Apenas um dia normal

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Cuidado!

Thomas se virou o mais rápido que conseguia. Ele sabia que devia desviar, mas tudo o que fez foi fechar os olhos, um borrão colorido sendo a última coisa que conseguiu ver.

Só deu para ouvir um baque alto, uma dor repentina, e ele se viu de costas na areia.

– Caramba! – Tobias correu até ele. – Thomas! Você está bem?

Thomas se remexeu, seus amigos o ajudaram a se levantar e ele deu uma inspecionada no estrago. Seu nariz doía, mas parecia estar bem.

Eu sabia que isso ia acontecer..., Thomas nem tinha certeza se tinha direcionado aquilo para si mesmo ou para aquela vozinha em sua mente que o incentivou a participar do jogo.

Ele nem sequer gostava de vôlei! E ele sabia que tinha mais chances de acabar dando um ponto extra para o adversário do que de ajudar seu próprio time.

Sem contar que se concentrar não estava sendo muito fácil ultimamente...

Thomas jurava que tinha tentado manter os olhos focados na bola colorida sendo rebatida pra lá e pra cá! Ele tinha tentado com todas as suas forças ignorar aquele sentimento irritante e persistente na sua nuca. Mas depois de um tempo ele não pôde mais ignorar aquele sentimento estranho de que alguém – ainda – estava o observando.

Uma vez de pé, Thomas desviou os olhos para o bosque da escola como tinha feito antes de receber uma bolada na cara, prendendo os olhos nas samambaias que tinham crescido com as últimas chuvas.

Ele não tinha certeza se tinha visto alguma coisa ou se só tinha imaginado, mas algo tinha se movido entre as plantas. Não era um animal – os cães de guarda sempre ficavam trancados no horário de aula – e também não parecia ser alguém da própria escola – não estava usando o uniforme e nem era grande o bastante para ser um dos jardineiros.

– Thomas no chão! Que surpresa! – O time adversário se aproximou da rede e Thomas já sabia que o líder do grupo era quem tinha o acertado com tanta força. – O mais surpreendente é que vocês ainda chamam ele pra jogar com a gente!

– O que quer dizer com isso? – Samanta, a única garota no grupo, sibilou, sempre pronta para defender o amigo.

– Ele não sabe jogar nada! Nem futebol! – O garoto deu de ombros, sem ligar para o fato de que Tobias, que era uma cabeça maior que ele, o encarava com uma expressão carrancuda. – Lembra que foi por causa dele que a gente perdeu aquele jogo ano passado, não é?

Thomas fez uma careta, desconfortável com a lembrança.

– Pelo menos algumas das lambanças dele resultam em ponto pra gente... – Outro rapaz comentou e o grupo riu.

– Não foi só culpa dele! – Tobias exclamou e o ruivo revirou os olhos. – E ele não tem culpa se não consegue jogar esportes direito!

Muito encorajador, obrigado, Tobias., Thomas não ousou dizer, sabendo que o loiro só queria defender sua honra. Ele pousou a mão no ombro desse, o puxando antes que falasse – ou fizesse – algo que não devia. Tobias sempre tinha sido do tipo que falava as coisas sem pensar.

– Nah, deixa... – Alguma coisa quente começou a descer por seu lábio superior. Ele tocou com cuidado, vendo o vermelho na ponta dos dedos. – Ah, legal...

Samanta acompanhou Thomas até a enfermaria da escola, reclamando alto do grupo adversário e murmurando coisas para o amigo. Thomas sabia que ela estava tentando o animar, o que era legal, mas no momento tudo o que ele queria era que ela ficasse quieta; ainda assim ele foi o único que continuou quieto.

A Saga do Destino livro 1 - A Chave ElementalOnde histórias criam vida. Descubra agora