𝖊𝖑𝖊𝖛𝖊𝖓

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— Cadê a mamãe? — Perguntei, sentando ao lado do meu pai no sofá.

— Foi buscar seu avô no aeroporto.

Arregalei os olhos.

— Qual dos dois? E por que ninguém avisou que ele vinha para Miami?

— Abel. E, sim, eu avisei.

Meu avô por parte de mãe era simplesmente incrível. Não que o outro, Monte, também não fosse, mas tínhamos maior proximidade com o Abel. O mesmo era hilário, sempre dando os melhores conselhos e nos apoiando em absolutamente tudo. Conversávamos todos os dias por mensagens, e eu realmente queria que ele desse o braço a torcer e viesse morar em Miami de uma vez.

— Não avisou, não. Você acha que eu esqueceria de algo assim?

— Avisei, sim.

— NÃO AVISOU!

— É, realmente, eu posso não ter avisado. — Murmurou, pensativo. Rolei os olhos. — Não role os olhos para mim, mocinha.

— Ele vai ficar quanto tempo?

— Não sei, acho que até segunda-feira. — Assenti, vendo-o não desgrudar os olhos da TV. Estava passando a partida dos Patriots e Falcons no Super Bowl de 2017, onde os Patriots tiveram uma virada histórica. Nate Maloley era fascinado por futebol, e a primeira vez que vi meu pai chorar foi este ano, quando Tom Brady anunciou sua saída do time. — Você viu esse lançamento? Puta que pariu! A segunda pessoa que eu tenho mais tesão nesse mundo é o marido da Gisele Bündchen. Porque a primeira é sua mãe, claro.

Fiz uma careta para esse comentário, sentindo minha barriga roncar.

— Estou morrendo de fome, acho que vou fazer um macarrão.

— Sua mãe quer que a gente jante fora hoje.

— E o que eu faço com a minha fome até ela voltar?

— Enfia no... Quer dizer, faça um sanduíche, meu amor.

— Vou contar para mamãe que você me mandou enfiar algo no rabo.

— Eu quase mandei, mentirosa. E não diga nada a ela!

— E você acha que ela vai acreditar em quem? Qual de nós dois, literalmente, saiu dela?

Nate cerrou os olhos.

— Não se fazem mais filhos como antigamente.

Ri, levantando e indo para cozinha. Eu gostava muito de cozinhar, até mesmo as coisas mais simples. Acho que comecei a me interessar tanto por culinária pelo fato dos meus pais não serem bons, então, caso eu quisesse comer algo realmente gostoso, teria que aprender a fazer. Independência também sempre foi algo que apreciei, sonhando com o dia que teria minha própria casa, meu próprio emprego e meu próprio dinheiro. O único detalhe que faltava era a maturidade, mas isso poderia ser resolvido com o tempo, certo?

Quando terminei, levei os dois pratos à sala. O jogo já havia terminado, então Nathan prestou atenção unicamente na comida.

— Eu quero um também! — Disse Aaron, esparramando-se no outro sofá e olhando diretamente para o meu sanduíche, por enquanto intocado.

— Você sabe onde fica a cozinha. — Respondi. Ele fez biquinho.

— Ela está má hoje. — Disse papai. — Acho que é TPM.

— Sabe que é machista ligar qualquer temperamento ruim de mulheres a menstruação, certo? — Perguntei.

— Sim. Foda-se o patriarcado. Agora, pelo amor de Deus, faça um sanduíche para mim. — Meu irmão suplicou. Bufei, sabendo que ele não pararia de me encher o saco até ter o que queria. Lhe dei o meu, indo fazer outro. Maldito pé no saco. — Sabe que você é perfeita, não sabe?

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