Após dois dias no hospital eu fui liberado. Meu ombro ainda doía um pouco, mas nada que incomodasse muito. Na verdade eu estava ansioso pra receber alta, pois já tinha que ir atrás da minha primeira missão. Lúcia falou que uma carta tinha chegado lá em casa. A mesma dizia que Néftis esperava minha melhora, e assim que eu recebesse alta eu deveria me dirigir até a fortaleza da deusa a fim de receber minha primeira missão.
-Você está pronto?- Pergunta minha mãe ao entrar no meu quarto.
Ela estava diferente hoje, seus olhos escuros transmitiam preocupação. Danúbia que estava no seu colo parecia inquieta.
-O que foi mãe?- pergunto.
-Nada.- responde soltando a gata.- Só preocupação de mãe.- com um sorriso simples.
Retribui o sorriso e falo.
-Não é nada de mais.- explico.- Mas se você se sentir melhor eu pego uma missão mais simples dessa vez.
Seu semblante fica levemente mais tranquilo. Danúbia ronrona sobre meus pés, esse ato consola ainda mais a minha mãe.
Para vocês que não sacaram, a minha mãe é uma serva de Bastet, a deusa gato, por isso ela trata tão bem a Danúbia. O ato de ronronar sobre um humano é a forma dos gatos abençoar a pessoa.
-Bem, acho melhor você ir logo.- Fala minha mãe secando as pré lágrimas de seus olhos.
Concordo e pego minha mochila. Ela me acompanha até a porta e me dá a sua bênção. Após esse ato eu sigo até o palácio. O caminho não era tão longo, cerca de quarenta minutos de caminhada. Resolvo pegar o caminho beirando o alto nilo. Era o caminho óbvio a se escolher, parte pela economia de tempo, parte pela bela vista.
Chego na orla e a bela vista me tira o fôlego. O sol das dez cintilava sobre as enormes pirâmides gêmeas Duat. O topo dourado das mesmas reluzia o brilho amarelados do sol. O rio serpenteava sinuoso e calmo, sua belas águas azuis esverdeadas refletia a luz do astro rei. Barcaças com suas muitas velas coloridas deslizavam suavemente pelas águas. Ás pequenas canoas coloridas e vibrantes cruzavam constantemente o rio. As mesma traziam em suas viagens passageiros, animais e até produtos comerciais. Atrás de mim o amplo mercado a céu aberto se enchia de sons e cores das mais variadas. Comerciantes vendiam desde amuletos até animais. A vida às margens do alto nilo era muito boa. Sigo até o cais. Ir de barco me economizaria dez minutos. Procuro e encontro um pequeno canoeiro. Seu singelo barco de junco tinha na velha vela os desenhos dos deuses Sobek e Heqet, as duas principais divindades da água.
-Quanto custa a viagem garoto?- pergunto.
-duas dracmas senhor.- Respondeu.
Subo no barco e falo.
-Chegue no distrito Néftis em oito minutos que eu te dou cinco.- sorrindo.
O moleque sorri e rapidamente manobra a sua canoa para fora do cais. Ele conduz suavemente a canoa até a correnteza. A longa vara de madeira servia de motor, já que o vento oposto tornava o uso da vela inútil. O garoto manuseava bem a embarcação. Constantemente desviava dos outros barcos e dos animais como crocodilos e hipopótamos.
-Como você se chama moleque?- Pergunto.
-Ghedi, senhor.- Responde de forma singela.
-Quantos anos você tem?
-Irei completar quatorze anos daqui um mês.
Era muito jovem pra estar em um trabalho tão pesado. Ghedi era bem parecido com o Tyler, tinha a mesma pele morena é os mesmos cachinhos negros. Embora a pele do garoto estivesse descascando, provavelmente por causa do trabalho que exigia que ele ficasse no sol o dia todo. Os cachos de Ghedi estavam bagunçado e despenteados, como se nunca tivessem visto um pente ou escova. Suas roupas mais pareciam trapos. Não usava camisa, apenas um short esfarrapado cobria grande parte de suas pernas. Mas seus olhos me chamavam a atenção. Cada um de uma cor. O direito era castanho claro, o esquerdo era verde escuro.
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Allan e a Pirâmide Oculta
FantasyOlá! meu nome é Allan, deixa ver por onde eu começo... tenho 19 anos, moro na cidadela voadora de Nut, e venero a Deusa Neftis. Tudo corria bem comigo, e com a minha família, mas depois de encontrar um bilhete suspeito em uma das minhas missões tudo...