more than u know [be yours spin-off]

𝖘𝖊𝖛𝖊𝖓

Assim que entrei no Gavin's Food — um restaurante que eu, meus amigos e praticamente toda escola frequentava bastante, sendo como uma segunda casa —, avistei Mike sentado em uma mesa ao fundo.

Eu e Mike tínhamos um rolo meio inacabado. Ele havia se formado ano passado e o conheci em uma festa de faculdade, onde sua fraternidade era a organizadora. Brigamos muito, geralmente pelo mesmo ser absurdamente ciumento. Para falar a verdade, eu nem sabia se realmente queria continuar com isto, mas ele era bastante insistente e eu, apesar das circunstâncias, ainda nutria um carinho enorme por este menino.

— Olá. — O cumprimentei, sorrindo e me sentando. Seu cabelo loiro estava começando a crescer, visando que antes de viajar ele havia o raspado.

Mike permaneceu de cara fechada.

— O que foi?

— Que história é essa de você estar com o Alec?

Seu tom era frio e sério. Seus olhos verdes estavam escuros.

— Do que está falando?

— Não se faça de burra, Faith. Eu vi o storie dele no Instagram.

Soltei uma risada incrédula.

— E tirou suas conclusões a partir daquilo? Pelo amor de Deus, Mike. O diretor da minha escola apenas o obrigou a me ajudar com as atividades extracurriculares. Alec é viciado em postar tudo no Instagram. Não foi nada demais.

Ele socou a mesa, causando um estrondo. Me encolhi — restava saber se era de vergonha por este ato ter atraído olhares ou de medo.

— Não foi nada demais? Eu não quero outros postando fotos da minha mulher! Principalmente aquele cuzão do Alec! Você o odeia, porra. Ou deveria odiar.

— Não sou sua mulher, começando por aí. E não sei se você leu o que ele escreveu, mas claramente não estávamos em um momento lindo de diversão. Mesmo que namorássemos, você não teria o mínimo direito de dar esse chilique completamente desnecessário! — Respirei fundo, tentando me acalmar. — E, sim, eu e Alec não somos necessariamente melhores amigos, mas ele é praticamente parte da minha família e convivo com ele há anos! Lide com isso, droga!

Seus punhos se fecharam novamente. Mike sempre foi bastante esquentado, mas ele não me bateria, certo?

— Vamos sair daqui. — Disse, levantando-se.

— Você pode ir. Quando se acalmar e colocar sua cabeça no lugar, podemos conversar outro dia.

— Vamos. Sair. Daqui. — Repetiu, pausadamente. — Se não levantar, farei o maior escândalo do mundo dentro deste restaurante.

O olhei incrédula, sem acreditar que ele estava realmente fazendo isso. Porém, o segui para fora do estabelecimento, ainda atordoada.

Quando paramos na rua vazia ao lado, ele pegou em meu braço, apertando-o.

— Mike, você nunca encostou um dedo em mim Por que está se tornando... Isso? Esse doido? Me solta, porra!

— Você me faz ficar nervoso! É tudo culpa sua, garota!

— Não, a culpa é inteiramente sua por ser um completamento imbecil. E, se não larga-la em dois segundos, eu e o time de futebol inteiro quebramos a sua cara. — Escutamos outra voz masculina, nos virando e vendo Alec. Ele estava com seu uniforme do time e apontou para a janela do Gavin's, enquanto todos os jogadores acenavam, ironicamente. Eu não os tinha visto lá quando entrei.

Mike bufou de raiva, intercalando seu olhar entre nós dois. Por fim, meu braço estava livre. Antes que ele retrucasse qualquer coisa, Alec lhe deu um soco na cara, assustando-me. Foi tão forte que o garoto permaneceu no chão por alguns segundos, dando tempo de Mendes lhe chutar na barriga.

— Como você largou a tempo, apenas eu vou quebrar sua cara, filho da puta! — Exclamou, pronto para bater mais, porém o impedi.

— Me lava para casa, por favor. — Pedi, colocando as mãos em seu peito.

— Esse verme colocou as mãos em você, Faith! E iria fazer pior se não tivéssemos aparecido! Tem noção disso? Ele merece muito mais!

— Daqui a pouco alguém vai chamar a polícia e eu não quero problemas para o seu lado. Mike já teve o que merece. Vamos embora, por favor.

Percebendo minha voz chorosa, Alec respirou fundo diversas vezes. Pegou em minha mão, levando-me até seu carro.

Ficamos em silêncio boa parte do trajeto, até eu acabar com o silêncio, dizendo:

— Obrigada. De verdade.

— Não há de que, gata. — Sorriu de lado. Soltei uma risada pelo nariz após o apelido, e não o mandei a merda pela primeira vez. — Só me prometa que terá mais cuidado, tudo bem?

Assenti.

— Você está bem?

— Chocada, mas bem. Eu realmente não quero imaginar o que ele poderia ter feito se você não tivesse aparecido.

— Então não imagine. Eu apareci e é isso que importa.

— Homens são uma merda. — Murmurei.

— Concordo em gênero, número e grau.

Eu ri.

— Concorda porque você é o pior tipo deles, Alec.

— Sempre pensando o melhor de mim, não é? — Ironizou. — Chegamos.

Assim que ele parou o carro, tirei o cinto.

— Tchau, idiota. E obrigada novamente.

— Sempre estou disposto a aceitar favores sexuais como recompensa, você sabe. — Piscou. Balancei a cabeça em negação, rumando até a porta da minha casa. — Ah, Faith... — Virei. — Se Mike voltar, me deixe saber.

Assenti, sorrindo levemente e entrando.