Alicia apertou suas pálpebras e então as abriu, a luz violenta da janela atacou sua vista com voracidade que ela se viu forçada a fechar os olhos por mais alguns segundos, expressando o desgosto em suas feições.
Kanny entrou no quarto para deixar uma pequena refeição na mesa próxima a cama com naturalidade. Não desejava perturbar sua amiga, ela estava se recuperando do ataque.
— Quanto tempo eu dormi? — perguntou, sonolenta. Quando percebeu, enfim, que estava deitada em uma cama extremamente confortável e tinha janela, imediatamente saltou da cama, perplexa e até alegre. — Voltamos pra casa? — disparou, olhando esperançosa para Kanny.
O rapaz servia com calma um líquido escuro dentro da xícara que deixou ao lado do sanduíche, provavelmente era café. Seu rosto era ainda suave, sem emoções a mostra, Alicia sentiu um soco no estômago ao ver toda a sua esperança sendo sugada pelo olhar vazio no rosto de seu amigo. Ela abaixou sua cabeça e se envolveu em um abraço solitário.
— Você foi atingida por um dos cavaleiros que nos perseguiam no outro dia, ele tentou me matar porque, aparentemente, minha bomba matou um deles. — finalizou, tão indiferente que era quase assustador.
Alicia não via qualquer reação em seu rosto, em seus olhos, em sua voz, apesar da situação em que estavam. Agora fazia sentido, ele havia matado alguém. Pobre Kanny, ele era tão doce, saber que tirou a vida de uma pessoa, mesmo que em autodefesa, deve estar revirando seu estômago ainda. Ela sentiu que deveria ir até ele e abraça-lo, confortar seu amigo, mas ao mesmo tempo sentiu que não seria bem vinda.
— Foi quando eu apareci, e salvei vocês. — falou a mulher que acabara de entrar no quarto.
Ela andava com firmeza, seus olhos negros pareciam devorar tudo que focavam, era intimidador. Parou ao lado de Kanny, ela sabia como o garoto se sentia e lhe tocou o ombro em um gesto solidário. O rapaz abaixou mais a cabeça e deixou o quarto.
— Eu me chamo Niara. Muito prazer, Alicia. — falou ao se sentar na cama.
Só agora ela reparou no lugar, olhando para as paredes. Era um quarto de madeira simples, do mesmo jeito que era o chão. A janela estava na parede ao lado da cama, que estava bem no centro do quarto com duas mesinhas ao lado, era tudo bem simples e rústico. Pela janela podia ver as árvores se amontoando próximas a casa, uma cabana na floresta tinha lá seu charme.
— Onde eu estou? — perguntou, ignorando a saudação de Niara, ela pareceu não se importar.
— Em uma cabana na floresta. Você e seus amigos não são os únicos perdidos por aqui.
Alicia pareceu estar prestando mais atenção agora, tirando os olhos da janela para encontrar os famintos olhos de Niara. Alicia não confiava nela.
— Antes que pergunte, não. Eu não sei por que estamos aqui, mas sei que estamos sendo caçados.
Alicia sentiu seu corpo arder, poderia ser raiva, medo, ou ambos, fosse o que fosse estava fugindo do seu controle.
— Caçados por quem? Aqueles homens de armadura? Por que eles iriam querer um bando de adolescente? — Alicia parecia estar indignada, já de pé e dando voltas pelo quarto.
— Nós não sabemos. Quando cheguei aqui, tive sorte. Eu sabia como usar minha mágica o suficiente para me defender de ataques diretos e despistar eles enquanto fugia, o resto eu aprendi com a prática. — explicou naturalmente, ignorando o surto da garota.
Alicia estava confusa, aterrorizada, eles iriam persegui-los até que estivessem mortos, ou pior. Colocou as mãos na cabeça fazendo pressão para expulsar seus medos.
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The Secret Of Magic
FantasyKanny Gaerius carrega o sobrenome de uma família de magos poderosos. Um jovem de apenas 15 anos encontrará no misterioso jardim oculto algo que irá para sempre mudar sua visão do mundo da magia. Desde que a magia chegou ao mundo - já há mil anos - n...