Já escrevi sobre luto mais do que é justo pra alguém da minha idade. Conheço o choro, conheço o grito. Conheço o delírio e a loucura da despedida. Minhas lágrimas já se misturaram as de tantas outras pessoas em abraços apertados, os de quem não quer deixar ir. Partir, o de um corpo e de varios pedaços do meu coração. Dois eu deixei de baixo da terra. Dois eu entreguei como cinzas ao mar. Choro num trem quase vazio que me leva pra casa, mas não pra o lar. Esse era o viver ao seu lado, que por crueldade do destino, já não tenho mais. Meus olhos escorrem o que parece ser uma dor sem começo nem fim, meu peito dói. Não é assim todos os dias. Às vezes a saudade vem como palavras pra você, as recito pra sua fotografia. Às vezes sorrio. Mas as vezes, só as vezes, eu choro. Choro tanto que perco a força que te prometi que ia ter. Soluço. Meus lábios tremem. Nenhum deles diz nada. O trem quase vazio e eu continuo chorando. Nenhum deles me pergunta o porquê. Não são tão gentis quanto você era. Não tem luz como a que você irradiava. Eu soluço alto e penso no seu abraço. "Eu também te amo". Suas últimas palavras. Minhas também.