Jenny -Capítulo 34

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Acordei em um quarto com uma nova roupa que me parecia um tanto  medieval, um vestido longo e solto azulado. Vi que meus ferimentos tinham sido cuidados e eu não estava sentindo dor. Olhei para o canto da porta, uma garotinha com a pele rosada e cabelos castanhos lisos presos em duas tranças me observava atentamente.

-Onde estou? -perguntei, mas ela saiu correndo antes que pudesse impedi-la. Levantei da cama, ainda um pouco tonta e sai do quarto.

A Casa parecia uma cabana de madeira e o chão rangia com meus passos descalços. Andei até o primeiro cômodo e vi uma mulher de cabelos longos pretos de roupas medievais com a garotinha abraçada em sua cintura. Dylan está sentado na mesa comendo, também com uma roupa antiga. Percebi que estava na cozinha e logo a senhora perguntou:

-Querida! Deve estar com fome... sente-se. E não se preocupe, seu amigo nos contou tudo. Meu nome é Nicole e está é minha filha, Emily. Também somos titânias.

-Onde estou? -perguntei olhando Dylan comer.

-Em um refúgio onde o povo Titâniano se esconde. - ela respondeu com um belo sorriso.

- Se esconde...de quê? - Olhei para Dylan para confirmar o que tinha ouvido, mas ele parecia concentrado demais comendo a sopa. Notei que havia uma cicatriz no rosto dele, bem no canto esquerdo do queixo.

- quer sopa? -perguntou a mulher. Ela deve ter ouvido a minha barriga roncar.

-coma, Jenny! está ótima! - ouvi Dylan dizer enquanto me sentava na mesa no lugar onde havia uma tigela de sopa parecida com a dele. Ele estava sorrindo como sempre, e eu devo estar com uma cara péssima. Bom, realmente a sopa estava boa.

-Emily, mostre a vila para eles. - a garotinha devia ter oito anos, tinha olhos cor de mel e era muito fofa! - Sei que devem ter muitas perguntas, mas mais tarde vocês vão ter tempo para isso. Não voltem tarde!

Agradeci a sopa e fomos em direcão a porta.

Andamos os três lado a lado e calados, a grama as vezes fazia cocegas no meu pé. Era maior que eu pensava, as casas eram iguais, todas de madeira.

-quantos anos você tem, Emily? -perguntou Dylan.

-nove... Então vocês vieram mesmo da época survival? - ela perguntou bastante admirada.

-sim. Mas precisamos voltar. nossos amigos ficaram lá, e tem a escola...você sabe como os outros fizeram para voltar? - eu perguntei, cheia de esperança, esperando a solução para nossos problemas. Em vez disso, ela franziu a testa e disse:

-outros? não existem outros. vocês são as primeiras pessoas que passaram da muralha, o que é bastante curioso depois de tudo que aconteceu... - ela falou de um jeito sombrio que me asustou. Ela sabia de algo, mas não ia contar. Até agora ninguém contou. Parecia muito inteligente, não seria fácil fazer a garota falar.

Enquanto andávamos, eu pensava em Hero, Beck e Hestia. Onde será que estavam? Será que estavam bem, ou pelo menos vivos? Eu queria saber quem foi o energumeno que inventou essa época survival... Tentava prestar atenção em nosso pequeno tour, mas meus amigos não saiam de minha cabeça. Espero que estejam bem...

Depois de mostrar a vila para a gente, eu e Dylan sentamos para ver o pôr do sol, enquanto Emily brincava com suas amigas.

- O que acha que eles escondem da gente? - resolvi quebrar o gelo.

- Não faço a mínima idéia. é muito curioso, e um pouco sinistro...

-Espero que eles estejam bem... -Suspirei, cançada.

- Principalmente Hero, né? - Dylan falou com uma voz sarcastica muito clara, e dava para perceber que ele estava um pouco chateado.

- Como assim?

- Você nem liga mais para os amigos. Conhece aquele cara há alguns dias e já está toda apaixonadinha por ele, que nem percebe o jeito que ele trata as pessoas. Fome ou sono não é desculpa. Eu estou assim o tempo inteiro e não sou grosso com todo mundo! - Ele começou a gritar, ainda bem que não tinha ninguém por perto. Estava muito irritado.

- Dylan, você está com ciúmes? - perguntei sem conseguir conter a risada. Ele ficou vermelho e começou a gaguejar qualquer desculpa. Cheguei mais perto e dei um beijo em sua bochecha, o que o fez ficar ainda mais vermelho.

- Meus amigos sempre serão mais importantes, ok? E eu gosto dele, não precisa se preocupar. Eu sei me cuidar, bobo. - e lhe dei língua. Ele sorriu. Já estava na cor normal.

- Vamos voltar. precisamos de respostas e Nicole disse que responderia nossas perguntas depois que a gente voltase. - ele levantou, estendeu a mão para mim e eu aceitei.

-Tem razão. - eu disse, animada -Vamos descobrir como voltar para nossos amigos!

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