A beleza é ephemera. Não se chamam os velhos de lindos. Ainda assim, minha avó era linda. Disso eu tenho certeza.
Maria, como a santa, é mãe, mas também avó. Digo é porque, pra mim, o deixar de ser não existe no amor verdadeiro que eu sinto por ela.
Tenho poucas memórias da minha avó, mas uma delas é de que ela era linda.
Todas as manhãs Maria rezava aos santinhos de pedra e argila, talvez fosse isso que conferisse a vovó aquele rosado e acolhedor sorriso, as cinco horas da madrugada.
Também as cinco horas da madrugada ela me oferecia seu braços, seu colo, seu amor. Todos os dias o mesmo abraço apertado, e ainda assim não foram suficientes.
Eu sinto, no auge do egoísmo, sua falta, mas o que mais faz falta é tudo que poderíamos ter feito. As conversas, os carinhos, os amores.
Ficaram poucas lembranças, mas muito amor. Uma saudade que veio atrasada, já que quando você foi eu nem sabia pra onde você iria...
Te amo, vovó Maria.
Vou merecer ir aí pra cima ficar com você.