra casa. Josh não diz uma única palavra durante todo o percurso, o que me leva a seguir seu exemplo. Não estou a fim de iniciar uma nova discussão, então julgo que é o melhor a se fazer. Depois de deixar meu carro na garagem do prédio, ainda em silêncio, seguimos até o meu apartamento. Quando abro a porta e entro, diferentemente das outras vezes, o loiro permanece parado no corredor.

- Você não vai entrar?

- Não, eu vou voltar pra casa. Não quero te pressionar enquanto pensa na proposta que recebeu mais cedo, então...

- Para de besteira, Josh. - digo com a voz melodiosa. - Entra logo.

- Por quê? - ele me observa.

- Me sinto melhor quando você está por perto. - me aproximo dele e seguro suas mãos. - Além do mais, precisamos fazer as pazes. Não quero ficar brigada com você.

- Quer dizer que vai dizer não para o tal do Antony?

- Não sei... - levo as mãos dele até minha cintura. Em seguida, enlaço seu pescoço. - Mas você pode me convencer a isso. O que acha? - pergunto. Aproximo nossos lábios, mas não permito que eles se encontrem. Não ainda. Josh parece pensar por alguns segundos antes de responder.

- Tudo bem, acho que posso fazer isso. - ele me ergue do chão num impulso.