02 • EU VOLTAREI

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꧁𝑨𝒛𝒂𝒓 𝒏𝒂 𝑺𝒐𝒓𝒕𝒆꧂

   Eu pude sentir as batidas do meu coração naquele momento. Tudo ficou tão lento de repente.

   Aquele cara mantinha a mesma expressão em seu rosto. Era como se ele tivesse deixado de respirar.

   O que pôde ser ouvido foi apenas o agudo do talher escapando por entre meus dedos e se chocando contra o piso, ecoando o som agudo que distorceu minha noção de espaço.

   Minha cabeça paerou por milésimos de segundos, tão rápido quanto o silêncio que voltou a tomar conta daquele cômodo assim que o objeto parou de pingar sobre o chão.

   Por fim, voltei a encará-lo, recebendo um sobressalto em reflexo do mesmo.

   — Esse tipo de brincadeira não tem graça nenhuma. — Falei, com o tom mais suave e calmo que me permiti.

   Se isso for umas das palhaçadas daquele pirralho... eu juro que eu o mato.

   — Eu te prometo que ele não fez nada. — Ele sobrepôs, no mesmo instante em que me imaginei empurrando Jimin de um prédio por causa de mais uma dessas suas gracinhas.

   — Porra. — Arfei, e um riso escapou sem que eu pudesse sequer senti-lo chegar. — Eu devo estar muito louco. O maluco lê minha mente.

   — E-eu entendo que esteja duvidando, é difícil acreditar... Mas eu estou tão confuso quanto você, Namjoon.

   Ele disse, quase sussurrando, parecia ser bastante cauteloso com o quê iria me dizer daqui pra frente.

   — Pare de ficar repetindo o meu nome, eu nem te conheço.

   Após dizer, me levantei daquela cadeira, causando novamente um sobressalto no rapaz.

   — Vaza da minha casa agora. — Apontei para a porta.

   — V-você tá falando sério?

   Eu tenho cara de quem tá zoando, porra?!

   — Não, senhor. — Ele respondeu, engolindo em seco e fazendo menção à se levantar, sem de fato o fazê-lo.

   Esse demente invade minha casa, para me falar um monte de asneira e ainda contudo, sim, eu acho — tenho certeza — que o único desequilibrado aqui sou eu.

   — Eu não tenho para onde ir... — Ele novamente usou seu tom cauteloso.

   — O que eu tenho a ver com isso? Anda logo, vaza daqui antes que eu realmente chame a polícia.

   Ele me olhou com expectativa. Aposto que espera que eu pense em algo para que ele possa abrir a boca novamente.

   Mas hoje não.

   — Moleque, você é surdo?

   — Eu já estou indo.

   Ele finalmente levantou do chão, numa velocidade sobre-humana, e se livrou do cobertor, o jogando de volta sobre meu colchão.

   Desviei meu olhar, e quando ele passou daquele jeito por mim, deixando meu quarto e seguindo para a cozinha, completamente nu, meu corpo se moveu sozinho para ir atrás dele.

   Não pode ser... ele...

   — ESPERA! — Acho que minha voz saiu mais alta do que devia. Ele se assustou, para variar.

AZAR NA SORTE | namjinOnde histórias criam vida. Descubra agora